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JUDÔ
Favorito, Tiago Camilo conquista "só" o bronze
Com novo pódio, judô vira esporte mais laureado do Brasil em Jogos
Atleta reconhece que falhou contra alemão, diz que "fica o desejo de mais" e estuda subida de categoria para disputar outra Olimpíada
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
Com o bronze conquistado
ontem por Tiago Camilo, o judô
é agora o esporte que mais medalhas olímpicas ostenta na
história do Brasil, com 15.
O terceiro pódio da equipe
nos Jogos de Pequim igualou o
recorde da modalidade, estabelecido nos tatames de Los Angeles, em 1984.
Mas o bronze do meio-médio, mesmo metal das medalhas que vieram na véspera, não
repetiu a euforia das primeiras
conquistas, de Ketleyn Quadros e Leandro Guilheiro. Gerou um certo anticlímax até.
Credenciado pela performance no Mundial de 2007,
quando ganhou o título com
folga e levou o prêmio de melhor judoca do certame, Camilo
era o principal favorito ao ouro
na equipe nacional.
Também era apontado pelos
concorrentes como o adversário a ser vencido na China.
O sonho de melhorar o desempenho de Sydney-2000,
quando foi vice-campeão, acabou nas quartas-de-final.
Camilo foi batido pelo alemão Ole Bischof, 28, que posteriormente conquistou o título.
Ele voltou para a repescagem
e fez mais três lutas. Na primeira, aparentando abatimento,
admitiu que não gostou da maneira como venceu.
Então veio um intervalo, e o
paulista retornou mais disposto, depois de conversar com seu
irmão pelo telefone e redefinir
suas metas no torneio.
Depois de assegurar a medalha, contrariando seu estilo de
comemoração de outras conquistas, festejadas de forma
mais contida, Tiago Camilo
chorou muito.
"Misturou muita coisa quando ganhei a medalha. A tristeza,
um pouco, de não ter chegado
ao lugar mais alto e, depois, saber que tinha conquistado o
bronze. Foi uma alegria e um
alívio, de saber que tudo valeu a
pena", afirmou.
Ele reconheceu ter errado na
luta perdida e disse que foi muito difícil reunir forças para voltar à competição depois do confronto com o alemão.
O vencedor, na entrevista
dos medalhistas, disse que ditou sua preparação em função
de Camilo e que tinha uma estratégia traçada para superar o
brasileiro de 26 anos.
Ele dificultou as pegadas do
campeão mundial e se aproveitou de uma entrada precipitada
para aplicar o contragolpe que
pavimentou a vitória -celebrada pelo alemão mais efusivamente que o próprio título, depois do triunfo na final.
Mais tarde e mais calmo, Camilo falou que agora deseja curtir sua segunda medalha olímpica. Ele não quis antecipar
seus planos para o próximo ciclo olímpico ao ser indagado
sobre os Jogos de Londres-2012, mas abriu a porta para
novas alternativas.
"Fica sempre o desejo de
mais. Quem sabe isso [o resultado de ontem] seja o combustível para mais um ciclo. Pode
ser em outra categoria. Depois
de Sydney [em 2000], minha
subida para os 81 kg trouxe motivação. Pode ser que isso aconteça de novo. Nos 90 kg, o ritmo
de luta é mais cadenciado."
Nos Jogos Pan-Americanos
do Rio, há um ano, Camilo lutou no peso médio (até 90 kg) e
foi campeão. Ele é um dos três
brasileiros da modalidade que
conquistaram medalhas em
duas edições dos Jogos Olímpicos. E o único que o fez em categorias diferentes.
15
PÓDIOS
olímpicos atingiu o judô brasileiro, passando a vela (14).
Depois vêm atletismo (13),
natação (9), vôlei de praia (7),
basquete e vôlei (5 cada um),
futebol (4), tiro e hipismo (3
cada um) e boxe (1).
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