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TÊNIS
Meu novo melhor amigo
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Foi lindo.
Roger Federer, o melhor do
mundo, distribuía sorriso para
todos os lados. Dezenas de garotos (algumas meninas também),
olhinhos puxados, raquete à mão,
mal sabiam o que fazer. Na dúvida, corriam para perto do tenista.
Os flashes, então, espocavam.
Número um do ranking mundial, campeão da Corrida dos
Campeões, nova estrela do tênis,
o suíço aparecia para os novos fãs
na Tailândia com uma simpatia
exagerada, um entusiasmo incomum e uma camiseta cinza na
qual se lia uma palavra: "tennis".
Assim o tênis (ou "tennis") desembarcou de vez na Ásia. O mercado mais promissor, aos olhos
dos dirigentes da ATP, recebeu
nestas últimas semanas doses cavalares de tênis do mais alto nível.
Trate de acostumar-se, caro leitor, pois assim será.
Apenas o Japão, por décadas,
via o circuito profissional, com
seu torneio em Tóquio. No fim da
década passada, a Índia e a China entraram no bolo, com eventos
modestos, mas honestos, em
Chennai e Xangai. Agora, ninguém segura mais esse pedaço de
terra cheio de gente.
Em 2002, o Masters foi para
Xangai. No ano passado, Bancoc
ganhou seu ATP Tour. Neste ano,
Pequim entrou no mapa. E nada
de tenista de segunda linha. A
ATP e os organizadores não pouparam esforços (nem dinheiro)
para ter em seus ginásios Federer,
Andy Roddick, Marat Safin, Lleyton Hewitt, Carlos Moyá, Juan
Carlos Ferrero, Paradorn Srichaphan, David Nalbandian...
E nem só com ídolos a ATP traça seu futuro no mercado asiático. Quadras de tênis serão espalhadas pelo continente. Em Xangai, com o apoio da ATP, o governo está construindo um ginásio
para nada menos que 15 mil pessoas. Terá, ao todo, 20 quadras.
E o que parecia perfeito ficou
melhor ainda naquela semana
quando Federer fez contra Paradorn Srichaphan uma das semifinais do Torneio de Bancoc. A outra semifinal não poderia ser melhor: Roddick contra Safin.
Srichaphan fez uma das melhores atuações de sua carreira, levou a definição da partida para o
terceiro e decisivo set e só então
caiu diante de Federer. Raras vezes se viu uma ovação tão grande
quanto aquela ao fim da partida.
No dia seguinte, Federer disputou o título contra Roddick. Bateu
o rival, aumentou para 18 o número de jogos invicto contra adversários top ten, conquistou o
décimo título só nesta temporada
e marcou a 12ª vitória consecutiva em finais, feito só comparável
a Bjorn Borg e John McEnroe.
Mais do que o necessário. O papel de Federer havia terminado
uma semana antes, ao posar para
fotos com garotos de olhos puxados. A tarefa estava cumprida ali.
"Até agora, eu dava nota oito
para os eventos [de tênis] na Ásia.
Neste ano, dou nota dez. O público finalmente apareceu, e é para
isso que somos patrocinadores",
soltou o principal executivo de
uma das companhias que estão
injetando dinheiro para injetar o
tênis no mercado asiático.
Enquanto nosso melhor tenista
sofre e nossos torneios minguam,
do outro lado do planeta todo
mundo está feliz da vida.
No México
Nanda Alves ganhou no domingo o título do Torneio de Ciudad Juarez. É o terceiro de um evento equivalente à série challenger no ano.
Na Grande São Paulo
Francisco Costa bateu Thiago Alves na final do Future de Guarulhos.
No Centro-Oeste
O Pantanal Tennis Open reúne boas tenistas em Campo Grande.
No Sul
Valter Filho, Bruna Cunha (18 anos), João Souza, Gabriela Rangel
(16), Rafael Camilo, Lara Rafful (14), Eduardo Bencke e Marília Câmara (12) venceram a quarta etapa do Circuito Banco do Brasil.
E-mail reandaku@uol.com.br
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