São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008 |
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TOSTÃO Ser ou não ser
DURANTE E após a Taça Libertadores, escrevi sobre o comportamento de estrela de Renato e as dificuldades dele e de outros ex-craques de descolarem o presente do passado em suas novas atividades. São raros os grandes craques que se tornam grandes treinadores. Uma das razões é que eles, por terem sido ídolos e estrelas e por terem geralmente boa situação financeira, querem iniciar a nova carreira por cima, em grandes clubes e até na seleção. Costumam desistir após os primeiros fracassos. Já treinadores que foram modestos atletas, como Felipão, iniciam suas carreiras em pequenos clubes, aprendem e só com o tempo e muito esforço são reconhecidos como excelentes treinadores. Os defensores e os goleiros, por serem geralmente os menos famosos, passam mais por essas experiências e se tornam melhores treinadores. Muitos ex-atletas se tornam comentaristas. É mais cômodo. Alguns trabalham como técnicos e comentaristas. Depende das propostas. Acabam não fazendo bem nem uma coisa nem outra. Alguns comentaristas ficam incomodados e pedem até desculpas para fazer uma crítica a um ex-companheiro. Esses também cobram ajuda do amigo. É a troca de favores, característica da sociedade brasileira. Existem ainda os comentaristas ocasionais. Pelé, quando trabalhava na televisão, em vez de prestar atenção no jogo, passava a maior parte do tempo sorrindo e dando adeus para os fãs. Certamente, Pelé não via detalhes da partida. Ele não era um comentarista. Era uma celebridade, um garoto-propaganda que trabalhava de comentarista. Era também o que queria a emissora. Não importava a opinião do Rei do Futebol. Bastava sua cara. Por isso, Galvão Bueno disse certa vez, no final de uma partida, que seu amigo Pelé falava demais, sem saber que o microfone estava aberto ao telespectador. A moda agora são ex-jogadores se tornarem empresários. Nada contra. É também uma profissão digna. Porém existem os riscos de uma relação ainda mais perigosa entre eles e os clubes e/ou treinadores que foram seus companheiros. Muitos ex-atletas não se preparam para serem técnicos, comentaristas, dirigentes e empresários, e, mesmo assim, acham que, por terem tido experiência nos gramados, entendem mais e são mais eficientes que os que não tiveram a mesma prática. Ter sido um atleta profissional, craque ou não, não basta para ser destaque em outra atividade. É preciso ter outras qualidades. Os profissionais que não foram atletas podem também ser brilhantes. Há vários exemplos. Não há regra. Por outro lado, existe preconceito de alguns jornalistas com ex-jogadores, como se eles não tivessem preparo técnico, científico nem intelectual para as novas atividades. Espero que outros ex-jogadores se preparem e se tornem dirigentes de federações e clubes, como Roberto Dinamite. Para ser um ótimo presidente -ele tem condições para isso-, Dinamite terá que ser um bom executivo, e não apenas uma curiosidade, um ídolo que se tornou presidente de um grande clube. Texto Anterior: A rodada: Vasco tenta se aproveitar do Fla pós-festa Próximo Texto: Contra ex-clube, Cuca testa sua sorte Índice |
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