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CARLOS SARLI
Não espero menos de ti
Aos 29 e após suspensão por doping, Neco Padaratz mostra maturidade ao tirar motivação da adversidade
EM 88 os brasileiros começaram efetivamente a participar do circuito mundial de
surfe da ASP. Fabio Gouveia, Teco
Padaratz e Piu Pereira foram os pioneiros e bem representaram o país
por mais de uma década. Nesse período, nossa participação no tour foi
crescente e chegamos a ter até 11
atletas entre os melhores do mundo,
quase 25% dos 45 nomes que compõem a elite do esporte.
Nos últimos anos, porém, o número vem caindo. Na atual temporada,
são oito, e cada vez menos competidores garantem vaga pelo WCT, a
primeira divisão. Mesmo pelo WQS,
a divisão de acesso, na qual historicamente temos o melhor retrospecto, neste ano a coisa está feia.
Se o circuito terminasse hoje, teríamos só dois atletas com vaga assegurada em 2007, mesmo assim com
Paulo Moura dividindo a 26ª e última vaga pelo WCT com dois atletas.
A única louvável surpresa fica por
conta de Neco Padaratz, vice-líder
do WQS. E a surpresa não se deve à
competência técnica de Neco, algo
inquestionável para ele, que já foi
duas vezes campeão do WQS, e sim
ao fato de ele voltar de uma suspensão por doping que o desqualificou
das provas da ASP em julho de 2005.
Como punição, perdeu todos os
pontos obtidos até aquela altura da
temporada e não pôde competir no
resto do ano. Ao voltar no início de
2006, Neco teria a tarefa inglória de
competir sem "seeding" (o ranking
de entrada, que garante pré-classificação nas provas) e participar das
etapas desde a primeira bateria das
triagens. Nessa altura, ouviu do seu
irmão e atual agente, Teco Padaratz,
que em 99 faturou o bi do WQS na
mesma condição: "Não espero menos de ti". E funcionou.
Passado um ano, ele já figura na
mesma segunda posição que ocupava quando recebeu a inédita decisão
da associação de excluí-lo por uso de
esteróides anabolizantes. Foram
seis meses na geladeira, tempo que
serviu para ele resolver questões
pessoais. A campanha começou com
a vitória suada em Newcastle (AUS),
no início do ano, quando precisou
vencer 13 baterias, todas sobre australianos, para chegar ao título do
campeonato em homenagem ao tetracampeão Mark Richards. Uma vitória que teve muita repercussão.
Ele ainda obteve um terceiro lugar
na estréia da etapa escocesa, e no último domingo voltou ao pódio no
seis estrelas de Durban (AFS).
Na segunda metade do ano, a vida
de Neco deve ficar mais fácil, já que
uma regra da ASP implantada neste
ano prevê o uso do ranking do primeiro semestre como base de pré-classificação.
Mas ele sabe que ainda
existe um longo caminho a ser percorrido e não demonstra euforia,
preferindo esperar o final da temporada. Neco, 29, demonstra maturidade ao ter aprendido a tirar motivação da adversidade, uma lição que
todos deveriam aprender, tomara
consiga manter esse "go for it" na
próxima temporada, disputando a
ponta da primeira divisão.
IRONS PILHADO NA ÁFRICA
A vitória no México deixou o havaiano a só cem pontos de Kelly
Slater, o líder do ranking. Em 2005,
os dois protagonizaram o Billabong
Pro, que teve início ontem em Jeffrey's Bay, com Slater virando a bateria decisiva nos segundos finais.
SUPER SURF
Começou ontem em Itamambuca, Ubatuba (SP), a terceira das cinco etapas do Circuito Brasileiro de
2006. Jihad Kohdr e Taís de Almeida venceram a etapa passada, ficaram em segundo na primeira e lideram o ranking com 93% de aproveitamento.
ECOADVENTUR
Começa hoje e vai até domingo
em Caraguatatuba, SP, o encontro
que propõe a discussão sobre os
impactos ambientais e socioeconômicos de projetos da Petrobras,
verticalização e outros na região.
sarli@trip.com.br
Texto Anterior: José Roberto Torero Índice
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