São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

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Cortada antes de Pequim, Joycinha brilha na Superliga

No Rio e sob a batuta de Bernardinho, oposto se torna a principal pontuadora e a atacante mais eficiente do torneio

Atleta, que chegou ao time com medo das broncas do treinador, diz ter superado o baque pré-Olimpíada e sonha em garantir vaga na seleção


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Joycinha só se encantou pelo vôlei quando viu pela primeira vez a seleção masculina. O ano era 1998, e, aos 14 anos, a jogadora ainda encarava o esporte como diversão, achava-se desengonçada demais para jogar.
Os treinadores que a assistiam, no entanto, discordavam. Não faltavam incentivos. Ainda adolescente, ela já tinha 1,84 m -hoje, aos 24, ostenta 1,91 m.
Apesar dos conselhos do pai, morto em 1994, que não queria ver a filha deixar a escola, Joycinha insistiu. E virou andarilha. Jogou em Guarulhos, São Caetano e Belo Horizonte até chegar ao Rio de Janeiro.
E na última parada, sob a batuta do técnico Bernardinho, atingiu o ápice. Joycinha é hoje a maior pontuadora (191 pontos) e a atacante mais eficiente da Superliga (29,28% de aproveitamento), deixando para trás campeãs olímpicas como Paula Pequeno e Mari.
A boa fase no clube é recompensa para uma temporada em que Joycinha chegou à seleção e esteve próxima da Olimpíada, mas teve de lidar com a frustração do corte -ficou no grupo de 14 atletas até pouco menos de um mês antes dos Jogos.
Hoje, divide a quadra com companheiras e adversárias que conquistaram a medalha de ouro e a homenagearam no alto do pódio em Pequim.
"Não esperava ser cortada, principalmente porque não era um torneio qualquer. Acompanhei toda a Olimpíada, mas, assim que saí da seleção, comecei a pensar só no clube", diz.
O primeiro desafio foi enfrentar o medo de Bernardinho. Joycinha imaginava que o técnico se comportaria sempre como ela via nos jogos pela TV, temia broncas e chegou ao primeiro treino apreensiva.
"Eu pensava: "Caramba, vou jogar com ele... E se ele brigar comigo?". Fui criando um monstro dentro da minha cabeça", relembra a atleta.
"E tudo isso foi ótimo porque, quando cheguei, conheci uma pessoa maravilhosa. Ele é exigente, sim, dá bronca quando você erra, mas elogia quando você acerta. Conversa com a gente fora do treino e do jogo, é até meio tímido. Não é nada do que eu imaginava. Estou aprendendo muito com ele", conta a atacante, aos risos.
Em sintonia com o treinador, a oposto passou a adquirir também mais entrosamento com Danielle Lins. Da lista de candidatas à vaga na seleção, a levantadora do Rio de Janeiro, líder da Superliga com 25 pontos, é uma das que mais têm se destacado no campeonato.
Ela ocupa a terceira colocação nas estatísticas, atrás de Fofão e Carol, titular e reserva nos Jogos de Pequim.
"Meu ataque melhorou muito, e eu e ela estamos nos dando muito bem", afirma Joycinha.
"Minha meta é continuar jogando bem, evoluindo, e ajudar o time a conquistar o título. Voltar à seleção será a consequência de um trabalho benfeito. E, se eu tiver novamente a chance, vou fazer de tudo para não largá-la", completa.


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