São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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TÊNIS

Meu novo melhor amigo

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Foi lindo.
Roger Federer, o melhor do mundo, distribuía sorriso para todos os lados. Dezenas de garotos (algumas meninas também), olhinhos puxados, raquete à mão, mal sabiam o que fazer. Na dúvida, corriam para perto do tenista. Os flashes, então, espocavam.
Número um do ranking mundial, campeão da Corrida dos Campeões, nova estrela do tênis, o suíço aparecia para os novos fãs na Tailândia com uma simpatia exagerada, um entusiasmo incomum e uma camiseta cinza na qual se lia uma palavra: "tennis".
Assim o tênis (ou "tennis") desembarcou de vez na Ásia. O mercado mais promissor, aos olhos dos dirigentes da ATP, recebeu nestas últimas semanas doses cavalares de tênis do mais alto nível. Trate de acostumar-se, caro leitor, pois assim será.
Apenas o Japão, por décadas, via o circuito profissional, com seu torneio em Tóquio. No fim da década passada, a Índia e a China entraram no bolo, com eventos modestos, mas honestos, em Chennai e Xangai. Agora, ninguém segura mais esse pedaço de terra cheio de gente.
Em 2002, o Masters foi para Xangai. No ano passado, Bancoc ganhou seu ATP Tour. Neste ano, Pequim entrou no mapa. E nada de tenista de segunda linha. A ATP e os organizadores não pouparam esforços (nem dinheiro) para ter em seus ginásios Federer, Andy Roddick, Marat Safin, Lleyton Hewitt, Carlos Moyá, Juan Carlos Ferrero, Paradorn Srichaphan, David Nalbandian...
E nem só com ídolos a ATP traça seu futuro no mercado asiático. Quadras de tênis serão espalhadas pelo continente. Em Xangai, com o apoio da ATP, o governo está construindo um ginásio para nada menos que 15 mil pessoas. Terá, ao todo, 20 quadras.
E o que parecia perfeito ficou melhor ainda naquela semana quando Federer fez contra Paradorn Srichaphan uma das semifinais do Torneio de Bancoc. A outra semifinal não poderia ser melhor: Roddick contra Safin.
Srichaphan fez uma das melhores atuações de sua carreira, levou a definição da partida para o terceiro e decisivo set e só então caiu diante de Federer. Raras vezes se viu uma ovação tão grande quanto aquela ao fim da partida.
No dia seguinte, Federer disputou o título contra Roddick. Bateu o rival, aumentou para 18 o número de jogos invicto contra adversários top ten, conquistou o décimo título só nesta temporada e marcou a 12ª vitória consecutiva em finais, feito só comparável a Bjorn Borg e John McEnroe.
Mais do que o necessário. O papel de Federer havia terminado uma semana antes, ao posar para fotos com garotos de olhos puxados. A tarefa estava cumprida ali.
"Até agora, eu dava nota oito para os eventos [de tênis] na Ásia. Neste ano, dou nota dez. O público finalmente apareceu, e é para isso que somos patrocinadores", soltou o principal executivo de uma das companhias que estão injetando dinheiro para injetar o tênis no mercado asiático.
Enquanto nosso melhor tenista sofre e nossos torneios minguam, do outro lado do planeta todo mundo está feliz da vida.

No México
Nanda Alves ganhou no domingo o título do Torneio de Ciudad Juarez. É o terceiro de um evento equivalente à série challenger no ano.

Na Grande São Paulo
Francisco Costa bateu Thiago Alves na final do Future de Guarulhos.

No Centro-Oeste
O Pantanal Tennis Open reúne boas tenistas em Campo Grande.

No Sul
Valter Filho, Bruna Cunha (18 anos), João Souza, Gabriela Rangel (16), Rafael Camilo, Lara Rafful (14), Eduardo Bencke e Marília Câmara (12) venceram a quarta etapa do Circuito Banco do Brasil.

E-mail reandaku@uol.com.br


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