São Paulo, segunda-feira, 14 de junho de 2010

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Exportador X importador

Em duelo de pouca tradição, Itália e Paraguai estreiam hoje no Mundial e escancaram contraste de suas escolas de treinadores

DO ENVIADO A DURBAN

O país dos técnicos enfrenta hoje o país dos treinadores importados. Itália x Paraguai deve até ser um bom duelo tático na Cidade do Cabo (às 15h30 de Brasília), mas não dá para dizer que é um choque de "duas escolas" do futebol, pois, enquanto os paraguaios não formam bons técnicos, os italianos os exportam e têm Marcelo Lippi.
Caso fature o penta, a Azzurra fará pela segunda vez um técnico bicampeão mundial -só Vittorio Pozzo conseguiu isso, em 1934/1938.
Caso surpreenda e fature o título, o Paraguai será o primeiro país a vencer a Copa do Mundo com um estrangeiro no comando. É treinado pelo argentino Gerardo Martino.
Invicto em Mundiais e atual detentor da taça, Lippi é a grande estrela da seleção italiana, que vem sem Totti e Del Piero, com Pirlo contundido e Gattuso anunciando aposentadoria após a Copa.
Mais que ser parecido com o ator Paul Newman, Lippi é estrategista dos bons e sabe usar as peças que têm como poucos. Em 2006, utilizou 20 de seus 23 jogadores na campanha do tetra e variou quatro vezes a sua formação.
Lippi tem 62 anos e dará lugar após a Copa a Cesare Prandelli, 52, que fez um bom trabalho na Fiorentina.
Em 2014, no Brasil, a Itália deverá fazer sua 18ª participação em Copas e apenas uma vez em Mundiais teve um técnico "gringo". Lajos Czeizler, húngaro, dirigiu a Azzurra em 1954, ano em que a Hungria assombrava.
Hoje, a Itália é um dos países que mais exportam treinadores. A rica Inglaterra tem visto invasão de técnicos italianos e até conta com Fabio Capello na sua seleção.
Totalmente na contramão disso está o Paraguai. O país vai para a sua quarta Copa seguida com um chefe estrangeiro na comissão técnica. Em 1998, era brasileiro (Paulo César Carpegiani), em 2002, foi um italiano (Cesare Maldini), em 2006, chegou a vez de um uruguaio (Anibal Ruiz), e agora a escola argentina de técnicos imperou.
O Paraguai virou uma seleção de sucesso na América do Sul privilegiando a marca dos italianos: a defesa.
Uma obra de autoria de Gerardo Martino, que faz elogiado trabalho na seleção e concorria no cargo com os seus conterrâneos Nery Pumpido e Miguel Ángel Russo.
Assim, o duelo de hoje promete ser muito estudado, mais tático do que técnico. (ROBRIGO BUENO)


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