São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

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CICLISMO

Testes mostram 11 resultados positivos na Volta catarinense e inserem o país na rota de escândalos da modalidade

Prova em SC estabelece recorde de doping

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volta de Santa Catarina, disputada de 29 de agosto a 7 de setembro, bateu o recorde de doping do ciclismo nacional.
Segundo a CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo), em 30 exames realizados houve 11 casos positivos -36,6% do total.
Essa é uma taxa de incidência bastante alta. Segundo Eduardo de Rose, membro do conselho principal da Wada (Agência Mundial Antidoping), em competições internacionais como Olimpíadas, a taxa esperada de casos positivos é de 1% a 2%.
Os casos colocam o país na rota dos escândalos de doping que marcaram o ciclismo nos últimos anos. Em 1998, sete equipes foram expulsas da Volta da França, mais tradicional competição da modalidade, por causa de doping.
Os 11 exames positivos em Santa Catarina não implicam na existência do mesmo número de atletas dopados. Foram realizados controles no campeão de cada etapa, no líder da classificação geral e em um ciclista sorteado.
Com isso, alguns atletas fizeram mais de um exame e teriam sido flagrados várias vezes. Quatro ciclistas foram pegos no controle.
A Folha apurou que o campeão da Volta de Santa Catarina, o paranaense Evandro Portela, 25, seria um deles. Caso seja confirmado, Márcio May, 30, da equipe Memorial, passa a ser o campeão.
A análise do material, feita pelo Ladetec, laboratório do Rio credenciado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) para realizar antidoping, detectou a presença de norandrosterona ou níveis altos de testosterona (hormônio masculino) nos casos positivos.
A norandrosterona é o resultado da metabolização da nandrolona no organismo. Ambas substâncias são esteróides anabólicos, grupo de drogas que aumentam a força e a potência muscular.
O material foi remetido à UCI (União Ciclística Internacional), que pode punir os atletas com dois anos de suspensão. "A UCI é quem vai confirmar ou não os casos", conta José Luiz Vasconcellos, vice-presidente da CBC.
Em abril, na Volta do Rio, já houve cinco casos positivos. Entre os punidos estão nomes de ponta do país, como Daniel Rogelin, que perdeu o título da competição, e Nilceu dos Santos, vencedor da prova 9 de Julho de 2001. "Pela primeira vez há controles rígidos no país. Por isso, os casos estão aparecendo", diz Vasconcellos.
Apesar disso, a CBC ainda não fez exames para detectar a eritropoietina, droga disseminada no ciclismo, que estimula a produção de glóbulos vermelhos, melhorando a oxigenação sanguínea.


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