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Copa-2014 segue maus exemplos
FUTEBOL
Segundo consultoria, evento gasta muito com estádios e pouco com infraestrutura das cidades
PEDRO SOARES
DO RIO
Em matéria de qualidade
de gasto e de conversão dos
investimentos em um legado
positivo para as cidades e para o país, o Brasil caminha
para repetir na Copa do Mundo de 2014 o fiasco da Olimpíada de Atenas, em 2004, do
Pan-Americano do Rio, em
2007, e até mesmo dos Jogos
Olímpicos de Montréal, em
1976, considerados o pior
exemplo da história.
A conclusão é de estudo
inédito da consultoria econômica LCA, obtido pela Folha.
É que os eventos de maior
êxito sob o ponto de vista
econômico e social, e não necessariamente no plano esportivo, consumiram proporcionalmente mais investimentos na infraestrutura das
cidades e menos em equipamentos esportivos.
Nos casos de sucesso listados pela LCA, o percentual
gasto em equipamentos esportivos oscila na faixa dos
10%, como na Olimpíada de
Barcelona, em 1992 (9,1%), e
na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006 (11,1%).
Para a próxima Copa do
Mundo, dos R$ 22,7 bilhões
de gastos previstos, 25% serão usados na construção de
estádios. O Brasil vai no mesmo caminho do último Mundial, na África do Sul, no qual
quase 28% do orçamento foi
alocado em arenas.
Autor do estudo, o economista Bráulio Borges, da
LCA, declara que o projeto
brasileiro tanto para a Copa
do Mundo de 2014 como para
a Olimpíada de 2016 não prevê investimentos significativos em revitalização de áreas
urbanas degradadas, novas
linhas de metrô e outros
meios de transporte nem na
melhoria da infraestrutura
urbana em geral.
"Não quero ser pessimista,
mas, com esse perfil de investimento, é muito pouco provável que esses eventos tragam grandes benefícios a
longo prazo", disse Borges.
Ele cita o caso de Barcelona, que revitalizou áreas degradadas e investiu pesado
em transporte. Resultado:
hoje, a cidade espanhola é
uma das mais visitadas do
continente europeu.
"O ganho com o turismo
depende muito do investimento em infraestrutura e do
bem-estar que ela proporciona ao viajante durante a Copa ou a Olimpíada. Isso projeta a cidade", afirmou.
Outros pontos a serem atacados são o atraso e a falta de
planejamento nas obras, que
têm como resultado orçamentos estourados.
"É o que temos visto já na
reforma e na construção de
alguns estádios para 2014",
declarou o economista.
Sem monitoramento e
controle, avalia, há o risco de
repetir os problemas da
Olimpíada de Atenas, em
2004. As obras custaram
mais do que o estimado e ainda geram uma despesa anual
de mais de US$ 100 milhões
com manutenção. Ou do
Pan-Americano do Rio, em
2007, cujos gastos estouraram em dez vezes o valor projetado inicialmente.
Ex-consultor da CBF, o
economista Carlos Langoni,
da FGV, diz, porém, que ainda é cedo para prever se haverá atrasos e se a infraestrutura urbana receberá pouco
dinheiro. "Os orçamentos
não estão totalmente detalhados, e os recursos podem
ser realocados", afirma.
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