São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

Moedor de treinadores


Dos 19 técnicos do Corinthians desde 2001, dois completaram um ano de trabalho: Mano e Parreira


ANDRES SANCHEZ desmente, mas desde a noite de domingo só pensou em um nome para substituir Adilson Batista. Trata-se de Carlos Alberto Parreira. Fala a verdade sobre o encontro numa festa no Rio de Janeiro, há duas semanas, e sobre o convite inicial para que Parreira fosse coordenador de futebol. No entanto, a queda de Adilson precipitou o convite para treinador.
Mas Parreira prefere ficar com a família até o final do ano, compromisso que assumiu com Leila, sua esposa. Salvo mudança de opinião, não trocará a paz de seu lar pela guerra do Parque São Jorge.
Paz que o presidente do Corinthians teve durante três anos com Mano Menezes, administrador de conflitos por excelência. Como Parreira.
O técnico do tetra não tem sucesso como treinador desde que ganhou a Copa das Confederações pela seleção em 2005. Fracassou em suas últimas passagens pelo Fluminense e pela África do Sul. O que pode oferecer ao presidente do Corinthians? Administração de conflitos.
Não é acaso que, de 2001 para cá, em quase uma década, foram 19 passagens de treinadores, e só dois completaram um ano de trabalho: Parreira, em 2002, Mano Menezes, entre 2008 e 2010. Fora isso, o Corinthians é uma máquina de moer técnicos.
Adilson Batista resistiu por 17 partidas, número idêntico ao de Juninho Fonseca e ao da última passagem de Oswaldo de Oliveira, encerrada com uma derrota por 5 a 0 para o Atlético-PR no Pacaembu, em 2004. Nestes quase dez anos, só três treinadores, além de Mano e Parreira, emplacaram 50 partidas. Só Geninho (55), Tite (51) e Luxemburgo (67).
Zé Augusto, promovido dos juvenis, aguentou sete jogos, Darío Pereyra suportou seis, Júnior ficou apenas duas partidas.
Nada mais corintiano do que demitir treinador. Nada mais Brasileirão, também. Em 29 rodadas, houve 29 mudanças de técnico, o maior índice da história do campeonato por pontos corridos. A média caía ano a ano até 2008, talvez pela percepção de que o torneio é longo e exige planejamento. É provável que as reações do São Paulo, em 2008, e do Flamengo, em 2009, tenham dado a noção de que uma medida de choque pode provocar virada na tabela. Adilson pagou por isso e por seu estilo agressivo, ao montar o time sem proteger zagueiros nem cartolas. Mas pagou mesmo por trabalhar num clube que mói seus técnicos sem perdão. Não teve nem a chance de dar a Andres o título do primeiro turno, que virá com vitória hoje, ante o Vasco.

pvc@uol.com.br


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