São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2008

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JUDÔ

Favorito, Tiago Camilo conquista "só" o bronze

Com novo pódio, judô vira esporte mais laureado do Brasil em Jogos

Atleta reconhece que falhou contra alemão, diz que "fica o desejo de mais" e estuda subida de categoria para disputar outra Olimpíada


LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

Com o bronze conquistado ontem por Tiago Camilo, o judô é agora o esporte que mais medalhas olímpicas ostenta na história do Brasil, com 15.
O terceiro pódio da equipe nos Jogos de Pequim igualou o recorde da modalidade, estabelecido nos tatames de Los Angeles, em 1984.
Mas o bronze do meio-médio, mesmo metal das medalhas que vieram na véspera, não repetiu a euforia das primeiras conquistas, de Ketleyn Quadros e Leandro Guilheiro. Gerou um certo anticlímax até.
Credenciado pela performance no Mundial de 2007, quando ganhou o título com folga e levou o prêmio de melhor judoca do certame, Camilo era o principal favorito ao ouro na equipe nacional.
Também era apontado pelos concorrentes como o adversário a ser vencido na China.
O sonho de melhorar o desempenho de Sydney-2000, quando foi vice-campeão, acabou nas quartas-de-final.
Camilo foi batido pelo alemão Ole Bischof, 28, que posteriormente conquistou o título.
Ele voltou para a repescagem e fez mais três lutas. Na primeira, aparentando abatimento, admitiu que não gostou da maneira como venceu.
Então veio um intervalo, e o paulista retornou mais disposto, depois de conversar com seu irmão pelo telefone e redefinir suas metas no torneio.
Depois de assegurar a medalha, contrariando seu estilo de comemoração de outras conquistas, festejadas de forma mais contida, Tiago Camilo chorou muito.
"Misturou muita coisa quando ganhei a medalha. A tristeza, um pouco, de não ter chegado ao lugar mais alto e, depois, saber que tinha conquistado o bronze. Foi uma alegria e um alívio, de saber que tudo valeu a pena", afirmou.
Ele reconheceu ter errado na luta perdida e disse que foi muito difícil reunir forças para voltar à competição depois do confronto com o alemão.
O vencedor, na entrevista dos medalhistas, disse que ditou sua preparação em função de Camilo e que tinha uma estratégia traçada para superar o brasileiro de 26 anos.
Ele dificultou as pegadas do campeão mundial e se aproveitou de uma entrada precipitada para aplicar o contragolpe que pavimentou a vitória -celebrada pelo alemão mais efusivamente que o próprio título, depois do triunfo na final.
Mais tarde e mais calmo, Camilo falou que agora deseja curtir sua segunda medalha olímpica. Ele não quis antecipar seus planos para o próximo ciclo olímpico ao ser indagado sobre os Jogos de Londres-2012, mas abriu a porta para novas alternativas.
"Fica sempre o desejo de mais. Quem sabe isso [o resultado de ontem] seja o combustível para mais um ciclo. Pode ser em outra categoria. Depois de Sydney [em 2000], minha subida para os 81 kg trouxe motivação. Pode ser que isso aconteça de novo. Nos 90 kg, o ritmo de luta é mais cadenciado."
Nos Jogos Pan-Americanos do Rio, há um ano, Camilo lutou no peso médio (até 90 kg) e foi campeão. Ele é um dos três brasileiros da modalidade que conquistaram medalhas em duas edições dos Jogos Olímpicos. E o único que o fez em categorias diferentes.

15 PÓDIOS
olímpicos atingiu o judô brasileiro, passando a vela (14). Depois vêm atletismo (13), natação (9), vôlei de praia (7), basquete e vôlei (5 cada um), futebol (4), tiro e hipismo (3 cada um) e boxe (1).


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