São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Na hora H, Parreira revive sua Copa de 94

Seleção do quadrado mágico reproduz futebol burocrático do time do tetra

Time abusou dos passes laterais e chutou menos a gol; treinador diz que teve que recuar Adriano para corrigir falha de marcação


DO ENVIADO A BERLIM

Quem esperava ver o atual time de Carlos Alberto Parreira, com seu badalado quadrado mágico, encantar na estréia da Copa da Alemanha se lembrou do velho time de Parreira, campeão nos EUA em 1994. Aquela equipe do insistente toque de bola, do jogo burocrático, lento, sem criatividade. Foi assim que ele iniciou, ontem, a busca de seu segundo título mundial.
Foi salvo por um lampejo de Kaká, eleito o melhor em campo, que, em um de seus poucos momentos de inspiração, deu a vitória ao time de Parreira.
O técnico disse esperar mais da equipe na seqüência da Copa. "Eu não esperava 100%. Eu acho que a gente está em 60%, 70%, dentro do que estava previsto. Não foi o ritmo máximo. Com certeza os nossos jogadores sentiram o ritmo do jogo, se queixaram muito no final", justificou Parreira.
O treinador disse que a "hora mais difícil para mexer no time é quando está ganhando de 1 a 0", mas que, mesmo assim, preferiu manter a ofensividade ao substituir Ronaldo por Robinho no segundo tempo.
"Eu poderia ter colocado mais um jogador de marcação, um de meio, mas preferi manter a ofensividade, que é nossa característica", disse ele, cuja equipe finalizou 15 vezes a gol, só uma a mais do que costumava fazer a seleção de 94 e duas a menos do que a de agora.
O Brasil de ontem, que dividiu a posse de bola com os rivais, lembrou os chatos times de Parreira, como o Corinthians de 2002, com seus passes laterais. Ontem foram 402 ao todo, quase 100 a mais do que a média do time em sua terceira passagem pela equipe nacional. Os brasileiros ainda cometeram 20 faltas, sete além da média da seleção que triunfou no Mundial dos EUA ao bater a Itália nos pênaltis. Segundo Parreira, um dos motivos que dificultaram a boa performance ofensiva de seu time foi uma falha de marcação no lado direito da defesa brasileira.
"Eles estavam chegando com um a mais e tive que recuar o Adriano para acompanhar o jogador deles", falou ele, que citou também a forte marcação do adversário como barreira a uma melhor apresentação de seu time. "Eles tinham praticamente dez jogadores atrás, então foi muito difícil entrar. É um time que preocupa e que vai dar trabalho a todos os outros rivais desse grupo", declarou.
Sobre sua principal estrela, a quem ele pediu alegria, mas que ontem novamente teve atuação discreta, Parreira disse que ficou satisfeito. "O Ronaldinho jogou bem, ele procurou o jogo, foi muito bem marcado. Se ele não tivesse jogado bem, ele não teria nem tocado na bola. Ele é um jogador que está sendo muito visado, como esperávamos. Então, para mim, ele jogou com alegria", declarou. (EDUARDO ARRUDA, FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


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