São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Corinthians põe à prova gestão tampão

Clube promove hoje, após sete anos, a primeira eleição direta por meio de associados para indicar seu 35º presidente

Favorito, Andres Sanchez revive apuros de Dualib com a enxurrada de denúncias de seus concorrentes, Paulo Garcia e Osmar Stábile

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

O cartola que ajudou a derrubar Alberto Dualib, então sufocado por uma série de denúncias, dívidas e negociações nebulosas, tenta hoje se reeleger na presidência do Corinthians.
Fortalecido pela volta do time à Série A e pela contratação bombástica de Ronaldo, Andres Sanchez, 45, chega às urnas como favorito, mas também vivendo situação semelhante à de seu antecessor.
Chovem acusações da oposição, a falta de dinheiro faz estrago no time de futebol e o lema "Renovação e Transparência" foi ofuscado por negociações mal explicadas.
De quebra, é acusado de promover ações eleitoreiras, como o anúncio feito ontem da renovação com a Nike, por R$ 15 milhões, mais 18% da venda de produtos com as duas marcas.
O aperto financeiro é tão grande que o clube alvinegra pegará R$ 11 milhões já.
Concorrem com Andres, eleito para mandato "tampão" no ano passado, Paulo Garcia, 55, e Osmar Stábile, 55.
O pleito que escolherá o 35º presidente (na verdade, foram 28 mandatários e alguns deles exerceram o cargo mais de uma vez) do clube pelos próximos três anos será feito, depois de sete anos, pelos associados.
A eleição ocorrerá entre as 9h e as 17h no ginásio do Parque São Jorge. Mais de 10 mil associados têm direito a voto, mas a estimativa é que cerca de 2.000 escolham o mandatário.
Uma lista de sócios foi definida pelos três candidatos e 463 foram retirados por não estarem em dia com a mensalidade.
Nas últimas semanas, a disputa política se intensificou com ataques à gestão atual. Os oposicionistas se apoiaram principalmente no insucesso da diretoria até o momento em conseguir um patrocinador.
"Nunca vi ficar dois meses sem um patrocínio. A última vez que isso aconteceu foi na época em que o futebol era amador", afirma Garcia.
A contratação de Ronaldo, alardeada como uma grande jogada de marketing, também foi questionada. "No Flamengo, era de graça. Aqui, o clube lhe paga R$ 400 mil para ele fazer esteira", ironiza Stábile.
Sobre o patrocínio, Andres diz que conseguirá o maior da história do clube. "Se eu tiver sucesso, vão falar que sou o melhor. Se não tiver, eu não presto. É assim que funciona."
Enquanto isso não acontece, a dívida do clube permanece acima dos R$ 100 milhões e a dificuldade para honrar os compromissos é cada vez maior, inclusive no futebol, que sofre com direitos de imagem atrasados. Os salários, no entanto, estão em dia. Outros compromissos, alega a diretoria, estão sendo renegociados.
Reflexo dos 14 anos da gestão Alberto Dualib, os três candidatos já participaram da administração anterior. Todos, porém, têm feito esforço para desvincular suas imagens dele. E todos, ao mesmo tempo, buscam associar a imagem de seus concorrentes a do ex-presidente.
Durante a semana, até DVDs com trechos de programas esportivos na época em que Andres Sanchez era vice de futebol de Dualib foram divulgados.
A situação também lembra a ligação entre Dualib e Antonio Roque Citadini e Emerson Piovesan, candidatos a vice de Garcia, e ainda a época em que Stábile foi vice de esportes terrestres na gestão anterior.
Dualib diz estar neutro no pleito, mas tem atacado a atual gestão, principalmente nos casos de negociações de atletas.
A venda de 10% dos direitos de Jô para o agente Giuliano Bertolucci foi a que gerou mais polêmica por envolver um empresário que atua com Kia Joorabchian, ex-presidente da MSI, e que dias depois lucrou com a transferência do atleta do CSKA para o Manchester City. Andres alega que, se não vendesse, o clube não lucraria.
A presença do empresário Carlos Leite no clube também gera críticas. O agente representa o treinador Mano Menezes e alguns atletas. No ano passado, emprestou R$ 600 mil para as contratações de Eduardo Ramos e Wellington Saci.


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