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Algoz de 2004 "desacelera" Brasil
Zé Roberto muda ritmo de treino da seleção de vôlei para preparar atletas para a cadência da Rússia
Equipe perdeu das russas na Olimpíada-04, na semifinal, e na final do Mundial-06; psicóloga agora acompanha trabalho das brasileiras
ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A SAQUAREMA
A seleção brasileira feminina
de vôlei iniciou os treinos para
a Olimpíada em Pequim pensando no algoz da última Olimpíada, em Atenas-2004, e do último Mundial, no Japão-2006.
O técnico José Roberto Guimarães preparou treinos visando
um confronto com a Rússia.
As 12 atletas que estão no
Centro de Treinamento de Saquarema, na Região dos Lagos
do RJ, iniciaram um treinamento "desacelerado" para se
habituar ao jogo cadenciado
das russas. A levantadora Fofão
e a central Walewska completam o grupo na segunda-feira.
"Temos dificuldade com times que jogam com bolas altas.
Como nós jogamos e treinamos
com uma intensidade maior, e
não paradões, encontramos essa dificuldade. Principalmente
ao enfrentar a Rússia, com jogadores altas, o que desacelera
o jogo", declarou Zé Roberto.
Além do algoz de 2004, ele
diz que os EUA misturam intensidade e cadência no jogo.
As russas venceram o Brasil
nas semifinais da última Olimpíada após defenderem sete
match-points a favor da seleção
brasileira. No quarto set, o Brasil vencia por 24 a 19, mas deixou as russas virarem o set e,
em seguida, a partida.
O treino "desacelerado" não
conta com nenhuma técnica
especial. Em treinos de defesa,
consiste em jogar a bola mais
alto antes do ataque, mimetizando o ritmo do levantamento
das russas. Quando o foco é recepção, ao invés de sacar de forma contínua, enquanto as atletas se alternam para receber, o
treinador dá mais quiques na
bola entre um saque e outro.
"É para manter a concentração com um ritmo menor. Entre uma recepção e outra, a jogadora tem que se manter concentrada", afirmou.
O bloqueio também é uma
preocupação de Zé Roberto.
Ele quer que as jogadoras atrasem a saída para dificultar o
trabalho das atacantes russas.
"Se você sai correndo para o
bloqueio assim que a bola sai da
mão da levantadora, deixa a
atacante preparada. Quando a
bola é levantada mais alta, tem
que fazer o tempo no chão. Senão dá tempo para atacante
[analisar a jogada]", explicou.
A cadência do jogo não é a
única lembrança russa para o
time. O equilíbrio psicológico é
também uma preocupação da
comissão técnica. Além da derrota em Atenas, a perda do ouro
no Pan do Rio pôs em xeque o
equilíbrio emocional da equipe.
A confederação brasileira
"promoveu" a psicóloga Sâmia
Hallage para trabalhar com a
seleção. Ela já atua nas equipes
de base e acompanhará os treinos até o Grand Prix. Ainda não
está confirmada a ida a Pequim.
"Na base, o foco é educar para
o atleta entender o que é vestir
a camisa da seleção. Agora já
são mulheres formadas. O trabalho é para melhorar o rendimento", disse ela, para quem o
grupo é "guerreiro e corajoso".
Sâmia já conversou individualmente com algumas atletas. Diz que as derrotas "não
são fantasmas". "Elas já conseguiram virar a página". A oposto Mari, com falha decisiva em
2004, a "deletou". "Parece que
foi ontem, mas não lembro da
jogada. Temos que trabalhar
para agüentar o tranco".
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