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PM é qualificada, mas exagera, diz tese
Estudo de mestrado analisa briga ocorrida no Couto Pereira dez anos antes de invasão de torcedores, há uma semana
Para pesquisador, policiais estão qualificados, porém cometem excessos em determinadas situações, frutos de carga emocional
LUCAS REIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1999, torcedores de Atlético-PR e Coritiba se enfrentaram no estádio Couto Pereira,
na capital paranaense. A segurança reforçada da Polícia Militar, que sabia do risco iminente
de brigas no clássico, não impediu a pancadaria generalizada.
Dez anos depois, torcedores
do Coritiba, revoltados com a
queda do clube alviverde à Série B do Campeonato Brasileiro, invadiram o gramado do
Couto Pereira. A segurança reforçada da polícia, que novamente sabia do perigo, não evitou a batalha campal.
O fato ocorrido no último domingo, na rodada final do Nacional, é uma cópia quase fiel da
briga de 1999, analisada em
uma dissertação de mestrado
defendida no início deste ano
por um tenente da Polícia Militar do Paraná, estudante de
ciências sociais da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Alfredo Euclides Dias Netto,
33, formado em educação física
e bacharel em segurança pública, realizou um estudo sobre o
caso de pancadaria de 1999 e
entrevistou policiais que participaram daquela confusão.
O tumulto do último domingo, que continua sendo investigado pela polícia, poderá ganhar conclusões semelhantes
ao caso estudado por Dias Netto. Na terça-feira, o primeiro
julgamento: o STJD (Superior
Tribunal de Justiça Desportiva) poderá tirar do Coritiba o
mando de 30 partidas, além de
aplicar multa de R$ 600 mil.
O estudo do tenente conclui,
entre outras coisas, que os policiais de Curitiba possuem treinamento e conhecimento para
enfrentar situações extremas,
além de considerarem as torcidas organizadas "um grupo de
baderneiros", que vão ao estádio gerar brigas e confusões.
Mas eles admitem: em certas
ocorrências, há um excesso por
parte de alguns, em virtude da
perda do controle ocasionado
pela carga emocional exigida
no momento da ação.
Questionado sobre a briga de
domingo, o tenente afirma que
não se pode procurar culpados.
"O descontrole de torcedores
não pode ser analisado de forma empírica. É preciso um estudo minucioso para se chegar
a conclusões. Mas nada justifica atos de barbárie como os vistos", disse. "Não se pode procurar culpados. Mais importante
do que isto é levantar os fatores
que levam torcedores a perderem o controle de seus atos."
Dias Netto, porém, vê diferenças entre os casos. "No domingo, o que se viu foi a torcida
de uma equipe apenas agredindo policiais, o time adversário,
a arbitragem, os seguranças do
clube e até mesmo os torcedores do mesmo time. Mas os aspectos levantados para a geração são muito semelhantes: em
situações adversas que causam
frustração, o indivíduo responde violentamente."
Os depoimentos dos policiais
que se envolveram na confusão
de 1999 revelam que, às vezes,
eles agem por instinto e que
suas atitudes podem causar
mais violência. No entanto, o
estudioso diz que a polícia local
é capacitada para atuar em estádios. "A polícia do Paraná está, sim, preparada para enfrentar situações como a ocorrida."
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