São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Time ficou quase 23 anos sem títulos, mas ganhava mais pontos, enchia estádios e levava a melhor sobre o Palmeiras

Há 25 anos acabou "doce" jejum corintiano

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram quase 23 anos de muitos pontos conquistados, poucas derrotas, estádios lotados, jogadores servindo o Brasil em Copas e vantagem, ainda que pequena, sobre o mais tradicional adversário.
Por incrível que isso possa parecer, o cenário descrito no parágrafo acima foi vivido pelo Corinthians durante o mais famoso jejum de títulos da história do futebol brasileiro, que hoje, quando o time pega o Gama pelo Campeonato Brasileiro-2002, comemora o 25º aniversário de seu final.
Quando venceu a Ponte Preta, por 1 a 0, com o famoso gol de Basílio, na noite do dia 13 de outubro de 1977, o clube deixou para trás não só a "seca" de troféus, mas também estatísticas que não conseguiu repetir nos últimos 25 anos, quando conquistou quase metade de todos os seus títulos.
Se não ganhava campeonatos, o Corinthians do tabu não dava vexames como na atual fase vitoriosa, quando, por exemplo, foi o penúltimo colocado do módulo principal do Brasileiro-2000.
No Nacional e no Paulista, as duas grandes competições dos anos do tabu, a equipe teve um aproveitamento global mais eficiente do que após o fim do jejum.
O que acontecia era que, como nos casos de Lusa e São Caetano, o Corinthians vivia "morrendo" na praia. Entre 1955 e 1976, o time ganhou 63% dos pontos que disputou no Estadual. Depois disso, levou para casa 60% dos pontos.
Já no Brasileiro, teve uma performance positiva de 55% na época do jejum. Depois, mesmo contabilizando três títulos do certame, essa marca caiu para 52%.
Antes da criação do Brasileiro, o Corinthians já tinha ótimo aproveitamento na competição mais importante da época no país. Nas quatro edições do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Nacional disputado no final da década de 60, o clube ganhou 60% dos pontos disputados e chegou duas vezes entre os quatro primeiros.
Como comparação, o Santos registrou um aproveitamento geral de 50% no "Robertão".
"Com a fama da fila, o time do Corinthians tinha de demonstrar muita vontade. Depois da conquista de 77, a responsabilidade diminuiu", afirma o ex-atacante Geraldão, um dos heróis de 1977 que conheceu o time nas fases perdedora e vencedora.
Se sofria com a falta de títulos, a torcida corintiana tinha, para atenuar o sofrimento, um prazer que não conseguiu mais depois do 13 de outubro de 1977.
Durante o tabu, o time venceu mais jogos (31) do que perdeu (30) para o Palmeiras. Isso numa época em que o clube do Parque Antarctica teve alguns dos maiores esquadrões da sua história. Depois que os títulos começaram a chegar em grande número, o Corinthians ficou atrás do grande rival no confronto direto (31 x 36).
Para comemorar os 25 anos do fim do tabu, o clube promove uma série de eventos. Hoje, por exemplo, acontece no Parque São Jorge uma partida com os jogadores de Corinthians e Ponte Preta que estiveram na decisão de 1977.


Colaborou Diogo Pinheiro, da Reportagem Local


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