São Paulo, segunda-feira, 14 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI

Os mimados de Dunga


Na busca desesperada pelo confronto, a seleção brasileira corre o risco de ficar ridícula


JOÃO SALDANHA tinha suas "feras". E estas, sem o João, ganharam a Copa de 1970.
Mas Saldanha teve embates memoráveis com a imprensa da qual fazia parte até assumir a seleção brasileira como técnico.
Luiz Felipe Scolari tinha a "família". E, com ela, ganhou todos os jogos da Copa de 2002.
E titio Scolari (o cara certo, no lugar certo, na hora certa, no Palmeiras de hoje) enfrentou o mundo para deixar Romário em sua casa.
Já houve quem chamasse a atual seleção de "os soldados de Dunga", talvez mais pelo jeito do sargento do que da tropa.
Mas, de fato, depois das últimas birrinhas, a seleção brasileira parece um bando de meninos mimados que batem o pé e fazem bico diante de qualquer contrariedade.
Os jogadores patrícios -patricinhos?- andam com a sensibilidade à flor da pele, à beira de um ataque de nervos.
Uma discussão entre dois jogadores, que houve e que foi tratada como tal, como uma discussão, serviu para a infantil retaliação do treino fechado -o que os jornalistas, cá entre nós, até agradecem, porque, em regra, os treinamentos abertos são um porre.
Um gesto do melhor goleiro do mundo, e que a todos preocupava, o simples levar as mãos às costas, captado pela câmara, deixa o craque magoadíssimo com a emissora que o mostrou.
E fica aqui o colunista até sem poder dizer quem é o autor desses "mimados" que titula a coluna, para que não haja perseguição pela autoria, coisa que será devidamente creditada só depois que a seleção for hexacampeã -ou não.
De fato, a espera pela estreia diante da misteriosa Coreia do Norte, que tem um comportamento diante da imprensa ainda mais retrógrado graças à ditadura que a desgraça, não tem feito bem.
Compreendem-se a tensão, os cuidados, o chamado foco. E não se trata de querer espumante com pizza, como os italianos proporcionam (coisa que este que vos escreve recusaria se oferecidos pela CBF), ou organização e inteligência, como fazem os holandeses (os jogadores escolhidos para falar ficam à disposição dos repórteres pelo tempo determinado em conversas exclusivas), porque cada um tem seu jeito, sua cultura.
Apenas não é preciso fazer beiço. Simples assim.

blogdojuca@uol.com.br


Texto Anterior: "Marcação está em 1º lugar", reforça Maicon
Próximo Texto: Nos oponentes do Brasil, ídolo trava
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.