São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2006 |
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Brasil testa nervos e vence maior rival
Já classificada para semifinais do Mundial do Japão, seleção feminina bate Rússia em jogo marcado por troca de farpas
MARIANA LAJOLO DA REPORTAGEM LOCAL A briga entre cubanas e brasileiras na semifinal da Olimpíada de Atlanta-1996 marcou época. Mas, para a nova geração do vôlei brasileiro, a rivalidade que provocava jogos tensos e acirrados, não faz mais sentido. Desde os Jogos de Sydney-2000, quando passou por reformulação, Cuba decaiu no cenário internacional. Com isso, as novatas comandadas pelo técnico José Roberto Guimarães não sabiam o que era ter de controlar os nervos diante de um arqui-rival. Isso até ontem. O que aconteceu em quadra na vitória de ontem sobre a Rússia, por 3 sets a 1 mostrou que o Brasil encontrou sua "nova Cuba" no Mundial do Japão. O auge da guerra de nervos entre as seleções aconteceu no quarto set de um confronto que já começou tenso, com provocações sutis entre as atletas. Até então, o time brasileiro, único invicto na competição, já havia marcado de virada 2 sets a 1 (27/29, 25/14 e 27/25). Com folga no placar (15 a 11), a equipe desperdiçou algumas ações e deixou a Rússia encostar. Em um lance controverso, o juiz marcou um erro de Fabiana, as atletas reclamaram, e o time levou um amarelo. Foi acesa a fagulha. Na seqüência, a gigante Merkulova (2,02 m) bloqueou Fabiana e vibrou olhando para a central, que se irritou. As duas trocaram farpas na rede, e o clima ferveu. Desde o início da partida, Zé Roberto também estava irritado e chiou o tempo todo com as marcações da arbitragem. Até a torcida precisou ser acalmada. Nas arquibancadas, são-paulinos e corintianos protagonizaram uma briga, que só foi contida após a intervenção de seguranças japoneses. Depois da partida, os torcedores tentaram invadir a quadra. "Provocaram, e fomos para cima. Ganhar foi bem bacana. Precisávamos abaixar a bola delas", disse a oposto Sheila. "Eu também não agüentaria a provocação. De vez em quando, acontece, mas é necessário parar, senão a situação é levada por anos. Isso não é saudável", completou Walewska. Nervosa, a seleção permitiu a virada russa, e a partida ficou ainda mais equilibrada. Mas logo as brasileiras retomaram o controle sobre o jogo e fecharam em 25/22 com Fabiana, autora de 16 pontos. O destaque da partida foi Sheilla, com 20. Fim de jogo e time mais calmo, Zé Roberto elogiou o desempenho da russas e mostrou o tamanho do efeito que uma vitória sobre as rivais pode ter sobre suas comandadas. "Quando jogamos contra a Rússia, é sempre uma ótima oportunidade para aprender. Jogamos melhor quando as enfrentamos. Elas têm um ataque poderoso, jogam como homens, são altas", afirmou. A avaliação não leva em conta só os resultados dos últimos duelos -o Brasil conquistou o hexa do Grand Prix em cima das russas. O principal trauma dessa geração tem as arqui-rivais como protagonistas. Nos Jogos de Atenas-2004, foi a Rússia que tirou do Brasil a chance de buscar o ouro. O time de Zé Roberto estava a um ponto da final (24/ 19), mas deixou a vitória escapar. Depois, amargou a quarta colocação. O caminho das duas seleções pode se cruzar novamente na final. A Rússia é favorita na semifinal, diante da Itália. O Brasil encara a mesma situação contra Sérvia e Montenegro, a surpresa do Mundial. A resposta será conhecida nesta quarta. BRASIL - Fofão (1 ponto), Sheilla (20), Walewska (13), Sassá (8), Jaqueline (14) e Fabi; Renatinha (2), Mari (2), Carol; RÚSSIA - Akulova (2), Boradakova (3), Godina (16), Safronova (8), Gamova (11), Merkulova (14) e Kryuchkova; Bruntseva, Sheshenina (1), Kulikova (3) Texto Anterior: Champ car: Bourdais fecha ano com vitória Próximo Texto: Adversário espera dar o troco na final Índice |
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