São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Copa tem hoje "clássico racista"

Treinadores da Espanha e da Ucrânia fizeram declarações de cunho preconceituoso recentemente

Confronto será em Leipzig, única sede na ex-Alemanha Oriental, que ONGs anti-racismo afirmam ter locais não-amistosos para negros


RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A LEIPZIG

Espanha e Ucrânia não pode ser considerado um clássico devido à ausência de rivalidade ou mesmo de importantes duelos na história, mas nesta Copa, os dois países fazem um triste confronto: o dos treinadores racistas. O espanhol Luis Aragonés e o ucraniano Oleg Blokhin ainda vão ver suas equipes se enfrentar em Leipzig, cidade da antiga Alemanha Oriental, que segundo ONGs contra o racismo, deve ser evitada por negros, para não sofrerem discriminação. A onda recente de racismo que assolou a Europa registrou mais casos no futebol espanhol. Clubes foram multados e o próprio Aragonés teve que pagar por palavras racistas -desembolsou ""apenas" 3.000 por motivar Reyes usando a cor da pele do francês Thierry Henry, justamente um líder negro no combate ao racismo do futebol. O cargo de Aragonés ficou ameaçado devido ao escândalo gerado pela gravação de suas palavras, mas a federação espanhola, criticada pelas penas leves por casos de racismo, o manteve no posto. Essas punições leves levaram a Fifa, segundo desejo do presidente Joseph Blatter, a cogitar tirar pontos de equipes e seleções racistas, uma punição esportiva, técnica, bem mais radical. Até os espectadores, estão sujeitos a punição: a organização diz que o torcedor que fizer manifestações racistas pode ser retirado do jogo. Mesmo após esse aceno da Fifa contra o racismo, que segue na Copa com faixas estendidas nos gramados antes dos jogos e placas com mensagens contra o racismo à frente dos times, Blokhin também virou símbolo do preconceito racial ao ofender de forma generalizada jogadores estrangeiros que atuam na Ucrânia, sugerindo que fossem macacos. Curiosamente, a Espanha conta pela primeira vez em uma Copa com um jogador brasileiro, que é negro. O volante Marcos Senna obteve recentemente passaporte espanhol, foi convocado e pode ser titular hoje da Espanha, que já ganhou Mundial de futsal com jogadores brasileiros negros.


Colaborou LUÍS FERRARI , da Reportagem Local
NA TV - Espanha x Ucrânia Globo, Sportv, Bandsports, ESPN Brasil e Directv, ao vivo, às 10h


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