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FUTEBOL
Autoridades britânicas desconfiam da autenticidade de documento
português apresentado pelo ex-meia do Corinthians e o obrigam a voltar ao Brasil
Reino Unido suspeita de passaporte e barra Edu
MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O meia Eduardo César Daud
Gaspar, o Edu, 22, vendido pelo
Corinthians ao Arsenal, da Inglaterra, por US$ 9 milhões, foi impedido de entrar no Reino Unido,
sob suspeita de que o passaporte
português que havia conseguido
para poder trabalhar na União
Européia não era autêntico.
Três horas depois de desembarcar no aeroporto de Heathrow,
em Londres, no início da madrugada de ontem, o jogador foi obrigado a pegar o primeiro vôo disponível para retornar ao Brasil.
Dirigentes do Arsenal, que
aguardavam o jogador no aeroporto, tentaram evitar que Edu
fosse obrigado a regressar ao Brasil, mas não conseguiram convencer as autoridades britânicas.
Nenhuma medida penal foi tomada em relação ao atleta.
Edu havia partido para a Inglaterra às 22h30 da última segunda-feira, juntamente com o lateral-esquerdo Silvinho, vendido em
junho do ano passado pelo Corinthians ao Arsenal por US$ 6 milhões. Também com passaporte
português, Silvinho não teve problema para entrar no país.
Ao chegar ao aeroporto de
Cumbica, em Guarulhos, pela
manhã, Edu ainda teve uma de
suas malas extraviadas, retornando à sua casa, no mesmo município, apenas no início da tarde.
O empresário do jogador, Juan
Figer, que intermediou a sua venda ao Arsenal, disse que os ingleses exigiram um documento que
comprovasse a autenticidade do
passaporte português de Edu.
Como não possuía o atestado,
ele não pôde entrar no país.
O documento, segundo o empresário, deve ser fornecido pelo
Consulado Geral de Portugal no
Brasil até amanhã, para que Edu
possa se apresentar ao Arsenal já
na próxima semana. Mesmo assim, ele enviou seu filho Marcel
Figer a Portugal para acelerar ainda mais o processo.
O empresário descartou a possibilidade de o negócio ser desfeito,
a exemplo do que ocorreu com a
venda de Edmílson, do São Paulo,
ao mesmo clube da Inglaterra
(leia texto nesta página).
""O Edu é descendente legítimo
de portugueses. Seu avô, Manoel
Gaspar, tem passaporte português. Somos uma família de caráter e dignidade. Jamais faríamos
alguma coisa errada", afirmou o
pai do jogador, Edmundo Gaspar.
""Além disso, minha mãe é italiana. Podíamos requerer também o passaporte da Itália, mas o
Juan Figer disse que poderia demorar muito, por isso optamos
pelo português", completou.
Abatido com o episódio, Edu
não quis dar declarações ontem.
Disse, por meio de seu irmão Jean
Fabian Daud Gaspar, que vai apenas se pronunciar quando estiver
com a documentação do Consulado Geral de Portugal em mãos
para provar sua inocência.
Segundo ele, representantes do
consulado português no Brasil
disseram a Edu que a exigência
feita pelos ingleses é normal e
prometeram se empenhar para
solucionar o problema.
""Ele poderia perfeitamente ter
entrado na Inglaterra com o passaporte brasileiro, como havia feito há duas semanas para realizar
exames médicos no Arsenal. Como a fila de estrangeiros estava
grande, o Edu acompanhou o Silvinho na outra e mostrou o passaporte português. Daí houve a
complicação no setor de imigração", afirmou o irmão do jogador.
Para obter o visto de trabalho na
Inglaterra, os atletas sem cidadania européia precisam ter disputado 75% dos jogos pela seleção
de seus países nos últimos 24 meses. Como Edu nunca foi convocado, a única possibilidade de
atuar lá é com um passaporte
emitido por um dos 15 países da
União Européia.
Ainda em Londres, antes de embarcar de volta para o Brasil, o jogador disse que estava surpreso
com o incidente. ""Não sei o que
está ocorrendo. Quando cheguei
aqui me disseram que não poderia entrar. Tenho que retornar ao
Brasil para solucionar o problema. Espero voltar à Inglaterra o
mais breve possível", afirmou.
Além dos 15% que tem direito
sobre venda de seu passe, embolsando US$ 1,35 milhão (o equivalente a cerca de R$ 2,43 milhões)
na transferência, ele havia acertado com o clube inglês um salário
mensal de US$ 100 mil (o equivalente a R$ 180 mil).
No Corinthians, ele recebia R$
35 mil mensais (não declarados).
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