São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BRASIL X COLÔMBIA

Atacante ultrapassa o Rei em gols nos jogos de Copa e hoje tenta alargar o abismo entre suas próprias atuações no Mundial e as em outros eventos

Após bater Pelé, Ronaldo só tenta golear Ronaldo

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

É jogo de Copa. Então a chance de Ronaldo marcar e o Brasil ganhar da Colômbia em Maceió hoje, às 21h45, é muito maior.
Ninguém fez tantos gols em partidas de eliminatórias e fases finais de Mundiais como o atacante, que completou 28 anos no mês passado. Esses são os jogos em que o muitas vezes disperso Ronaldo decide para seu time.
Ele soma 21 gols em qualificatórios e nas Copas de 1998 e 2002. Tem três tentos a mais do que Pelé, o vice-líder. Os dois empatam em 12 nos confrontos de fases finais, mas Ronaldo ganha em eliminatórias (9 contra 6).
Mas é quando se compara o desempenho com o resto dos jogos da seleção que fica evidente o descompasso entre o Ronaldo dos Mundiais (para a Fifa, entidade máxima do futebol, as eliminatórias são parte deles) e o Ronaldo de amistosos e outros torneios oficiais com a camisa amarela.
Com os dois gols que marcou na Venezuela, ele atingiu média de 0,91 gol por jogo nos confrontos de Copa, superando Pelé. A performance cai quase 40% nos outros compromissos do time principal (média de 0,58).
Com Pelé, o fosso é muito menor. O melhor jogador da história marcou 0,90 gol por jogo em Mundiais e eliminatórias e 0,82 nas outras vezes em que vestiu o uniforme da seleção.
Ronaldo diz que não tem como principal meta bater recordes de gols, mas não esconde o entusiasmo com essa possibilidade. "Números e estatísticas me deixam feliz e otimista", afirma o atacante, que já é o segundo maior goleador do Brasil em jogos contra seleções nacionais e o terceiro contabilizando todos os tipos de adversários. Mas ele quer mais.
"Espero continuar a ser determinante para a seleção por muitos anos", disse, com convicção, o jogador, que ainda precisa marcar 36 vezes para se igualar a Pelé.
E não vai faltar ajuda do esquema tático montado pelo técnico Carlos Alberto Parreira para alcançar essa meta. "O Ronaldo tem uma responsabilidade muito menor do que os outros na marcação. Ele só precisa cercar os zagueiros", afirma o treinador, deixando claro que a função primordial do jogador no gramado é empurrar a bola para o gol. "Ele é o homem em quem a bola tem que chegar", reforça Parreira, que há mais de dez anos foi o primeiro a convocar o atacante do Real Madrid para a seleção brasileira.
Contra a Colômbia, Ronaldo terá um parceiro diferente do que contra a Venezuela, quando marcou dois gols. Suspenso, Kaká sai do time. Parreira não confirmou de forma oficial, mas Alex deve começar o jogo, com Adriano ficando no banco de reservas. E Ronaldinho atuará mais avançado.
Independentemente disso, Ronaldo pode igualar ou mesmo superar um novo recorde da seleção brasileira em solo alagoano. Com mais dois gols, ele se iguala a Romário e Zico, que com 11 tentos são os atletas do país que mais marcaram em eliminatórias.
E terá um talismã nas arquibancadas. Sua noiva Daniella Cicarelli estará no Rei Pelé. Nas partidas contra a Argentina, em Belo Horizonte, e Bolívia, em São Paulo, ela compareceu ao estádio e viu o futuro marido balançar as redes nada menos do que quatro vezes.
Líder invicto das eliminatórias, com apenas um ponto de vantagem sobre a eterna rival Argentina, o Brasil abre hoje sua participação no segundo turno da competição. Mesmo que tenha uma queda brusca de rendimento, ainda tem ótimas chances de classificação para a Copa da Alemanha, já que os quatro primeiros garantem vaga. O quinto ainda tem direito a uma repescagem contra o melhor país da Oceania.
Depois de pegar a Colômbia, o time de Parreira faz sua última partida no ano pelas eliminatórias em Quito, contra o Equador.
"Precisamos vencer esses dois jogos para acumular gordura", disse o treinador, que prefere não projetar quantos pontos seu time necessita para ir à Copa-2006.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Pingue-pongue: Para artilheiro, ato de Romário foi pretensioso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.