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Espanha discute cortar vantagens legais de quarteto
Na semana em que o Real Madrid gastou 159 milhões em só dois jogadores, concorrência cobra igualdade do governo
Presidente do Atlético quer que o seu arquirrival, assim como Barcelona, Athletic
e Osasuna, vire empresa e seja controlado como todos
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Atlético de
Madri, Enrique Cerezo, expôs
ao Congresso espanhol na última terça-feira um plano para
que todos os clubes profissionais de futebol do país tenham
igualdade de condições. A medida, segundo o dirigente, visa
acabar com as vantagens conferidas a Real Madrid, Barcelona,
Athletic Bilbao e Osasuna.
De acordo com ele, uma lei
espanhola de 1992 que trata de
Sociedades Anônimas Desportivas (SAD) originou uma liga
com participantes em níveis diferentes. Os clubes da primeira
e da segunda divisão do país,
exceto os quatro citados, foram
obrigados a virar S.A.
O Atlético, um dos clubes
mais tradicionais do país, chegou à segunda divisão em 2000
e hoje não tem como competir
no mercado com os rivais Real
Madrid e Barcelona. Em busca
especialmente de igualdade nas
obrigações fiscais, Cerezo quer
mudança na legislação.
A proposta do Atlético ganhou mais apelo na Espanha
nos últimos dias por causa das
contratações vultosas de Cristiano Ronaldo ( 94 milhões) e
Kaká ( 65 milhões) pelo presidente do Real Madrid, o empresário Florentino Pérez.
""O sistema atual do futebol
espanhol vulnera os critérios
de competição perfeita", protestou Cerezo ao governo.
Os clubes que são SAD no
país são autênticas empresas,
sujeitas a pressão social e midiática elevada (pelos sócios) e
submetidas a rígido controle financeiro. Isso não acontece
com os quatro clubes que são
associações ou entidades desportivas (ED), pois têm uma
margem de manobra maior no
mercado até para se endividar.
Pérez já admitiu que endividará o Real Madrid (a projeção
de endividamento supera os
60 milhões), confiando na recuperação do dinheiro em até
três anos. Ele cogita gastos de
300 milhões (R$ 810 mi) na
compra de atletas neste ano.
O governo exigiu que os clubes se transformassem em empresas por causa das dívidas
acumuladas. Os quatro que não
viraram S.A. foram oficialmente poupados porque suas dívidas, quando da lei, não ultrapassavam o teto imposto pelo
governo. Esse teto foi superado
anos depois pelos beneficiados.
Em 2001, na primeira gestão
de Pérez no Real Madrid, a dívida do clube era de 288 milhões. Foi quando ele negociou
com o governo de Madri o antigo CT do time, a Ciudad Deportiva. Em meio a denúncias de
superfaturamento, o Real saiu
com lucro de mais de 400 milhões, em grande parte investido no time dos ""galácticos".
""O mais razoável é que o Real
Madrid, o Barcelona, o Osasuna e o Athletic se convertam
em SAD para que todos possam
competir com as mesmas limitações ou, ao menos, que mantenham a condição atual, mas
respeitem as mesmas regras legais dos outros", diz Cerezo.
O dirigente do Atlético propõe limite de endividamento
para os clubes. Outra proposta
é não permitir que um time
gaste mais que 80% do que arrecada com salários -na Espanha, até equipes da elite têm
sofrido com atrasos salariais.
Também há discussão sobre
um limite para gastos com a
contratação de jogadores e um
número obrigatório de atletas
do próprio país em campo, uma
ideia que a Fifa, por meio da regra 6+5, já desenvolveu e espera apenas por uma aprovação.
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