São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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AUTOMOBILISMO

Espanhol festeja resultado diante de 112 mil torcedores, mas adota estratégia que pode lhe custar vitória

Alonso faz pole em casa, mas arrisca GP

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

Piloto frio, meticuloso, de poucos erros na pista, Fernando Alonso pode ter sido traído ontem pelo Fernando Alonso sangue quente, emotivo e explosivo que às vezes se revela fora dela.
Contagiado pelo entusiasmo dos 112 mil torcedores presentes nas arquibancadas do autódromo de Barcelona, o herói local conquistou a pole position para o GP da Espanha, sexta etapa do Mundial de F-1. Foi sua primeira pole em casa, a segunda neste campeonato e a 11ª na carreira.
Assim que o resultado foi confirmado, o circuito vibrou em aplausos, buzinaços e num colorido azul e amarelo das bandeiras da Renault e das Astúrias, região onde o campeão mundial nasceu.
Punhos cerrados após deixar o carro, Alonso também comemorou efusivamente sua pole. Falou no prazer de pilotar diante de uma torcida tão militante, classificou o resultado de fantástico, elogiou o trabalho de sua equipe.
Deixou no ar, porém, um sentimento de que manter-se na frente, hoje, será tarefa muito mais complicada. Para alegrar a torcida, ontem, Alonso pode ter sacrificado a alegria de hoje. Tudo indica que adotou uma estratégia de risco, indo para o último bloco do treino oficial com menos gasolina que seus principais rivais.
Assim, garantiu a pole, mas possivelmente terá que fazer seu primeiro pit stop antes que os outros, dando-lhes a chance de superá-lo. A maior esperança do espanhol para evitar que isso aconteça é seu companheiro de time.
Giancarlo Fisichella, segundo no grid, terá a missão de ser um "paredão" entre o espanhol e as Ferrari, logo atrás. Michael Schumacher é o terceiro, seguido por Felipe Massa. Rubens Barrichello, da Honda, sai em quinto, três posições à frente de Jenson Button.
A largada para o GP da Espanha será às 9h (de Brasília), com TV.
São muitos os indícios de que Alonso decidiu arriscar no treino.
O primeiro, sua admissão de que Schumacher preocupa. "Está claro que a Ferrari e especialmente o Michael estão fortes."
O segundo, a confiança extrema demonstrada pela Ferrari. "Nessa pista é complicado ultrapassar, e a estratégia terá papel fundamental. Após a corrida, veremos quem escolheu a correta", disse Jean Todt, diretor do time. "A segunda fila não é um problema", resumiu Schumacher. À imprensa brasileira, Massa falou sem rodeios. E cheio de esperança. "Estou impressionado com nosso carro para a corrida. A estratégia está perfeita", afirmou o brasileiro.
Outra pista está na folha de tempos do treino oficial: Alonso foi o pole, mas não o mais rápido da sessão. No segundo bloco, Schumacher cravou volta 0s009 melhor que a do espanhol na terceira e decisiva fase. Ou seja, o alemão possivelmente estava mais pesado no fim do treino, do contrário não ficaria 0s322 atrás.
No atual regulamento da F-1, só uma vez o piloto que arriscou desse jeito foi bem-sucedido. Aconteceu com Fisichella, na segunda etapa do campeonato, em março, na Malásia: o italiano foi o pole position, mesmo sem ter sido o mais rápido na classificação.
Venceu, mas contra um adversário que não se compara a Schumacher e à Ferrari. Na ocasião, era o inglês Jenson Button, da Honda, que aparecia como o piloto mais veloz do fim de semana.
NA TV - GP da Espanha, Globo, ao vivo, às 9h


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