São Paulo, domingo, 13 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Casos como os de Eduardo Uram no Flamengo e Wagner Ribeiro no São Paulo geram críticas e apreensão nos cartolas

Agentes desenvolvem "feudos" nos times

DA REPORTAGEM LOCAL
E COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Sem uma regulamentação específica para limitar o número de atletas que cada agente reconhecido pela Fifa pode ter, o futebol brasileiro assiste hoje a muitos "feudos" nos clubes, criados por empresários de atletas.
É o caso de Eduardo Uram, agente que mais representa atletas do Flamengo, time que luta contra o rebaixamento no Brasileiro. Ao todo são 16 jogadores, sendo 10 das categorias de base do clube carioca. Dentre os profissionais, gerencia as carreiras do goleiro Diego, do volante Jônatas, dos laterais Leonardo Moura e Leo Mattos, do meia-atacante Fellype Gabriel e do atacante Obina.
"Minha relação, para ter 16 atletas no Flamengo, é com os jogadores, e não com o clube. É um grupo de pessoas que foi falando de boca em boca do meu trabalho e da confiança de ter a mim como representante. Só não posso fazer negociação em bloco", diz Uram, que fundou a Brazil Soccer.
"O papel do empresário não é só negociar com dirigentes, é gerenciar carreiras. A quantidade é reflexo da estrutura que a pessoa tem. Damos assessoria jurídica e de imprensa. Trabalho com 60, 70 atletas", completa ele.
Segundo o gerente de futebol do Flamengo, Anderson Barros, o fato de Uram ter o direito de negociar contratos e agenciar as carreiras de 16 atletas no time é visto com ressalva pelos dirigentes. "No caso específico do Uram, o Flamengo tem que estar sempre muito atento. Não entendo de uma forma positiva que um agente tenha um controle de um número excessivo de atletas. Ele tem 40% dos jogadores do clube."
Segundo Barros, o Flamengo usa a renovação contratual por períodos longos, até 2008, como alternativa para driblar as desgastantes negociações com o agente.
Outro que surge como "persona non grata" na visão dos cartolas é Wagner Ribeiro, que "controla" mais de 80 atletas e atuou numa das maiores transações do Brasil: a venda de Robinho, do Santos para o Real Madrid, por US$ 30 milhões (quase R$ 65 milhões).
Para o presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, Ribeiro nunca mais negociará com o clube enquanto ele o administrar. "Como em todas as profissões, há bons e maus. Não foi boa a experiência com o Wagner por conta do episódio com o Kaká [na venda para o Milan, em 2003]."
"No São Paulo, tenho dez atletas. Se quisesse, teria 2.000 em vários clubes. Tenho muitos, 80, o ideal é 30. Mas com 80, percebi que o melhor é atuar em conjunto, por isso estou com o Juan e o Marcel Figer", diz Ribeiro.
No Paraná, quem dá as cartas é Gabriel Massa, filho do apresentador Ratinho. Neste ano ele passou na prova para agente, mas seu nome ainda falta ser publicado no site da Fifa. Ele trabalha com 11 atletas -seis estão no Coritiba e três no Atlético-PR.
"Nunca sei quem agencia qual atleta. Isso é ruim. Mas o agente tem que existir, dentro da norma da Fifa. Ele é como corretor de imóveis, o algodão entre os cristais", diz Mário Celso Petraglia, homem-forte do Atlético-PR.
Já no Corinthians, o agente Marcelo Djian detinha 14 atletas até agosto. "Eu confio nele", diz o atacante Jô. (CRISTIANO CIPRIANO POMBO, KLEBER TOMAZ E MARCUS VINÍCIUS MARINHO)

Texto Anterior: Outro lado: Confederação lê regulamento com outros olhos
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.