São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2004

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BOXE

Oportunidade perdida

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Qual jovem promessa não gostaria de fazer a luta de fundo de uma rede de TV norte-americana de alcance nacional?
Se a questão for dirigida a um brasileiro e a TV for a Showtime (que exibe lutas de Popó), então...
Então por que o meio-pesado Laudelino Barros (18 vitórias e 1 derrota), alegando não conseguir "dar o peso", desistiu de luta com Darnell Wilson (16 vitórias e 1 derrota), a principal da edição da próxima quinta-feira do programa "Shobox" (destinado a abrir espaço a jovens promissores)?
A oportunidade de encabeçar a programação do "Shobox" havia caído no colo de Barros por acaso.
Curiosamente, foi graças ao cancelamento da luta de fundo original, envolvendo Danny Batchelder, justamente quem havia imposto a primeira derrota profissional a Barros, em 2003.
Só aí é que o brasileiro, que participaria da preliminar, foi elevado à condição de protagonista.
O departamento de imprensa da Showtime não perdeu tempo e começou a promover fervorosamente nesta semana o encontro entre Barros e Wilson como "uma excelente luta entre brigadores".
Mais do que informar que o combate, previsto para 12 assaltos, seria válido pelo cinturão, vago, dos cruzadores da IBA (Associação Internacional de Boxe), a Showtime divulgou à imprensa a seguinte descrição do brasileiro: "Barros gosta de imprimir ritmo fortíssimo e possui terrível pegada. Ele vem de vitória em três assaltos sobre Jorge Guerrero, em 6 de março. Barros, cuja única derrota foi para o respeitável Danny Batchelder, cresceu próximo à floresta amazônica e, na infância, trabalhou em canaviais e fazia caratê nas horas vagas".
A seguir, a Showtime concluiu: "Ótimo amador, Barros integrou a seleção brasileira amadora de 2000. Disputou campeonatos internacionais na Austrália, Rússia, Cuba, Equador, Porto Rico, Argentina e EUA. Passou a profissional em fevereiro de 2001".
Quem já havia visto uma emissora dos EUA dar tanta bola para um brasileiro? Recentemente, só a mesma Showtime, com Popó.
Coincidência ou não, esta desistência de Barros lembra outro incidente envolvendo o brasileiro. Em 2003, formalizou desafio a Mário Soares, campeão nacional dos meio-pesados. Depois, desconversou, disse que seu time nos EUA o havia proibido de disputar o título -tal informação não foi confirmada pelos americanos.
No caso da luta do "Shobox", há algumas questões. A luta com Wilson estava pactada para os 81,7 kg. Barros chegou aos EUA com 92,6 kg e baixou para 88,9 kg. Mas, se sempre foi meio-pesado (até 79,3 kg), qual a dificuldade para baixar para o peso firmado? Barros desembarcou nos EUA dia 3. Por que esperar até anteontem para avisar que não daria o peso?
"Desisti porque não conseguia dar o peso, estava com tonturas. É verdade, eu deveria ter avisado antes, logo após a luta com o Batchelder, que queria subir de peso. Mas sabe como é, sempre fica aquela esperança de que você vai conseguir", justificou-se Barros.
De todo modo, com ou sem justificativa válida, essa foi uma ótima oportunidade desperdiçada.

Brasil 1
O canal Premiere exibe amanhã, em pay-per-view, a segunda edição do Jungle Fight, co-organizada pelo japonês Antonio Inoki. A transmissão tem início às 23h50. Inoki ganhou fama ao participar de uma luta com Muhammad Ali, em um evento promovido pela precursora da WWE, que é a mais tradicional firma de telecatch dos EUA.

Brasil 2
Servílio de Oliveira embarca para os EUA na próxima terça-feira para tentar resolver pendência com o leve Juliano Ramos, que afirmou que não o quer mais como manager. Enquanto isso, o promotor de Ramos, Arthur Pelullo, disse que pagará normalmente o lutador para sua luta da próxima sexta-feira, mas que deixará "congelada" a parte que cabe ao manager até que a questão esteja resolvida.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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