São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Abertura terá Pelé e é comparada ao Titanic

Diretor diz que se sente "guiando o navio" e que, após 16 meses, não conhece tudo

Organização do evento tentou manter segredo, mas o ex-jogador irá acender a pira olímpica, ponto alto da cerimônia no Maracanã


MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A 15ª edição dos Jogos Pan-Americanos será aberta oficialmente hoje em megaevento que terá Pelé como uma das atrações principais. E que, por sua grandiosidade, foi batizado de Titanic. O ex-jogador irá acender a pira olímpica, ponto alto da cerimônia, ao som de temas relacionados a futebol.
Era um dos mistérios guardados pela organização. No ensaio geral de anteontem, uma voluntária assumiu seu papel.
A apresentação para convidados escondeu atrações, mas também exibiu problemas que podem ser enfrentados hoje no show que começa às 17h.
As alegorias enormes e as 10 mil pessoas envolvidas exigirão muito cuidado para evitar atropelos como o do jacaré, abre-alas que emperrou na saída do estádio durante o ensaio.
""A estrutura é gigantesca. Trabalho há 16 meses no projeto e não consigo conhecer todos. Costumo dizer que esta produção é como guiar o Titanic, no bom sentido da palavra", diz Luiz Stein, diretor da festa, referindo-se ao famoso navio que afundou em 1912 após bater em um iceberg.
"Tudo é muito grande. Para fazer qualquer movimento, temos que contar com o aval e o entrosamento de dezenas de pessoas. Já importamos shows enormes, mas nunca se produziu um evento deste tamanho no país", completa o cenógrafo, que divide a direção com a carnavalesca Rosa Magalhães.
Para o diretor, a abertura do Pan servirá como principal trunfo de dirigentes e políticos nacionais para conseguir realizar a Olimpíada de 2016.
O espetáculo é preparado há mais de um ano e tem produção de Scott Givens, vice-presidente de entretenimento da Disney. O show, que terá o título "Viva Essa Energia", vai abordar várias facetas da cultura brasileira e terá 4.500 bailarinos voluntários.
Os músicos Arnaldo Antunes e Liminha foram os autores da música-tema do evento, um "samba exaltação", criticado pelos sambistas cariocas.
Principal financiador do Pan, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assistirá à cerimônia. Se o público que for ao Maracanã repetir a ação da torcida presente no ensaio, ele pode ouvir vaias da arquibancada.
"Isso não atrapalhará a festa. Sempre é difícil um político ser aplaudido no Maracanã. Há uma desconfiança justa da população. No momento, qualquer político brasileiro merece ser vaiado", declara Stein.
O governo federal gastou cerca de R$ 1,8 bilhão no Pan. O custo total dos Jogos é de R$ 3,7 bilhões. Os dirigentes apostam na festa como uma chance de impressionar o presidente do Comitê Olímpico Internacional, o belga Jacques Rogge, e outros membros da entidade que verão o espetáculo.
"O Pan servirá mesmo para mostrar que temos condições de receber a Olimpíada", diz Carlos Arthur Nuzman, presidente do Co-Rio, o comitê organizador dos Jogos.


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