São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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FUTEBOL
50 anos de histórias


Não há torneio no mundo tão rico em asteriscos e decisões discutíveis quanto a nobre e cinquentenária Libertadores


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A LIBERTADORES só ganhou mais um asterisco em sua longa história com a conturbada saída dos clubes mexicanos.
1960. Peñarol, clube mentor da Libertadores, ficou em igualdade num confronto com o San Lorenzo. Foi necessário um jogo de desempate. Onde ocorreu? Em Montevidéu.
1961. Independiente Santa Fé e Jorge Wilstermann deveriam fazer jogo de desempate em Bogotá (!!), que não ocorreu. Houve sorteio, que favoreceu... o time da santa fé.
1962. Santos e Peñarol jogam 51 minutos na Vila Belmiro, e os uruguaios vencem por 3 a 2. O jogo para por causa de incidentes. E continua depois, amistosamente. O Santos empata com Pepe, mas vale o 3 a 2.
1963. Botafogo x Millonarios não é disputado. O time colombiano paga multa de US$ 4.500 para não jogar.
1964. Por causa de tragédia num jogo entre Peru e Argentina pelo Pré-Olímpico, o estádio Nacional de Lima é fechado. Por isso, o Alianza manda seu jogo contra o Independiente em Avellaneda (!), embora no campo do Racing. Millonarios x Independiente não ocorre em Bogotá por ""diferenças" entre a Sul-Americana e a cúpula do futebol colombiano. O Independiente, que seria campeão naquele ano, ganha os pontos.
1965. Deportivo Galicia segura 0 a 0 com o Peñarol, mas pela primeira vez a Conmebol, no tapetão, dá pontos a um time (ao gigante uruguaio) por causa do uso irregular de um jogador (Roberto Leopardi) pelo rival.
1966. Entram os vice-campões nacionais na disputa. Motivo? Bom, para que os dois grandes uruguaios atuem no torneio. Brasileiros abandonam a Libertadores, que teria sido ""desnaturalizada" com os vices.
1968. O Náutico bate por 3 a 2 no Recife o Deportivo Portugués, da Venezuela. Mas perde os pontos por fazer substituições irregulares (três, não duas, e todas de atletas de linha).
Poderia citar mais dezenas de casos com decisões confusas da Confederação Sul-Americana de Futebol, a hoje popular Conmebol. Ainda mais a partir de 1968, quando começou o império de Estudiantes e Independiente, times que ganharam edições seguidas com a ajuda de práticas não muito esportivas, digamos. Falou-se nos últimos dias até em jogos nos EUA para os duelos entre Chivas x São Paulo e San Luis x Nacional. Mas isso não seria novidade.
Em 1991, com o futebol colombiano suspenso, times do país fizeram jogos em diferentes cidades, como San Cristóbal e Miami, cidade que abrigou já seis duelos de Libertadores. Se os venezuelanos foram excluídos em 1986 porque estavam suspensos por ""problemas internos" na federação, em 1989 o Sport Marítimo recebeu o Inter em Caracas com ""portões fechados" devido ao temor da violência de torcedores irados com medidas econômicas no país. Por essas (de hoje) e outras (de ontem), a Libertadores é tão especial.

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


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