São Paulo, domingo, 14 de fevereiro de 2010

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Crise esfria outra festa dos EUA

Após Super Bowl, é a vez de o Jogo das Estrelas da NBA conviver com ameaça de paralisação em 2011

Sob alegação de dificuldades financeiras, donos de times planejam cortes nos salários e provocam a revolta dos jogadores e seus sindicatos

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo segundo final de semana seguido, o bilionário esporte americano faz uma festa que pode não acontecer em 2011.
Depois do Super Bowl, a decisão da NFL, a liga do futebol americano, hoje é a vez de o Jogo das Estrelas da NBA, em Dallas, ter uma disputa sindical ofuscando o brilho do evento.
As duas modalidades, que dividem com o beisebol a preferência dos americanos, vivem um clima de guerra entre os donos de equipes e seus jogadores e caminham firme para a paralisação total em 2011.
Reflexos atrasados da crise econômica mundial que aparecem agora, quando os dois lados negociam um novo acordo coletivo de trabalho, prática comum no esporte dos Estados Unidos e que acontece geralmente a cada cinco temporadas -tanto no caso da NFL quanto no da NBA, o atual acordo encerra-se no próximo ano.
Alegando queda no faturamento por causa da crise mundial, os donos dos times querem, segundo os jogadores, passar a tesoura em seus salários.
Na NFL, a parte dos atletas no faturamento anual de US$ 8 bilhões (quase R$ 15 bilhões) cairia dos atuais 59% para 41%. Isso, segundo o sindicato dos jogadores, representará uma redução média de US$ 340 mil (quase R$ 630 mil) no salário de cada jogador por temporada.
Assim, segundo DeMaurice Smith, o diretor-executivo dos jogadores de futebol americano, a chance de uma paralisação no próximo ano é de "14 em uma escala de 1 a 10".
Durante a semana que antecedeu o Jogo das Estrelas de hoje, os jogadores do basquete profissional também deram sinais claros de que cruzarão os braços no próximo ano.
A primeira proposta dos donos para o novo acordo coletivo de trabalho causou revolta entre os atletas. Não sem motivos.
A NBA também quer uma redução drástica na participação dos jogadores no faturamento da liga, passando dos atuais 57% para cerca de 45%, o que representaria uma queda de US$ 600 milhões (cerca de R$ 1,11 bilhão) na folha de pagamento dos 30 times do torneio.
E não é só isso. Os proprietários das franquias querem diminuir o tempo máximo de contrato dos atletas e ainda limitar os maiores vencimentos, o que afetaria os astros que estão em fase de renovação de contrato, como LeBron James e Kobe Bryant. Hoje, eles podem assinar contratos com valor total superior a US$ 100 milhões. Pelas novas regras sugeridas pelos donos, o teto seria de US$ 60 milhões.
Os times ainda querem radicalizar a política de teto para a sua folha de pagamentos, acabando com algumas exceções que permitem às equipes mais ricas contratar jogadores que não entram na conta do teto.
Para justificar suas propostas, os donos de equipes da NBA e da NFL dizem que seus ganhos caem enquanto os salários dos jogadores só crescem.
No caso do futebol americano, dão como exemplo o tradicional Green Bay Packers, que teria diminuído seus lucros em 40%. Os atletas declaram que gostariam de ver os números de todos os times. Na NBA, mais da metade das equipes ficou no vermelho nos últimos anos.
Tanto no caso do futebol americano quanto no do basquete, os jogadores dizem que os donos querem, havendo um esforço para isso, que as ligas sejam paralisadas em 2011.
Segundo eles, mesmo sem jogos, as emissoras de TV teriam que pagar pelos direitos de transmissão. Assim, sem ter que bancar a folha salarial, haveria lucro certo para os times.


Com agências internacionais


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