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AUTOMOBILISMO
Espanhol festeja resultado diante de 112 mil torcedores, mas adota estratégia que pode lhe custar vitória
Alonso faz pole em casa, mas arrisca GP
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
Piloto frio, meticuloso, de poucos erros na pista, Fernando
Alonso pode ter sido traído ontem pelo Fernando Alonso sangue quente, emotivo e explosivo
que às vezes se revela fora dela.
Contagiado pelo entusiasmo
dos 112 mil torcedores presentes
nas arquibancadas do autódromo
de Barcelona, o herói local conquistou a pole position para o GP
da Espanha, sexta etapa do Mundial de F-1. Foi sua primeira pole
em casa, a segunda neste campeonato e a 11ª na carreira.
Assim que o resultado foi confirmado, o circuito vibrou em
aplausos, buzinaços e num colorido azul e amarelo das bandeiras
da Renault e das Astúrias, região
onde o campeão mundial nasceu.
Punhos cerrados após deixar o
carro, Alonso também comemorou efusivamente sua pole. Falou
no prazer de pilotar diante de
uma torcida tão militante, classificou o resultado de fantástico, elogiou o trabalho de sua equipe.
Deixou no ar, porém, um sentimento de que manter-se na frente, hoje, será tarefa muito mais
complicada. Para alegrar a torcida, ontem, Alonso pode ter sacrificado a alegria de hoje. Tudo indica que adotou uma estratégia de
risco, indo para o último bloco do
treino oficial com menos gasolina
que seus principais rivais.
Assim, garantiu a pole, mas possivelmente terá que fazer seu primeiro pit stop antes que os outros, dando-lhes a chance de superá-lo. A maior esperança do espanhol para evitar que isso aconteça é seu companheiro de time.
Giancarlo Fisichella, segundo
no grid, terá a missão de ser um
"paredão" entre o espanhol e as
Ferrari, logo atrás. Michael Schumacher é o terceiro, seguido por
Felipe Massa. Rubens Barrichello,
da Honda, sai em quinto, três posições à frente de Jenson Button.
A largada para o GP da Espanha
será às 9h (de Brasília), com TV.
São muitos os indícios de que
Alonso decidiu arriscar no treino.
O primeiro, sua admissão de
que Schumacher preocupa. "Está
claro que a Ferrari e especialmente o Michael estão fortes."
O segundo, a confiança extrema
demonstrada pela Ferrari. "Nessa
pista é complicado ultrapassar, e a
estratégia terá papel fundamental.
Após a corrida, veremos quem escolheu a correta", disse Jean Todt,
diretor do time. "A segunda fila
não é um problema", resumiu
Schumacher. À imprensa brasileira, Massa falou sem rodeios. E
cheio de esperança. "Estou impressionado com nosso carro para a corrida. A estratégia está perfeita", afirmou o brasileiro.
Outra pista está na folha de tempos do treino oficial: Alonso foi o
pole, mas não o mais rápido da
sessão. No segundo bloco, Schumacher cravou volta 0s009 melhor que a do espanhol na terceira
e decisiva fase. Ou seja, o alemão
possivelmente estava mais pesado
no fim do treino, do contrário não
ficaria 0s322 atrás.
No atual regulamento da F-1, só
uma vez o piloto que arriscou desse jeito foi bem-sucedido. Aconteceu com Fisichella, na segunda
etapa do campeonato, em março,
na Malásia: o italiano foi o pole
position, mesmo sem ter sido o
mais rápido na classificação.
Venceu, mas contra um adversário que não se compara a Schumacher e à Ferrari. Na ocasião,
era o inglês Jenson Button, da
Honda, que aparecia como o piloto mais veloz do fim de semana.
NA TV - GP da Espanha,
Globo, ao vivo, às 9h
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