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FUTEBOL
Casos como os de Eduardo Uram no Flamengo e Wagner Ribeiro no São Paulo geram críticas e apreensão nos cartolas
Agentes desenvolvem "feudos" nos times
DA REPORTAGEM LOCAL
E COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Sem uma regulamentação específica para limitar o número de
atletas que cada agente reconhecido pela Fifa pode ter, o futebol
brasileiro assiste hoje a muitos
"feudos" nos clubes, criados por
empresários de atletas.
É o caso de Eduardo Uram,
agente que mais representa atletas
do Flamengo, time que luta contra o rebaixamento no Brasileiro.
Ao todo são 16 jogadores, sendo
10 das categorias de base do clube
carioca. Dentre os profissionais,
gerencia as carreiras do goleiro
Diego, do volante Jônatas, dos laterais Leonardo Moura e Leo
Mattos, do meia-atacante Fellype
Gabriel e do atacante Obina.
"Minha relação, para ter 16 atletas no Flamengo, é com os jogadores, e não com o clube. É um
grupo de pessoas que foi falando
de boca em boca do meu trabalho
e da confiança de ter a mim como
representante. Só não posso fazer
negociação em bloco", diz Uram,
que fundou a Brazil Soccer.
"O papel do empresário não é só
negociar com dirigentes, é gerenciar carreiras. A quantidade é reflexo da estrutura que a pessoa
tem. Damos assessoria jurídica e
de imprensa. Trabalho com 60, 70
atletas", completa ele.
Segundo o gerente de futebol do
Flamengo, Anderson Barros, o fato de Uram ter o direito de negociar contratos e agenciar as carreiras de 16 atletas no time é visto
com ressalva pelos dirigentes.
"No caso específico do Uram, o
Flamengo tem que estar sempre
muito atento. Não entendo de
uma forma positiva que um agente tenha um controle de um número excessivo de atletas. Ele tem
40% dos jogadores do clube."
Segundo Barros, o Flamengo
usa a renovação contratual por
períodos longos, até 2008, como
alternativa para driblar as desgastantes negociações com o agente.
Outro que surge como "persona
non grata" na visão dos cartolas é
Wagner Ribeiro, que "controla"
mais de 80 atletas e atuou numa
das maiores transações do Brasil:
a venda de Robinho, do Santos
para o Real Madrid, por US$ 30
milhões (quase R$ 65 milhões).
Para o presidente do São Paulo,
Marcelo Portugal Gouvêa, Ribeiro nunca mais negociará com o
clube enquanto ele o administrar.
"Como em todas as profissões, há
bons e maus. Não foi boa a experiência com o Wagner por conta
do episódio com o Kaká [na venda para o Milan, em 2003]."
"No São Paulo, tenho dez atletas. Se quisesse, teria 2.000 em vários clubes. Tenho muitos, 80, o
ideal é 30. Mas com 80, percebi
que o melhor é atuar em conjunto, por isso estou com o Juan e o
Marcel Figer", diz Ribeiro.
No Paraná, quem dá as cartas é
Gabriel Massa, filho do apresentador Ratinho. Neste ano ele passou
na prova para agente, mas seu nome ainda falta ser publicado no site da Fifa. Ele trabalha com 11 atletas -seis estão no Coritiba e três
no Atlético-PR.
"Nunca sei quem agencia qual
atleta. Isso é ruim. Mas o agente
tem que existir, dentro da norma
da Fifa. Ele é como corretor de
imóveis, o algodão entre os cristais", diz Mário Celso Petraglia,
homem-forte do Atlético-PR.
Já no Corinthians, o agente
Marcelo Djian detinha 14 atletas
até agosto. "Eu confio nele", diz o
atacante Jô.
(CRISTIANO CIPRIANO POMBO, KLEBER TOMAZ E MARCUS VINÍCIUS MARINHO)
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