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HISTÓRIA
Recuperada após sofrer com a destruição da 2ª Guerra, Alemanha vê Brasil como novo pólo de investimento para suas empresas
Um marco alemão no Brasil
CARLOS GABRIEL GUIMARÃES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A recuperação da economia alemã no pós-2ª Guerra Mundial relaciona-se com a conjuntura internacional da Guerra Fria.
Os tempos fizeram com que os
EUA implementassem a Doutrina Truman (1947) e o Plano Marshall (junho, 1947) de reconstrução
da economia européia ocidental.
Além disso, razões internas,
com a implementação do que José
Carlos de Souza Braga chamou de
"capitalismo produtivista e socialmente abrangente", possibilitaram a expansão internacional
do capital alemão nas décadas seguintes. Para ter uma idéia dos
números, de 1950 a 1990, os investimentos alemães no exterior
cresceram de 3,5% para 12,1%.
O Brasil constituiu-se, no período das décadas de 1950 a 1970,
principalmente nessa última, como um dos países que mais atraíram investimento alemão.
Na década de 1950, a partir do
segundo governo Vargas (1951-1954) houve aumento do investimento alemão. Esse processo se
intensificou no governo JK (1956-1961), que, com o Plano de Metas,
proporcionou a implementação
do capitalismo industrial no Brasil calcado na indústria de bens de
consumo duráveis, atraindo empresas alemãs como Mercedes-Benz e Volkswagen, que se estabeleceram em São Paulo.
É importante destacar que, em
1956, o governo brasileiro decretou a restituição dos bens das empresas alemães confiscados na 2ª
Guerra Mundial. Tal política teve
significado importante no restabelecimento das relações internacionais do país com a Alemanha.
Na década de 1970, no governo
Geisel (1974-1979), como desdobramento do projeto autoritário-desenvolvimentista implementado pelo Golpe de 1964, que aprofundou a acumulação capitalista
no Brasil implementada no governo JK, foi se articulando nova
política internacional brasileira.
Denominada por estudiosos como Antonio Carlos Lessa de "Nacional Desenvolvimentismo Geiseliano", tal política externa tinha
por objetivo aumentar a diversificação dos parceiros comerciais.
O governo buscava solucionar
os problemas gerados pela crise
internacional (a crise do petróleo)
na balança de pagamentos da economia brasileira, principalmente
na conta capital.
A diversificação, que implicava
em menor dependência dos EUA,
principal credor e investidor estrangeiro no Brasil, fez com que a
Alemanha (na época a RFA) se
tornasse numa aliada estratégica.
Seja com o Acordo Nuclear, que
acirrou os ânimos entre o Departamento de Estado dos EUA com
o governo brasileiro, seja com indústrias, como a Telefunken
(produção de TV) e outras, a Alemanha consolidou-se, segundo
Antonio Carlos Lessa, como o
"maior investidor e parceiro comercial" da Europa no Brasil, e o
país sul-americano como "principal exportador do Terceiro Mundo" para a Alemanha.
A situação mudou no fim da década de 1970, face aos problemas
gerados pelo segundo choque do
petróleo e da dívida externa.
Carlos Gabriel Guimarães é professor
da Universidade Federal Fluminense e
presidente da Associação Brasileira de
Pesquisadores em História Econômica
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