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VÔLEI
Império brasileiro
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
O ouro do Brasil em Atenas
marcou o início de um novo
ciclo no vôlei masculino: havia 16
anos que uma seleção não ganhava, na seqüência, um título mundial e olímpico. Com as duas conquistas, os brasileiros quebram a
tendência dos anos 90 e de 2000: a
de as seleções se alternarem no
pódio.
O último grande domínio no
mundo do vôlei masculino havia
sido o dos EUA. Quem não se lembra do poderoso time do craque
Karch Kiraly, que de 1984 a 1988
ganhou tudo o que disputou? Eles
foram campeões mundiais e bicampeões olímpicos.
Nos anos 60 e no final dos 70, o
poder foi dos soviéticos. De 1960 a
1968, foram bicampeões olímpicos e mundiais. Em 1978, com o
levantador Zaitsev, a então URSS
ganhou mais um título mundial.
Em 1980, foi campeã olímpica e,
em 1982, bicampeã mundial. O
império caiu no Mundial de 86
com a derrota para os EUA.
O outro país a conseguir a dobradinha foi a Polônia. No início
da década de 70, a equipe, do gigante Tomasz Wójtowicz, o primeiro jogador a atacar a bola detrás na linha dos 3 m, fez história.
Em 1974, foi campeã mundial, no
México, e, em 1976, ganhou o ouro olímpico em Montréal.
Ok, você pode lembrar que nos
anos 90 a Itália venceu três Mundiais seguidos (90, 94 e 98) e foi oito vezes campeã da Liga Mundial. Mas o time de Giani, Bernardi e Gardini sempre ficou marcado por uma áurea de fracasso por
nunca ter conquistado o ouro
olímpico. Foi um campeão com
pés de barro.
Já os três campeões olímpicos
anteriores aos Jogos de Atenas
também não conseguiram se firmar. O Brasil, de Tande, Giovane,
Maurício, Negrão, Carlão e Paulão, foi ouro nos Jogos de Barcelona, em 1992, e campeão da Liga
Mundial, em 1993. Mas, no Mundial de 96, o time tropeçou: ficou
em quinto lugar.
Os outros dois campeões olímpicos, Holanda, em 1996, e a então
Iugoslávia, em 2000, também não
conseguiram chegar ao título no
Mundial seguinte. Os gigantes
holandeses, liderados pelo levantador Peter Blangé, ficaram em
sexto no Mundial de 98. Os ainda
iugoslavos acabaram em quarto
em 2002, na Argentina.
O Brasil agora conseguiu romper esse círculo e chegou à dobradinha mundial e olímpica. E um
dos fatores para esse sucesso são
as tais "zonas de desconforto"
criadas pelo técnico Bernardinho.
Para ele, não existe o acomodamento, o conformismo com as vitórias já alcançadas.
Logo depois da conquista do título olímpico, o técnico já mostrava preocupação. Olha só o que ele
disse: "Os próximos quatro anos
serão piores. Seremos campeões
mundiais e olímpicos, a cobrança
será maior. Será que estamos dispostos a continuar pagando esse
preço?".
O alto grau de exigência, a competência de Bernardinho, o talento do time, um levantador brilhante e um líbero que é um show
deram como resultado o ouro
olímpico. Agora é esperar as próximas competições, mas com certeza dá para afirmar: nestes anos
2000, não existe uma seleção melhor do que a do Brasil.
Vida nova 1
Nalbert fará hoje seu primeiro treino no Banespa. O atacante, que
nas últimas temporadas atuou na Itália e no Japão, voltou ao Brasil
para encerrar a carreira nas quadras. Depois, irá jogar na praia. Campeão mundial, da Copa do Mundo, da Liga Mundial e olímpico, Nalbert lutará por um dos poucos títulos que não tem: o de campeão
brasileiro. Irá estrear nos Jogos Abertos do Interior, em Barretos.
Vida nova 2
O levantador Ricardinho faz caminho inverso ao de Nalbert: dia 26
estréia no Campeonato Italiano e inicia a primeira temporada fora
do país. No Modena, terá um grande técnico: Júlio Velasco, bicampeão do mundo com a Itália. Além de Ricardinho, outros dois brasileiros vão jogar no time: Dante e Felipe Chupita.
E-mail cidasan@uol.com.br
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