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VÔLEI
Tradição e decadência
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Para quem conhece a história
do vôlei, o Japão sempre foi
uma referência de tradição. Está
certo que nos anos 90 os japoneses
já mostravam que não estavam
mesmo acompanhando esses
tempos de muita força física. Mas,
no último Campeonato Asiático,
eles se superaram: ficaram na
sexta colocação.
A Coréia do Sul foi a campeã e a
China ficou em segundo lugar.
Até aí, nada de anormal.
O surpreendente foi o time japonês ter ficado atrás de Irã, Austrália e Índia. Em novembro, só vai
disputar a Copa do Mundo, que
vale três vagas para os Jogos
Olímpicos de Atenas, porque o
torneio é no Japão.
O certo é que os japoneses, que
não conseguiram se classificar para as duas últimas Olimpíadas, já
viveram dias bem melhores. Foram eles que na década de 70
quebraram a hegemonia soviética no vôlei masculino e foram
campeões olímpicos em 1972, nos
Jogos de Munique.
E a história dessa conquista é
bem legal: começou depois de
uma excursão trágica pela Europa no início dos anos 60. A seleção
japonesa, dirigida por Yasataka
Matsudaira, perdeu os 22 jogos
que disputou. O técnico não se
abateu e até mostrou ousadia.
Propôs um plano de oito anos para chegar à vitória.
Para combater a força do vôlei
soviético, a solução foi jogar com
um ataque muito veloz, com jogadas combinadas e muitas fintas. Para ajudar mais um pouco,
Matsudaira contava também
com a habilidade e o talento de
um grande levantador: Katsuto-shi Nekoda, um dos melhores da
história do vôlei.
Resultado: o Japão fez uma revolução em quadra. A velocidade
do ataque do time desmoronou o
poderoso bloqueio dos europeus.
Em 1972, o plano se cumpriu: a seleção japonesa venceu a então
Alemanha Oriental na final olímpica e foi campeã. Era a vitória da
velocidade sobre a força.
Hoje, resta aos japoneses a lembrança de um passado glorioso e
a certeza de que só velocidade
não basta no vôlei. É preciso também adicionar força. O trágico
sexto lugar no Campeonato Asiático é mais uma prova de que eles
perderam o trem da história. A
seleção masculina japonesa não
assusta mais ninguém.
Já a seleção brasileira masculina, atual campeã mundial, está
começando a preparação para a
Copa do Mundo. Parte do time
começa a treinar hoje em Saquarema, no Rio. Os seis jogadores
que atuam na Itália (Maurício,
Giba, Nalbert, Gustavo, Dante e
Rodrigão) só vão se apresentar no
dia 2 de novembro.
O técnico Bernardinho queria
que eles já começassem a treinar
nesta semana. Mas a liga dos clubes italianos, que só queria liberar os atletas 15 dias antes do torneio, levou a melhor. A Copa do
Mundo será disputada de 16 a 30
de novembro.
Para encerrar, vale lembrar que
as semifinais do Campeonato
Paulista masculino começam no
dia 22. O Suzano, que assegurou
no sábado o primeiro lugar na fase de classificação, vai enfrentar o
Santo André. A Ulbra, atual campeã da Superliga, terá pela frente
o Banespa.
Italiano 1
O Cuneo, time do atacante Giba, venceu o Latina, desfalcado do central Gustavo, por 3 sets a 2, na rodada do fim de semana do Campeonato Italiano. Foi a quarta vitória, em cinco jogos, do Cuneo. Já o Latina sofreu a segunda derrota. O Ferrara, do brasileiro Rodrigão,
também não foi bem e está agora com duas derrotas. O time perdeu
do Treviso, do russo Dineikine, por 3 sets a 1.
Italiano 2
O Montichiari, do levantador Maurício e do atacante Joel, é a surpresa do campeonato. Em quatro rodadas, venceu três jogos e tem a melhor campanha. Hoje, a equipe vai defender a liderança no jogo contra o Trento. Na rodada anterior, o Montichiari venceu o Cuneo, de
Giba, por 3 sets a 1, e Maurício foi eleito o melhor jogador da partida.
E-mail: cidasan@uol.com.br
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