São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Justiça implode Corinthians/MSI

Juiz acata denúncia do Ministério Público, acusa presidente Alberto Dualib de lavagem de dinheiro e pede prisão de Kia

Procuradores da República concluem que R$ 61 milhões injetados no clube são ilícitos; gravações apontam que empresa é de Berezovski


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

A Justiça Federal decretou ontem a prisão preventiva do presidente da MSI, Kia Joorabchian, do magnata russo Boris Berezovski, apontado como principal investidor do negócio, e do diretor da empresa Nojan Bedroud, acusados de crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Pelo mesmo motivo, foram denunciados o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, o vice do clube Nesi Curi, o empresário Renato Duprat, que intermediou o acordo de parceria, Paulo Angioni, ex-diretor da MSI, e Alexandre Verri, advogado que tinha procuração da parceira corintiana.
A denúncia, fruto de investigação do Ministério Público Federal, foi aceita pelo juiz da 6ª Vara Federal, Fausto Martin Sanctis, que deu, assim, início ao processo criminal.
Os depoimentos começam em agosto, com Dualib e Nesi.
Os procuradores da República Rodrigo de Grandis e Silvio Martins de Oliveira concluíram que US$ 32,5 milhões (cerca de R$ 61 milhões) injetados na parceria pela MSI são ilícitos.
Afirmam que o dinheiro é proveniente de crimes financeiros cometidos por Berezovski na Rússia, por isso é sujo. Para lavá-lo, o grupo fazia remessas ao Corinthians. Ao passar pelo Banco Central, o dinheiro parecia limpo. Dualib sempre disse que, se o BC aprovava as operações, o dinheiro era lícito.
A Procuradoria se baseou em documentos obtidos pelos governos russo, que pede a prisão de Berezovski, e suíço, além de grampos telefônicos dos envolvidos feitos durante 14 meses pela Polícia Federal.
Uma conta da MSI no Bradesco foi bloqueada pela Justiça e não poderá mais receber recursos de cinco offshores (empresas com sede em paraísos fiscais que mantêm sigilo sobre a identidade dos sócios) usadas para abastecer a MSI.
"A Interpol já foi avisada, e vamos providenciar um pedido de extradição. O problema é que o Kia e o Nojan são cidadãos ingleses, e a Inglaterra não aceita extradição. E o Berezovski é um asilado político", disse Martins de Oliveira.
Nas escutas telefônicas, que estão sob segredo de Justiça, verifica-se, segundo a denúncia do Ministério Público, que: a MSI sempre foi de Berezovski e que Kia era um "laranja"; negociações de atletas com remessas ilegais ao exterior; alteração societária da MSI para desqualificar Berezovski como investidor; e o suposto reconhecimento da condição dele de asilado pelo governo brasileiro.
Numa das interceptações, que trata de eventuais remessas de Berezovski ao Brasil, Dualib afirma a Renato Duprat: "Dinheiro não pode mandar mais aí como lavagem... Tem que limpar isso aí".
O crime de lavagem já havia sido identificado pelo Ministério Público-SP, que iniciou investigação após denúncias do conselheiro Romeu Tuma Jr.
Em 2005, o Gaeco, responsável no órgão por combater o crime organizado, fez a denúncia de lavagem de dinheiro. E o caso foi à esfera federal.
Dualib e a parceria também ficam por um fio no Corinthians. No dia 24, o Conselho se reúne para decidir o fim da parceria e a situação do cartola.


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