São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2010

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LOS GRINGOS - ENZO PALLADINI

Falta fome de vitórias


Ganhar jogando bem é algo que raramente foi visto ao longoda história do futebol italiano


A ITÁLIA NUNCA será como a Espanha. Não é um problema de gerações. A filosofia do futebol é diferente, muito diferente. Esta Copa do Mundo foi uma lição que os italianos não conseguiram aprender. A Itália pode até copiar a Holanda ou a Alemanha, mas a Espanha, não. Ganhar jogando bem é um exercício que, na história do futebol italiano, foi visto raramente. Todos se lembram do Milan de Arrigo Sacchi, porque era um time espetacular. Mas todas as outras vitórias vieram depois de se aproveitar, na maioria dos casos, dos erros e das fraquezas dos rivais. Foi assim durante os anos 60, e ainda é verdade hoje. Vai ser sempre assim. Cesare Prandelli não é o homem capaz de mudar completamente a mentalidade do futebol italiano. O novo treinador não aprenderá muito com a Espanha campeã mundial, mas vai aprender algo com a Holanda, algo da Alemanha, até algo do Brasil. E o mundo do futebol italiano quer ver entrar na seleção jogadores com passaporte italiano, principalmente brasileiros e argentinos. Essa foi a lição da Alemanha, que, na África do Sul, mostrou um bom futebol com jogadores de diferentes origens. O (quase) sucesso da Holanda diz que, para ganhar jogos, você precisa de um jogador capaz de transformar futebol defensivo em futebol ofensivo. Esse jogador se chama Wesley Sneijder e, na Itália, há um homem com esse recurso, mesmo que seja diferente do holandês: Antonio Cassano. Hoje, não é fácil sonhar na Itália. A nova temporada começa em tom menor. Os clubes não têm dinheiro. A Inter de Milão não comprou novos jogadores, o Milan tampouco. A Juventus está se renovando, mas precisará trabalhar muito para ser líder do próximo Campeonato Italiano. Na Itália, não há muitos jovens jogadores interessantes: a seleção sub-21 provavelmente não chegará nem à fase final do Campeonato Europeu. O problema é que os garotos italianos não estão com fome de vitórias. Essa é a razão para que todos queiram, na seleção italiana, brasileiros e argentinos com passaporte italiano: Thiago Motta, Amauri, Ledesma, Felipe Dalbelo, Zarate, Taddei e Campagnaro. São jogadores interessantes e que nunca vestiram a camisa de uma seleção. Também sonham em jogar a Copa do Mundo em 2014 e podem ajudar o povo italiano a sonhar certamente mais do que poderiam Gattuso e Cannavaro.


ENZO PALLADINI é redator-chefe de Esporte da rede de TV italiana Mediaset

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