São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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CARLOS SARLI

Não espero menos de ti

Aos 29 e após suspensão por doping, Neco Padaratz mostra maturidade ao tirar motivação da adversidade

EM 88 os brasileiros começaram efetivamente a participar do circuito mundial de surfe da ASP. Fabio Gouveia, Teco Padaratz e Piu Pereira foram os pioneiros e bem representaram o país por mais de uma década. Nesse período, nossa participação no tour foi crescente e chegamos a ter até 11 atletas entre os melhores do mundo, quase 25% dos 45 nomes que compõem a elite do esporte.
Nos últimos anos, porém, o número vem caindo. Na atual temporada, são oito, e cada vez menos competidores garantem vaga pelo WCT, a primeira divisão. Mesmo pelo WQS, a divisão de acesso, na qual historicamente temos o melhor retrospecto, neste ano a coisa está feia.
Se o circuito terminasse hoje, teríamos só dois atletas com vaga assegurada em 2007, mesmo assim com Paulo Moura dividindo a 26ª e última vaga pelo WCT com dois atletas. A única louvável surpresa fica por conta de Neco Padaratz, vice-líder do WQS. E a surpresa não se deve à competência técnica de Neco, algo inquestionável para ele, que já foi duas vezes campeão do WQS, e sim ao fato de ele voltar de uma suspensão por doping que o desqualificou das provas da ASP em julho de 2005.
Como punição, perdeu todos os pontos obtidos até aquela altura da temporada e não pôde competir no resto do ano. Ao voltar no início de 2006, Neco teria a tarefa inglória de competir sem "seeding" (o ranking de entrada, que garante pré-classificação nas provas) e participar das etapas desde a primeira bateria das triagens. Nessa altura, ouviu do seu irmão e atual agente, Teco Padaratz, que em 99 faturou o bi do WQS na mesma condição: "Não espero menos de ti". E funcionou.
Passado um ano, ele já figura na mesma segunda posição que ocupava quando recebeu a inédita decisão da associação de excluí-lo por uso de esteróides anabolizantes. Foram seis meses na geladeira, tempo que serviu para ele resolver questões pessoais. A campanha começou com a vitória suada em Newcastle (AUS), no início do ano, quando precisou vencer 13 baterias, todas sobre australianos, para chegar ao título do campeonato em homenagem ao tetracampeão Mark Richards. Uma vitória que teve muita repercussão.
Ele ainda obteve um terceiro lugar na estréia da etapa escocesa, e no último domingo voltou ao pódio no seis estrelas de Durban (AFS). Na segunda metade do ano, a vida de Neco deve ficar mais fácil, já que uma regra da ASP implantada neste ano prevê o uso do ranking do primeiro semestre como base de pré-classificação.
Mas ele sabe que ainda existe um longo caminho a ser percorrido e não demonstra euforia, preferindo esperar o final da temporada. Neco, 29, demonstra maturidade ao ter aprendido a tirar motivação da adversidade, uma lição que todos deveriam aprender, tomara consiga manter esse "go for it" na próxima temporada, disputando a ponta da primeira divisão.

IRONS PILHADO NA ÁFRICA
A vitória no México deixou o havaiano a só cem pontos de Kelly Slater, o líder do ranking. Em 2005, os dois protagonizaram o Billabong Pro, que teve início ontem em Jeffrey's Bay, com Slater virando a bateria decisiva nos segundos finais.

SUPER SURF
Começou ontem em Itamambuca, Ubatuba (SP), a terceira das cinco etapas do Circuito Brasileiro de 2006. Jihad Kohdr e Taís de Almeida venceram a etapa passada, ficaram em segundo na primeira e lideram o ranking com 93% de aproveitamento.

ECOADVENTUR
Começa hoje e vai até domingo em Caraguatatuba, SP, o encontro que propõe a discussão sobre os impactos ambientais e socioeconômicos de projetos da Petrobras, verticalização e outros na região.


sarli@trip.com.br

Texto Anterior: José Roberto Torero
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