São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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Algoz de 2004 "desacelera" Brasil

Zé Roberto muda ritmo de treino da seleção de vôlei para preparar atletas para a cadência da Rússia

Equipe perdeu das russas na Olimpíada-04, na semifinal, e na final do Mundial-06; psicóloga agora acompanha trabalho das brasileiras

ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A SAQUAREMA

A seleção brasileira feminina de vôlei iniciou os treinos para a Olimpíada em Pequim pensando no algoz da última Olimpíada, em Atenas-2004, e do último Mundial, no Japão-2006. O técnico José Roberto Guimarães preparou treinos visando um confronto com a Rússia.
As 12 atletas que estão no Centro de Treinamento de Saquarema, na Região dos Lagos do RJ, iniciaram um treinamento "desacelerado" para se habituar ao jogo cadenciado das russas. A levantadora Fofão e a central Walewska completam o grupo na segunda-feira.
"Temos dificuldade com times que jogam com bolas altas. Como nós jogamos e treinamos com uma intensidade maior, e não paradões, encontramos essa dificuldade. Principalmente ao enfrentar a Rússia, com jogadores altas, o que desacelera o jogo", declarou Zé Roberto.
Além do algoz de 2004, ele diz que os EUA misturam intensidade e cadência no jogo.
As russas venceram o Brasil nas semifinais da última Olimpíada após defenderem sete match-points a favor da seleção brasileira. No quarto set, o Brasil vencia por 24 a 19, mas deixou as russas virarem o set e, em seguida, a partida.
O treino "desacelerado" não conta com nenhuma técnica especial. Em treinos de defesa, consiste em jogar a bola mais alto antes do ataque, mimetizando o ritmo do levantamento das russas. Quando o foco é recepção, ao invés de sacar de forma contínua, enquanto as atletas se alternam para receber, o treinador dá mais quiques na bola entre um saque e outro.
"É para manter a concentração com um ritmo menor. Entre uma recepção e outra, a jogadora tem que se manter concentrada", afirmou.
O bloqueio também é uma preocupação de Zé Roberto. Ele quer que as jogadoras atrasem a saída para dificultar o trabalho das atacantes russas.
"Se você sai correndo para o bloqueio assim que a bola sai da mão da levantadora, deixa a atacante preparada. Quando a bola é levantada mais alta, tem que fazer o tempo no chão. Senão dá tempo para atacante [analisar a jogada]", explicou.
A cadência do jogo não é a única lembrança russa para o time. O equilíbrio psicológico é também uma preocupação da comissão técnica. Além da derrota em Atenas, a perda do ouro no Pan do Rio pôs em xeque o equilíbrio emocional da equipe.
A confederação brasileira "promoveu" a psicóloga Sâmia Hallage para trabalhar com a seleção. Ela já atua nas equipes de base e acompanhará os treinos até o Grand Prix. Ainda não está confirmada a ida a Pequim.
"Na base, o foco é educar para o atleta entender o que é vestir a camisa da seleção. Agora já são mulheres formadas. O trabalho é para melhorar o rendimento", disse ela, para quem o grupo é "guerreiro e corajoso".
Sâmia já conversou individualmente com algumas atletas. Diz que as derrotas "não são fantasmas". "Elas já conseguiram virar a página". A oposto Mari, com falha decisiva em 2004, a "deletou". "Parece que foi ontem, mas não lembro da jogada. Temos que trabalhar para agüentar o tranco".


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