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CICLISMO
Testes mostram 11 resultados positivos na Volta catarinense e inserem o país na rota de escândalos da modalidade
Prova em SC estabelece recorde de doping
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volta de Santa Catarina, disputada de 29 de agosto a 7 de setembro, bateu o recorde de doping do ciclismo nacional.
Segundo a CBC (Confederação
Brasileira de Ciclismo), em 30
exames realizados houve 11 casos
positivos -36,6% do total.
Essa é uma taxa de incidência
bastante alta. Segundo Eduardo
de Rose, membro do conselho
principal da Wada (Agência
Mundial Antidoping), em competições internacionais como
Olimpíadas, a taxa esperada de
casos positivos é de 1% a 2%.
Os casos colocam o país na rota
dos escândalos de doping que
marcaram o ciclismo nos últimos
anos. Em 1998, sete equipes foram
expulsas da Volta da França, mais
tradicional competição da modalidade, por causa de doping.
Os 11 exames positivos em Santa
Catarina não implicam na existência do mesmo número de atletas dopados. Foram realizados
controles no campeão de cada
etapa, no líder da classificação geral e em um ciclista sorteado.
Com isso, alguns atletas fizeram
mais de um exame e teriam sido
flagrados várias vezes. Quatro ciclistas foram pegos no controle.
A Folha apurou que o campeão
da Volta de Santa Catarina, o paranaense Evandro Portela, 25, seria um deles. Caso seja confirmado, Márcio May, 30, da equipe
Memorial, passa a ser o campeão.
A análise do material, feita pelo
Ladetec, laboratório do Rio credenciado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) para realizar
antidoping, detectou a presença
de norandrosterona ou níveis altos de testosterona (hormônio
masculino) nos casos positivos.
A norandrosterona é o resultado da metabolização da nandrolona no organismo. Ambas substâncias são esteróides anabólicos,
grupo de drogas que aumentam a
força e a potência muscular.
O material foi remetido à UCI
(União Ciclística Internacional),
que pode punir os atletas com
dois anos de suspensão. "A UCI é
quem vai confirmar ou não os casos", conta José Luiz Vasconcellos, vice-presidente da CBC.
Em abril, na Volta do Rio, já
houve cinco casos positivos. Entre
os punidos estão nomes de ponta
do país, como Daniel Rogelin, que
perdeu o título da competição, e
Nilceu dos Santos, vencedor da
prova 9 de Julho de 2001. "Pela
primeira vez há controles rígidos
no país. Por isso, os casos estão
aparecendo", diz Vasconcellos.
Apesar disso, a CBC ainda não
fez exames para detectar a eritropoietina, droga disseminada no
ciclismo, que estimula a produção
de glóbulos vermelhos, melhorando a oxigenação sanguínea.
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