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TOSTÃO
Extinto sem ter existido
A função de coordenador técnico da seleção brasileira
deveria ser outra, diferente de
como foi exercida desde 1994
DUNGA dispensou, pelo menos
até agora, a presença de um
coordenador técnico. Como
disse o João Paulo Medina, o fim do
cargo, como era exercido, não fará
falta. O cargo foi extinto sem nunca
ter existido.
Não se deve confundir o coordenador técnico com o supervisor, gerente, como Américo Faria e outros,
que coordenam a logística, a burocracia da seleção e dos clubes. Nem
com o auxiliar, que ajuda o treinador, nem com o diretor cartola.
O coordenador técnico deveria ser
chamado primeiro, e ele escolheria o
treinador. Os dois formariam a comissão técnica.
Se o coordenador existisse de verdade, suas funções seriam as de planejar, liderar a comissão técnica,
melhorar a sua eficiência, cobrar resultados e discutir as decisões, sendo que a palavra final sobre a escalação, os treinamentos e outras questões de campo seria do treinador e
de cada especialista na sua área.
Seria necessário que o coordenador tivesse vivência e conhecimentos não só do futebol mas também
de áreas afins, principalmente na
área humana. Como se vê, o coordenador é um profissional imaginário,
quase utópico, que talvez nunca tenha existido.
Em 94, Zagallo era um amigo, um
sincero e franco conselheiro que
ajudou bastante Parreira, e não um
coordenador. Zico não tinha função
no Mundial de 98, quando foi imposto pela CBF ao Zagallo, que teve
de engoli-lo. Em 2002, a única função conhecida do Antônio Lopes era
beijar as medalhas com muita fé.
Neste ano, Zagallo não tinha mais
condições de ser o observador e o
conselheiro de Parreira.
Após a saída de Leão durante as
eliminatórias para a Copa-02, fui
convidado para ser o coordenador
da seleção. Eu escolheria o técnico.
Fiquei com uma grande vontade
de aceitar. Era um trabalho que me
seduzia -não me seduz mais- e tinha a convicção ou a ilusão de que
exerceria bem o cargo. Por outro lado, poderia sair logo, já que tentaria
mudar muitas coisas.
Apesar de ser um cargo técnico,
recusei porque criticava a CBF
-não seria coerente-, além de ser
um cargo de confiança de um presidente que era acusado de graves irregularidades pelas CPIs. Não me
arrependo. Recusaria novamente.
Erros e acertos
A expulsão do Josué no início do
jogo prejudicou bastante o São
Paulo, mas não foi a única razão da
brilhante e justa vitória do Inter. O
jogo foi uma sucessão de erros e de
acertos dos técnicos e jogadores.
Como Casagrande disse logo
após a expulsão do Josué, Muricy
Ramalho deveria ter colocado outro atleta no meio-campo e retirado o terceiro zagueiro. O Inter, que
tinha um jogador a mais no meio-campo com a inteligente escalação
de Abel Braga, que trocou o terceiro zagueiro por um quarto armador, ficou com dois a mais no setor.
Mas o time não aproveitou a grande vantagem no primeiro tempo.
Mesmo com a expulsão do Fabinho, o São Paulo parecia ter menos
jogadores, já que eles, principalmente Leandro, estavam exaustos
pelo grande esforço que fizeram no
primeiro tempo por causa do jogador a menos. Além disso, Mineiro,
contundido, teve de jogar mais
atrás, fora de suas características.
No segundo tempo, o Inter comandava o jogo no meio-campo, tinha grandes chances de fazer o terceiro e definir o título, mas quase
sofreu o empate depois que, coincidentemente ou não, Abel trocou
um armador por um terceiro zagueiro. Se o São Paulo tivesse empatado -teve chance-, Abel seria
hoje bastante criticado.
Mas, no futebol, as análises são
feitas após o resultado. Ou é assim
mesmo, já que dizem que a história
é sempre escrita pelos vencedores?
tostao.folha@uol.com.br
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