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FUTEBOL
Técnico da seleção adota estilo oposto ao de seus 2 últimos antecessores
À moda antiga, Scolari vai de ponta e meia-cancha
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Luiz Felipe Scolari contrariou
sua fama de encrenqueiro e surpreendeu pelo estilo "light" na
sua primeira convocação de seleção brasileira, ontem, no Rio.
Em uma época em que os treinadores gostam de ser rotulados
de modernos, Scolari se definiu
como "antigo" e pontuou a entrevista com palavras que há tempos
não são utilizadas no futebol.
Ao anunciar os atacantes convocados, ele preferiu ""ressuscitar"
o ponta. ""Agora, vou falar os nomes dos pontas, como eram chamados no meu tempo. Hoje, só
dizem atacantes. Gosto de falar
ponta, jogador de lado do campo,
de velocidade", afirmou Scolari,
em tom de ironia, ao anunciar os
nomes de Euller, do Vasco, de
Ewerthon, do Corinthians, e de
Geovanni, do Barcelona.
Durante o anúncio da lista de
convocados, ele disse que chamaria os atletas da ""meia-cancha",
fazendo uma referência aos atletas que atuam no meio-campo.
Na entrevista coletiva concedida ontem, o treinador não fugiu
de nenhuma pergunta e respondeu sempre com educação aos
jornalistas, o que não ocorria nas
épocas de Luxemburgo e Leão.
Scolari prometeu conquistar a
vaga para a Copa, disse que já perdoou o atacante Edílson, do Flamengo, seu antigo desafeto, e elogiou a seleção argentina, que servirá de modelo para seu trabalho.
Dizendo-se pacífico, negou já
ter mandado algum atleta seu dar
pontapé no adversário.
Em 1999, Scolari deu uma bronca nos jogadores do Palmeiras,
seu clube na época, após uma derrota para o Corinthians. Ele reclamou que nenhum atleta cuspiu
no rosto de Edílson, que então
atuava no Corinthians.
Apesar do seu estilo "light", ele
deu mostras de que não vai abrir
mão da disciplina na seleção. Scolari anunciou uma espécie de cartilha que obrigará os jogadores a
seguir na seleção.
""Vou cobrar disciplina, horários, respeito aos companheiros e
ao país. Não vou abrir mão disso
de maneira nenhuma", afirmou.
O técnico não poupou declarações patrióticas em outras respostas. ""Temos que mostrar para o
povo que vamos defender o Brasil
de forma simples e sincera. Temos que honrar a camisa da seleção. Vamos nos dedicar [contra o
Uruguai" como se fosse o último
jogo da nossa vida", disse.
No final da entrevista, o treinador manteve o bom humor. Pouco antes de deixar o hotel em que
convocou a seleção, ele recebeu
uma dúzia de flores enviadas pelo
português José Moura, o folclórico Beijoqueiro, que foi barrado.
""Olha como a vida é bonita. Isso
significa amor e carinho", brincou Scolari, ao receber as flores.
""Tomara que ele esteja lá embaixo, quero dar um beijo nele",
acrescentou, deixando de lado o
seu famoso machismo.
Ao deixar o hotel, Scolari não
conseguiu fugir do beijoqueiro.
Rodeado por vários fotógrafos, o
novo treinador da seleção foi beijado no rosto por Moura. Para fugir do assédio do Beijoqueiro, ele
voltou para a portaria do hotel,
onde entregou as flores para uma
menina que estava no local.
A seleção vai iniciar os treinos
para a partida do próximo dia 1º
na segunda-feira, em Teresópolis,
região serrana do Rio.
Na ocasião, os jogadores que
atuam no futebol brasileiro se
apresentarão na Granja Comary.
Na quarta-feira, os ""estrangeiros", que atuam no exterior, vão
se integrar ao grupo.
O preparador físico Paulo Paixão, o preparador de goleiros
Carlos Pracidelli e o auxiliar técnico Flávio Teixeira, o Murtosa,
vão integrar a comissão técnica
de Scolari na seleção brasileira.
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