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Nervoso, Palmeiras ganha e evita o perigo
Com lances de irritação e diante de um calmo Botafogo, time de Picerni mantém distância de seus rivais diretos de rebaixamento
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Juninho estava desde cedo
impaciente com Valdivia. O veterano meia já tinha berrado
uma vez com o jogador chileno
no primeiro tempo da partida
contra o Botafogo, ontem.
Nitidamente, Juninho não
estava satisfeito com o "Mago",
que insistia em passes mais arriscados e perdia a bola.
Na segunda vez, o chileno
não viu Juninho livre pela direita e tentou um passe por elevação para Enilton. Deu errado:
a bola desviou no corpo do botafoguense à sua frente.
Juninho deu as costas, abriu
os braços e franziu o rosto. Gritou: "Valdivia! Dá aqui, pô!".
O chileno fez sinal com a mão
de que tentou dar por cima. Juninho parecia querer dizer
"Faz mais simples". Era verdade. Valdivia tinha errado quatro passes em jogadas de mais
efeito, segundo o Datafolha, antes de acertar o lançamento para Juninho, aos 25min.
Dentro da área, o meia cruzou, o goleiro Max espalmou
para a frente e mal. Edmundo,
que passava por ali na hora, só
teve o trabalho de chutar: 1 a 0.
O gol poderia ter dado mais
tranqüilidade ao time do Palmeiras, que tinha diante de si
um Botafogo técnico, perigoso
e nada apressado. Mas não.
Três minutos após o gol, foi a
vez de Enilton mostrar como a
fuga do rebaixamento está mexendo com os nervos verdes.
O atacante ficou sozinho esperando o lateral Márcio Careca lhe dar um passe. Teria o gol
aberto para marcar. Só alegria.
Mas Márcio Careca decidiu
chutar a gol e perdeu. Enilton
se jogou de joelhos, estapeou o
chão. Levantou-se gritando impropérios e chutou a bola do
gandula que estava atrás do gol
botafoguense contra as placas
de publicidade da linha de fundo. Careca, assustado, disfarçou e saiu quieto da área.
O ataque de nervos de Enilton também desesperou Picerni, que levou as mãos à cabeça.
O cartão amarelo, porém, não
veio, e o primeiro tempo terminou com chuva forte e festa discreta no Parque Antarctica.
Mas a calma acabou aos 2min
do segundo tempo, quando o
Botafogo empatou. O Juninho
alvinegro bateu falta da esquerda, Diego Cavalieri demorou a
saltar, e a bola parou no seu
canto esquerdo.
Mais uma vez, Enilton mostrou-se destemperado. No
grande círculo, tal qual um
guarda irritadiço, empurrou ao
menos quatro jogadores do Botafogo, para que saíssem de seu
campo de defesa. Tinha pressa.
Para ver Enilton sorrir, foram precisos mais nove minutos, um passe de Paulo Baier e
uma furada de Edmundo, que
passava por ali na hora. Pegando meio torto, Enilton empurrou para as redes e festejou. No
fim, até Valdivia foi aplaudido.
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