UOL


São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

Pontos na carteira

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Enquanto alguns congressistas do bananal discutem o abrandamento do Código Nacional de Trânsito, Max Mosley faz lobby para estabelecer sistema semelhante no Mundial de F-1.
Em janeiro, o presidente da FIA discutirá com os times sua nova proposta de punição. Por ela, os comissários não mais aplicariam penas imediatas, como "stop & go" e "drive-through". Ficariam eliminados assim os julgamentos precipitados -ninguém disse isso, mas está claro que o motivo principal é a polêmica em torno de Montoya em Indianápolis.
Mosley quer a adoção de um método de pontuação. Após as corridas, os comissários ouviriam os pilotos envolvidos em incidentes e, com a análise das imagens e da telemetria, atribuiriam de um a 11 pontos aos culpados, conforme a gravidade da falta. A soma de 12 pontos em uma mesma temporada significaria suspensão de uma corrida para o beligerante.
A mídia européia compara o sistema aos cartões do futebol. O presidente da FIA prefere dizer que sua idéia é mais original e mais justa que os amarelos e vermelhos dos árbitros de apito.
De fato, com relatos e dados em mãos, os comissários teriam melhores condições de decidir. Pelo menos em tese, minimiza-se também a falta de padrão nos critérios de punição, uma queixa antiga dos pilotos (o time de comissários muda a cada GP, já que tradicionalmente parte do grupo é composta por pessoal local).
Tudo isso, no entanto, é apenas teoria. Se a preocupação é coibir decisões equivocadas no calor da disputa, o ambiente da torre de controle, dependendo do acidente, pode ser por demais frio.
O piloto teria como cometer uma barbaridade na pista e continuar nela, algo que o atual sistema se esforça em não permitir. Em outras palavras, se hoje uma intervenção durante a corrida pode prejudicar a disputa, a falta de uma amanhã pode ser igualmente danosa -ainda mais em tempos de escudeiros tão ativos.
Até que ponto os comissários poderão intervir durante o curso do evento -é evidente que recursos como a bandeira preta não serão extintos- continuará sendo uma decisão de caráter subjetivo.
Por sua própria natureza de risco, o esporte a motor tende a dramatizar excessivamente seus julgamentos. Um ato violento na pista pode ser traduzido como uma ameaça à vida alheia. E poucos são os pilotos que toleram atitudes agressivas -quem não se lembra de Schumacher peitando Coulthard nos boxes de Spa?
Evidente, o arbítrio é necessário, já que nossa pretensa civilidade impede que a F-1 se transforme em uma corrida de bigas. Como ele se dá, porém, continuará sempre sendo objeto de discussão. Com ou sem passagens pelos boxes, com ou sem pontuações, o público nunca concordará integralmente com os comissários.
A tentativa de aprimorar o trabalho deles ou torná-lo mais palatável ao público, enfim, é válida. Agora, achar que um piloto vai considerar tudo isso na hora de jogar o carro em cima do outro é acreditar em contos de fada.
A F-1 é feita de profissionais, até quando se trata de foras-da-lei.

Barrichello
Dizem que o brasileiro recebeu oferta de renovação da Ferrari para mais um ano de contrato -a pedido de Schumacher. É reserva de mercado, já que o time não quer entregar piloto de ponta à rival Williams. Agora, será que interessa mais duas temporadas de escudo?

Frentzen
Aquele que um dia foi tratado como aspirante a estrela vai correr na DTM. Na Opel, contra outro ex-aspirante, Jean Alesi, da Mercedes.
Ecclestone Montezemolo disse que as montadoras precisam do chefão para lidar com os bancos. Ou seja, sua era ainda está longe do fim. Na hora de sujar as mãos, Ecclestone está sempre lá. Isso explica tanto poder.

E-mail mariante@uol.com.br


Texto Anterior: Brasil goleia no Mundial sub-20 e faz semifinal contra a Argentina
Próximo Texto: Futebol - José Geraldo Couto: A praça é do povo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.