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Invencionice frita técnico da Alemanha
Com métodos comparados a exercícios físicos para gestantes, Klinsmann irrita imprensa, cartolas e jogadores
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Jürgen Klinsmann, 41, chega à
Copa do Mundo com a fama de
revolucionar a seleção alemã a
ponto de introduzir exercícios
mais apropriados a gestantes.
A revolução foi prometida aos
cartolas de sua federação logo que
ele começou a negociar a contratação, feita em julho de 2004.
E a fidelidade ao projeto faz com
que o técnico vá à Copa como um
dos mais pressionados. O fato de
jogar em casa no comando da
atual vice-campeã mundial não é
capaz de aliviar a pressão. Ele tem
seu trabalho contestado por ex-atletas, pelo presidente do Comitê
Organizador do Mundial, Franz
Beckenbauer, um dos maiores
ídolos do futebol alemão, por jornalistas e até por políticos.
O principal motivo da desconfiança é justamente a ruptura com
os tradicionais métodos de trabalho da escola alemã.
O bombardeio começou por
causa de sua decisão de seguir vivendo na Califórnia e pela inspiração buscada no futebol dos Estados Unidos, sem tradição.
Seis meses antes de ser convidado pela federação alemã, Klinsmann, que estréia no cargo de técnico, passou semanas observando
o trabalho do amigo Bruce Arena,
técnico da seleção norte-americana, que no último Mundial conduziu a seleção de seu país às
quartas-de-final -perdeu justamente para a Alemanha.
Mais chocados ainda ficaram os
alemães quando o treinador da
seleção tricampeã mundial se
aconselhou com Anson Dorrance, a técnica com mais títulos no
futebol feminino universitário
dos Estados Unidos.
Como resultado das conversas,
Klinsmann desembarcou na Alemanha com um preparador físico
norte-americano e um especialista em psicologia do esporte.
Os jogadores da seleção passaram a realizar exercícios desconhecidos dos atletas de futebol do
país. A imprensa torceu o nariz.
Alguns jornais classificaram os
novos treinos como trabalhos para equipes femininas de ginástica
e atividades para grávidas.
Klinsmann respondeu. Viu a
reação como ciúme dos alemães e
um certo menosprezo ao futebol
dos Estados Unidos.
Nos jogos, o treinador aumentou o estoque de argumentos de
seus desafetos com o rodízio que
promoveu entre os goleiros.
A experiência culminou recentemente com a definitiva perda da
titularidade de Oliver Kahn, astro
local e principal alvo das agências
de marketing da Alemanha entre
os jogadores da seleção.
O projeto de Klinsmann previa
não só a mudança de métodos
mas também a renovação de atletas. Por isso convocou jogadores
diferentes e trocou constantemente os titulares. Munição para
mais reclamações, inclusive de alguns pupilos, que se queixaram
de falta de entrosamento.
O meia Ballack, um dos poucos
intocáveis, disse na semana passada que, por causa da renovação,
o time pode ser eliminado cedo.
Prato cheio para os detratores
foi a goleada para Itália, por 4 a 1,
em março. A indignação tomou
conta do país e fez com que o
Congresso pedisse explicações ao
treinador sobre os seus métodos.
A chanceler alemã, Angela Merkel, entrou no circuito, defendeu
Klinsmann e apagou o incêndio.
Às vésperas do Mundial, Beckenbauer levantou a voz para
condenar a decisão de Klinsmann
de não se reunir com os demais
treinadores classificados em
evento oficial da Fifa. Apenas enviou um de seus auxiliares para
representá-lo. Ele ficou na Califórnia. A polêmica estendeu-se a
outras personalidades alemãs.
Se surpreender seus críticos e
terminar em primeiro do Grupo
A, Klinsmann evitará um rival perigoso. Se o Brasil também for líder de sua chave, os dois só se encontram na final. Numa repetição
da decisão do Mundial de 2002.
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