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BOXE
Oportunidade perdida
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Qual jovem promessa não
gostaria de fazer a luta de
fundo de uma rede de TV norte-americana de alcance nacional?
Se a questão for dirigida a um
brasileiro e a TV for a Showtime
(que exibe lutas de Popó), então...
Então por que o meio-pesado
Laudelino Barros (18 vitórias e 1
derrota), alegando não conseguir
"dar o peso", desistiu de luta com
Darnell Wilson (16 vitórias e 1
derrota), a principal da edição da
próxima quinta-feira do programa "Shobox" (destinado a abrir
espaço a jovens promissores)?
A oportunidade de encabeçar a
programação do "Shobox" havia
caído no colo de Barros por acaso.
Curiosamente, foi graças ao
cancelamento da luta de fundo
original, envolvendo Danny Batchelder, justamente quem havia
imposto a primeira derrota profissional a Barros, em 2003.
Só aí é que o brasileiro, que participaria da preliminar, foi elevado à condição de protagonista.
O departamento de imprensa
da Showtime não perdeu tempo e
começou a promover fervorosamente nesta semana o encontro
entre Barros e Wilson como "uma
excelente luta entre brigadores".
Mais do que informar que o
combate, previsto para 12 assaltos, seria válido pelo cinturão, vago, dos cruzadores da IBA (Associação Internacional de Boxe), a
Showtime divulgou à imprensa a
seguinte descrição do brasileiro:
"Barros gosta de imprimir ritmo
fortíssimo e possui terrível pegada. Ele vem de vitória em três assaltos sobre Jorge Guerrero, em 6
de março. Barros, cuja única derrota foi para o respeitável Danny
Batchelder, cresceu próximo à floresta amazônica e, na infância,
trabalhou em canaviais e fazia
caratê nas horas vagas".
A seguir, a Showtime concluiu:
"Ótimo amador, Barros integrou
a seleção brasileira amadora de
2000. Disputou campeonatos internacionais na Austrália, Rússia,
Cuba, Equador, Porto Rico, Argentina e EUA. Passou a profissional em fevereiro de 2001".
Quem já havia visto uma emissora dos EUA dar tanta bola para
um brasileiro? Recentemente, só a
mesma Showtime, com Popó.
Coincidência ou não, esta desistência de Barros lembra outro incidente envolvendo o brasileiro.
Em 2003, formalizou desafio a
Mário Soares, campeão nacional
dos meio-pesados. Depois, desconversou, disse que seu time nos
EUA o havia proibido de disputar
o título -tal informação não foi
confirmada pelos americanos.
No caso da luta do "Shobox", há
algumas questões. A luta com
Wilson estava pactada para os
81,7 kg. Barros chegou aos EUA
com 92,6 kg e baixou para 88,9 kg.
Mas, se sempre foi meio-pesado
(até 79,3 kg), qual a dificuldade
para baixar para o peso firmado?
Barros desembarcou nos EUA dia
3. Por que esperar até anteontem
para avisar que não daria o peso?
"Desisti porque não conseguia
dar o peso, estava com tonturas. É
verdade, eu deveria ter avisado
antes, logo após a luta com o Batchelder, que queria subir de peso.
Mas sabe como é, sempre fica
aquela esperança de que você vai
conseguir", justificou-se Barros.
De todo modo, com ou sem justificativa válida, essa foi uma ótima oportunidade desperdiçada.
Brasil 1
O canal Premiere exibe amanhã, em pay-per-view, a segunda edição
do Jungle Fight, co-organizada pelo japonês Antonio Inoki. A transmissão tem início às 23h50. Inoki ganhou fama ao participar de uma
luta com Muhammad Ali, em um evento promovido pela precursora
da WWE, que é a mais tradicional firma de telecatch dos EUA.
Brasil 2
Servílio de Oliveira embarca para os EUA na próxima terça-feira para tentar resolver pendência com o leve Juliano Ramos, que afirmou
que não o quer mais como manager. Enquanto isso, o promotor de
Ramos, Arthur Pelullo, disse que pagará normalmente o lutador para sua luta da próxima sexta-feira, mas que deixará "congelada" a
parte que cabe ao manager até que a questão esteja resolvida.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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