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MOTOR
Pontos na carteira
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Enquanto alguns congressistas do bananal discutem o
abrandamento do Código Nacional de Trânsito, Max Mosley faz
lobby para estabelecer sistema semelhante no Mundial de F-1.
Em janeiro, o presidente da FIA
discutirá com os times sua nova
proposta de punição. Por ela, os
comissários não mais aplicariam
penas imediatas, como "stop &
go" e "drive-through". Ficariam
eliminados assim os julgamentos
precipitados -ninguém disse isso, mas está claro que o motivo
principal é a polêmica em torno
de Montoya em Indianápolis.
Mosley quer a adoção de um
método de pontuação. Após as
corridas, os comissários ouviriam
os pilotos envolvidos em incidentes e, com a análise das imagens e
da telemetria, atribuiriam de um
a 11 pontos aos culpados, conforme a gravidade da falta. A soma
de 12 pontos em uma mesma temporada significaria suspensão de
uma corrida para o beligerante.
A mídia européia compara o
sistema aos cartões do futebol. O
presidente da FIA prefere dizer
que sua idéia é mais original e
mais justa que os amarelos e vermelhos dos árbitros de apito.
De fato, com relatos e dados em
mãos, os comissários teriam melhores condições de decidir. Pelo
menos em tese, minimiza-se também a falta de padrão nos critérios de punição, uma queixa antiga dos pilotos (o time de comissários muda a cada GP, já que tradicionalmente parte do grupo é
composta por pessoal local).
Tudo isso, no entanto, é apenas
teoria. Se a preocupação é coibir
decisões equivocadas no calor da
disputa, o ambiente da torre de
controle, dependendo do acidente, pode ser por demais frio.
O piloto teria como cometer
uma barbaridade na pista e continuar nela, algo que o atual sistema se esforça em não permitir.
Em outras palavras, se hoje uma
intervenção durante a corrida pode prejudicar a disputa, a falta de
uma amanhã pode ser igualmente danosa -ainda mais em tempos de escudeiros tão ativos.
Até que ponto os comissários
poderão intervir durante o curso
do evento -é evidente que recursos como a bandeira preta não serão extintos- continuará sendo
uma decisão de caráter subjetivo.
Por sua própria natureza de risco, o esporte a motor tende a dramatizar excessivamente seus julgamentos. Um ato violento na
pista pode ser traduzido como
uma ameaça à vida alheia. E
poucos são os pilotos que toleram
atitudes agressivas -quem não
se lembra de Schumacher peitando Coulthard nos boxes de Spa?
Evidente, o arbítrio é necessário, já que nossa pretensa civilidade impede que a F-1 se transforme
em uma corrida de bigas. Como
ele se dá, porém, continuará sempre sendo objeto de discussão.
Com ou sem passagens pelos boxes, com ou sem pontuações, o
público nunca concordará integralmente com os comissários.
A tentativa de aprimorar o trabalho deles ou torná-lo mais palatável ao público, enfim, é válida. Agora, achar que um piloto
vai considerar tudo isso na hora
de jogar o carro em cima do outro
é acreditar em contos de fada.
A F-1 é feita de profissionais, até
quando se trata de foras-da-lei.
Barrichello
Dizem que o brasileiro recebeu oferta de renovação da Ferrari para
mais um ano de contrato -a pedido de Schumacher. É reserva de
mercado, já que o time não quer entregar piloto de ponta à rival Williams. Agora, será que interessa mais duas temporadas de escudo?
Frentzen
Aquele que um dia foi tratado como aspirante a estrela vai correr na
DTM. Na Opel, contra outro ex-aspirante, Jean Alesi, da Mercedes.
Ecclestone
Montezemolo disse que as montadoras precisam do chefão para lidar com os bancos. Ou seja, sua era ainda está longe do fim. Na hora
de sujar as mãos, Ecclestone está sempre lá. Isso explica tanto poder.
E-mail mariante@uol.com.br
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