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Cortada antes de Pequim, Joycinha brilha na Superliga
No Rio e sob a batuta de Bernardinho, oposto se torna a principal pontuadora e a atacante mais eficiente do torneio
Atleta, que chegou ao time com medo das broncas do treinador, diz ter superado o baque pré-Olimpíada e sonha em garantir vaga na seleção
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Joycinha só se encantou pelo
vôlei quando viu pela primeira
vez a seleção masculina. O ano
era 1998, e, aos 14 anos, a jogadora ainda encarava o esporte
como diversão, achava-se desengonçada demais para jogar.
Os treinadores que a assistiam, no entanto, discordavam.
Não faltavam incentivos. Ainda
adolescente, ela já tinha 1,84 m
-hoje, aos 24, ostenta 1,91 m.
Apesar dos conselhos do pai,
morto em 1994, que não queria
ver a filha deixar a escola, Joycinha insistiu. E virou andarilha. Jogou em Guarulhos, São
Caetano e Belo Horizonte até
chegar ao Rio de Janeiro.
E na última parada, sob a batuta do técnico Bernardinho,
atingiu o ápice. Joycinha é hoje
a maior pontuadora (191 pontos) e a atacante mais eficiente
da Superliga (29,28% de aproveitamento), deixando para
trás campeãs olímpicas como
Paula Pequeno e Mari.
A boa fase no clube é recompensa para uma temporada em
que Joycinha chegou à seleção
e esteve próxima da Olimpíada,
mas teve de lidar com a frustração do corte -ficou no grupo de
14 atletas até pouco menos de
um mês antes dos Jogos.
Hoje, divide a quadra com
companheiras e adversárias
que conquistaram a medalha
de ouro e a homenagearam no
alto do pódio em Pequim.
"Não esperava ser cortada,
principalmente porque não era
um torneio qualquer. Acompanhei toda a Olimpíada, mas, assim que saí da seleção, comecei
a pensar só no clube", diz.
O primeiro desafio foi enfrentar o medo de Bernardinho. Joycinha imaginava que o
técnico se comportaria sempre
como ela via nos jogos pela TV,
temia broncas e chegou ao primeiro treino apreensiva.
"Eu pensava: "Caramba, vou
jogar com ele... E se ele brigar
comigo?". Fui criando um
monstro dentro da minha cabeça", relembra a atleta.
"E tudo isso foi ótimo porque, quando cheguei, conheci
uma pessoa maravilhosa. Ele é
exigente, sim, dá bronca quando você erra, mas elogia quando
você acerta. Conversa com a
gente fora do treino e do jogo, é
até meio tímido. Não é nada do
que eu imaginava. Estou aprendendo muito com ele", conta a
atacante, aos risos.
Em sintonia com o treinador,
a oposto passou a adquirir também mais entrosamento com
Danielle Lins. Da lista de candidatas à vaga na seleção, a levantadora do Rio de Janeiro, líder
da Superliga com 25 pontos, é
uma das que mais têm se destacado no campeonato.
Ela ocupa a terceira colocação nas estatísticas, atrás de
Fofão e Carol, titular e reserva
nos Jogos de Pequim.
"Meu ataque melhorou muito, e eu e ela estamos nos dando
muito bem", afirma Joycinha.
"Minha meta é continuar jogando bem, evoluindo, e ajudar
o time a conquistar o título.
Voltar à seleção será a consequência de um trabalho benfeito. E, se eu tiver novamente a
chance, vou fazer de tudo para
não largá-la", completa.
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