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Pontaria ruim faz Luxemburgo berrar em treino do Palmeiras
Com palavrões, ele tenta corrigir fundamento, o segundo pior do Paulista
RENAN CACIOLI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Gritos, palavrões e repetição.
É nesse tripé que o técnico
Vanderlei Luxemburgo vem se
apoiando para livrar o Palmeiras do incômodo de ter a segunda pior pontaria do Paulista.
Os berros não distinguem
novatos de veteranos. Seja na
orelha do jovem atacante
Lenny, 19, ou na do experiente
lateral-esquerdo Leandro, 28, a
bronca vem no mesmo volume.
"Ajeita o corpo", "só dá um
tapa na bola", "tem que pegar o
goleiro no contrapé". Todas estas frases, seguidas ou não de
um ou mais palavrões, foram
repetidas à exaustão no treino
de ontem à tarde, no CT.
Tudo para melhorar aquilo
que o time tem apresentado de
mais deficiente no campeonato. Com 28% de aproveitamento na pontaria, o Palmeiras só
não está com a mira mais descalibrada que a do lanterna Rio
Preto, que manda apenas
27,2% dos chutes na direção
certa, segundo o Datafolha.
"É normal o professor cobrar
bastante. E, se ele está cobrando, é porque tem alguma coisa
errada", disse o volante Pierre.
Pelo que os jogadores demonstraram ontem, muito errada. Os chutes reprisados durante aproximadamente duas
horas de treino tiraram Luxemburgo do sério. E aí sobrou
justamente para aqueles que
mais falharam no fundamento.
"Tá fazendo tudo ao contrário do que eu falei. Chega dando
o tapa na bola, cacete!", falou
para o ala-esquerdo Valmir, o
eleito da tarde para as frases
mais raivosas do treinador.
No calor da repreensão, sobrou até para a principal estrela
da equipe. "Tá chutando melhor com a esquerda que com a
direita, Valdivia? Que merda,
hein?!", disse de forma irônica
para o meia chileno, que é destro. A resposta do atleta veio
com um sorriso meio sem jeito.
Nem o atacante Denílson escapou das duras de Luxemburgo. "Chuta essa porra com a esquerda!", esbravejou, impaciente, o treinador.
Isso porque o jogador, que já
reconheceu mais de uma vez a
dificuldade em finalizar com a
canhota, insistia em bater com
a perna direita mesmo quando
o exercício exigia o contrário.
"Todo mundo está acostumado com bronca. Ele grita para o bem do jogador", declarou
Leandro, habituado ao estilo
irado de Luxemburgo desde
2003, quando trabalharam juntos no Cruzeiro.
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