São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2000


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FUTEBOL
Autoridades britânicas desconfiam da autenticidade de documento português apresentado pelo ex-meia do Corinthians e o obrigam a voltar ao Brasil
Reino Unido suspeita de passaporte e barra Edu

MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL

O meia Eduardo César Daud Gaspar, o Edu, 22, vendido pelo Corinthians ao Arsenal, da Inglaterra, por US$ 9 milhões, foi impedido de entrar no Reino Unido, sob suspeita de que o passaporte português que havia conseguido para poder trabalhar na União Européia não era autêntico.
Três horas depois de desembarcar no aeroporto de Heathrow, em Londres, no início da madrugada de ontem, o jogador foi obrigado a pegar o primeiro vôo disponível para retornar ao Brasil.
Dirigentes do Arsenal, que aguardavam o jogador no aeroporto, tentaram evitar que Edu fosse obrigado a regressar ao Brasil, mas não conseguiram convencer as autoridades britânicas.
Nenhuma medida penal foi tomada em relação ao atleta.
Edu havia partido para a Inglaterra às 22h30 da última segunda-feira, juntamente com o lateral-esquerdo Silvinho, vendido em junho do ano passado pelo Corinthians ao Arsenal por US$ 6 milhões. Também com passaporte português, Silvinho não teve problema para entrar no país.
Ao chegar ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, pela manhã, Edu ainda teve uma de suas malas extraviadas, retornando à sua casa, no mesmo município, apenas no início da tarde.
O empresário do jogador, Juan Figer, que intermediou a sua venda ao Arsenal, disse que os ingleses exigiram um documento que comprovasse a autenticidade do passaporte português de Edu.
Como não possuía o atestado, ele não pôde entrar no país.
O documento, segundo o empresário, deve ser fornecido pelo Consulado Geral de Portugal no Brasil até amanhã, para que Edu possa se apresentar ao Arsenal já na próxima semana. Mesmo assim, ele enviou seu filho Marcel Figer a Portugal para acelerar ainda mais o processo.
O empresário descartou a possibilidade de o negócio ser desfeito, a exemplo do que ocorreu com a venda de Edmílson, do São Paulo, ao mesmo clube da Inglaterra (leia texto nesta página).
""O Edu é descendente legítimo de portugueses. Seu avô, Manoel Gaspar, tem passaporte português. Somos uma família de caráter e dignidade. Jamais faríamos alguma coisa errada", afirmou o pai do jogador, Edmundo Gaspar.
""Além disso, minha mãe é italiana. Podíamos requerer também o passaporte da Itália, mas o Juan Figer disse que poderia demorar muito, por isso optamos pelo português", completou.
Abatido com o episódio, Edu não quis dar declarações ontem. Disse, por meio de seu irmão Jean Fabian Daud Gaspar, que vai apenas se pronunciar quando estiver com a documentação do Consulado Geral de Portugal em mãos para provar sua inocência.
Segundo ele, representantes do consulado português no Brasil disseram a Edu que a exigência feita pelos ingleses é normal e prometeram se empenhar para solucionar o problema.
""Ele poderia perfeitamente ter entrado na Inglaterra com o passaporte brasileiro, como havia feito há duas semanas para realizar exames médicos no Arsenal. Como a fila de estrangeiros estava grande, o Edu acompanhou o Silvinho na outra e mostrou o passaporte português. Daí houve a complicação no setor de imigração", afirmou o irmão do jogador.
Para obter o visto de trabalho na Inglaterra, os atletas sem cidadania européia precisam ter disputado 75% dos jogos pela seleção de seus países nos últimos 24 meses. Como Edu nunca foi convocado, a única possibilidade de atuar lá é com um passaporte emitido por um dos 15 países da União Européia.
Ainda em Londres, antes de embarcar de volta para o Brasil, o jogador disse que estava surpreso com o incidente. ""Não sei o que está ocorrendo. Quando cheguei aqui me disseram que não poderia entrar. Tenho que retornar ao Brasil para solucionar o problema. Espero voltar à Inglaterra o mais breve possível", afirmou.
Além dos 15% que tem direito sobre venda de seu passe, embolsando US$ 1,35 milhão (o equivalente a cerca de R$ 2,43 milhões) na transferência, ele havia acertado com o clube inglês um salário mensal de US$ 100 mil (o equivalente a R$ 180 mil).
No Corinthians, ele recebia R$ 35 mil mensais (não declarados).


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