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Corinthians põe à prova gestão tampão
Clube promove hoje, após sete anos, a primeira eleição direta por meio de associados para indicar seu 35º presidente
Favorito, Andres Sanchez
revive apuros de Dualib com
a enxurrada de denúncias
de seus concorrentes, Paulo Garcia e Osmar Stábile
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
O cartola que ajudou a derrubar Alberto Dualib, então sufocado por uma série de denúncias, dívidas e negociações nebulosas, tenta hoje se reeleger
na presidência do Corinthians.
Fortalecido pela volta do time à Série A e pela contratação
bombástica de Ronaldo, Andres Sanchez, 45, chega às urnas como favorito, mas também vivendo situação semelhante à de seu antecessor.
Chovem acusações da oposição, a falta de dinheiro faz estrago no time de futebol e o lema "Renovação e Transparência" foi ofuscado por negociações mal explicadas.
De quebra, é acusado de promover ações eleitoreiras, como
o anúncio feito ontem da renovação com a Nike, por R$ 15 milhões, mais 18% da venda de
produtos com as duas marcas.
O aperto financeiro é tão
grande que o clube alvinegra
pegará R$ 11 milhões já.
Concorrem com Andres,
eleito para mandato "tampão"
no ano passado, Paulo Garcia,
55, e Osmar Stábile, 55.
O pleito que escolherá o 35º
presidente (na verdade, foram
28 mandatários e alguns deles
exerceram o cargo mais de uma
vez) do clube pelos próximos
três anos será feito, depois de
sete anos, pelos associados.
A eleição ocorrerá entre as
9h e as 17h no ginásio do Parque São Jorge. Mais de 10 mil
associados têm direito a voto,
mas a estimativa é que cerca de
2.000 escolham o mandatário.
Uma lista de sócios foi definida pelos três candidatos e 463
foram retirados por não estarem em dia com a mensalidade.
Nas últimas semanas, a disputa política se intensificou
com ataques à gestão atual. Os
oposicionistas se apoiaram
principalmente no insucesso
da diretoria até o momento em
conseguir um patrocinador.
"Nunca vi ficar dois meses
sem um patrocínio. A última
vez que isso aconteceu foi na
época em que o futebol era
amador", afirma Garcia.
A contratação de Ronaldo,
alardeada como uma grande jogada de marketing, também foi
questionada. "No Flamengo,
era de graça. Aqui, o clube lhe
paga R$ 400 mil para ele fazer
esteira", ironiza Stábile.
Sobre o patrocínio, Andres
diz que conseguirá o maior da
história do clube. "Se eu tiver
sucesso, vão falar que sou o melhor. Se não tiver, eu não presto. É assim que funciona."
Enquanto isso não acontece,
a dívida do clube permanece
acima dos R$ 100 milhões e a
dificuldade para honrar os
compromissos é cada vez
maior, inclusive no futebol, que
sofre com direitos de imagem
atrasados. Os salários, no entanto, estão em dia. Outros
compromissos, alega a diretoria, estão sendo renegociados.
Reflexo dos 14 anos da gestão
Alberto Dualib, os três candidatos já participaram da administração anterior. Todos, porém,
têm feito esforço para desvincular suas imagens dele. E todos, ao mesmo tempo, buscam
associar a imagem de seus concorrentes a do ex-presidente.
Durante a semana, até DVDs
com trechos de programas esportivos na época em que Andres Sanchez era vice de futebol de Dualib foram divulgados.
A situação também lembra a
ligação entre Dualib e Antonio
Roque Citadini e Emerson Piovesan, candidatos a vice de Garcia, e ainda a época em que Stábile foi vice de esportes terrestres na gestão anterior.
Dualib diz estar neutro no
pleito, mas tem atacado a atual
gestão, principalmente nos casos de negociações de atletas.
A venda de 10% dos direitos
de Jô para o agente Giuliano
Bertolucci foi a que gerou mais
polêmica por envolver um empresário que atua com Kia Joorabchian, ex-presidente da
MSI, e que dias depois lucrou
com a transferência do atleta
do CSKA para o Manchester
City. Andres alega que, se não
vendesse, o clube não lucraria.
A presença do empresário
Carlos Leite no clube também
gera críticas. O agente representa o treinador Mano Menezes e alguns atletas. No ano passado, emprestou R$ 600 mil
para as contratações de Eduardo Ramos e Wellington Saci.
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