São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2000


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FUTEBOL
Autoridades portuguesas negam que o meia já seja "cidadão europeu"
Edu tenta agora validar o seu passaporte falsificado

MAÉRCIO SANTAMARINA
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Embaixada de Portugal em Brasília descartou qualquer possibilidade de o meia Edu, vendido pelo Corinthians ao Arsenal, da Inglaterra, ter conseguido passaporte português por meios legais.
O jogador foi impedido de entrar no Reino Unido, na madrugada de anteontem, ao apresentar um passaporte português falsificado. O documento foi apreendido pelas autoridades britânicas.
Para obter um passaporte legal, o processo, segundo Mário Miranda, conselheiro da embaixada portuguesa, demoraria de dois a quatro anos, porque Edu não tem pai ou mãe nascidos em Portugal, mas apenas um avô.
""Para requerer o passaporte, a pessoa precisa ter pai ou mãe já com cidadania portuguesa. Como ele não tem, demoraria de um a dois anos para o seu pai conseguir. Depois, o mesmo tempo para que o jogador conseguisse", afirmou Miranda.
A mesma informação foi obtida no consulado português em São Paulo, órgão que foi procurado ontem por Jean, irmão de Edu.
""Além disso, quem não nasceu em Portugal tem, obrigatoriamente, que dar entrada no requerimento em seu país de origem. Aqui no Brasil, posso garantir que em nenhum nos nove consulados portugueses existentes nem na Secção Consular da Embaixada de Portugal foi emitido passaporte em nome desse cidadão (Eduardo César Daud Gaspar)", declarou o conselheiro.
Jean afirmou que o empresário Juan Figer disse requereu o passaporte português diretamente em Lisboa. ""O Edu não sabia do trâmite nem foi atrás de nada. Apenas deu a documentação dele e do meu pai para o Figer providenciar o passaporte", disse Jean.
""Não há como requerer em Lisboa. Tem de ser no Brasil, e a fila é muito grande", disse Miranda.
Juan Figer, contrariando a embaixada, divulgou comunicado dizendo que ""o avô de Edu, Manoel Gaspar, cidadão português que vive no Brasil, possibilita a dupla cidadania do jogador".
""Meu avô está disposto a até ir para Portugal resolver a situação. Temos uma prima que já conseguiu a cidadania portuguesa. Acho que isso facilita as coisas", afirmou o irmão de Edu. O jogador só vai falar com a imprensa quando resolver o problema.
O comunicado de Figer diz que as autoridades britânicas requereram documento de autenticidade do passaporte português de Edu, que está sendo providenciado -Marcel Figer, filho do empresário, está em Portugal tentando resolver o problema do atleta.
A Folha apurou, porém, que tal requerimento não é pedido na Inglaterra e que o passaporte ficou retido por não ser autêntico.
""Jamais o Corinthians e a Figer Sports, ambos com história de seriedade e credibilidade reconhecidas, praticariam qualquer irregularidade do tipo que se insinua. A Figer e seus representantes estão acionando todos os meios para a efetivação da transferência, que não foi colocada em dúvida nem pelo Corinthians nem pelo Arsenal", afirma a nota.
O lateral-esquerdo Silvinho, que viajou com Edu para a Inglaterra, conseguiu jogar no Arsenal porque obteve cidadania portuguesa depois de seu pai, segundo informou sua mãe, Vilma.
""O avô do Silvinho é português, mas o pai dele teve que tirar a cidadania portuguesa também para ele jogar lá", disse a mãe dele.
Segundo a Embaixada de Portugal, é muito difícil acelerar o processo de obtenção de cidadania.
O governo brasileiro está acompanhando o assunto apenas pelos jornais, segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, uma vez que Edu não procurou o consulado nem a embaixada brasileira em Londres quando teve problema no aeroporto de Heathrow.
Como a questão envolve passaporte português, o Itamaraty acha que o problema é exclusivamente do Reino Unido com Portugal.


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