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FUTEBOL
Autoridades portuguesas negam que o meia já seja "cidadão europeu"
Edu tenta agora validar o seu passaporte falsificado
MAÉRCIO SANTAMARINA
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Embaixada de Portugal em
Brasília descartou qualquer possibilidade de o meia Edu, vendido
pelo Corinthians ao Arsenal, da
Inglaterra, ter conseguido passaporte português por meios legais.
O jogador foi impedido de entrar no Reino Unido, na madrugada de anteontem, ao apresentar
um passaporte português falsificado. O documento foi apreendido pelas autoridades britânicas.
Para obter um passaporte legal,
o processo, segundo Mário Miranda, conselheiro da embaixada
portuguesa, demoraria de dois a
quatro anos, porque Edu não tem
pai ou mãe nascidos em Portugal,
mas apenas um avô.
""Para requerer o passaporte, a
pessoa precisa ter pai ou mãe já
com cidadania portuguesa. Como
ele não tem, demoraria de um a
dois anos para o seu pai conseguir. Depois, o mesmo tempo para que o jogador conseguisse",
afirmou Miranda.
A mesma informação foi obtida
no consulado português em São
Paulo, órgão que foi procurado
ontem por Jean, irmão de Edu.
""Além disso, quem não nasceu
em Portugal tem, obrigatoriamente, que dar entrada no requerimento em seu país de origem.
Aqui no Brasil, posso garantir que
em nenhum nos nove consulados
portugueses existentes nem na
Secção Consular da Embaixada
de Portugal foi emitido passaporte em nome desse cidadão
(Eduardo César Daud Gaspar)",
declarou o conselheiro.
Jean afirmou que o empresário
Juan Figer disse requereu o passaporte português diretamente em
Lisboa. ""O Edu não sabia do trâmite nem foi atrás de nada. Apenas deu a documentação dele e do
meu pai para o Figer providenciar
o passaporte", disse Jean.
""Não há como requerer em Lisboa. Tem de ser no Brasil, e a fila é
muito grande", disse Miranda.
Juan Figer, contrariando a embaixada, divulgou comunicado
dizendo que ""o avô de Edu, Manoel Gaspar, cidadão português
que vive no Brasil, possibilita a
dupla cidadania do jogador".
""Meu avô está disposto a até ir
para Portugal resolver a situação.
Temos uma prima que já conseguiu a cidadania portuguesa.
Acho que isso facilita as coisas",
afirmou o irmão de Edu. O jogador só vai falar com a imprensa
quando resolver o problema.
O comunicado de Figer diz que
as autoridades britânicas requereram documento de autenticidade
do passaporte português de Edu,
que está sendo providenciado
-Marcel Figer, filho do empresário, está em Portugal tentando resolver o problema do atleta.
A Folha apurou, porém, que tal
requerimento não é pedido na Inglaterra e que o passaporte ficou
retido por não ser autêntico.
""Jamais o Corinthians e a Figer
Sports, ambos com história de seriedade e credibilidade reconhecidas, praticariam qualquer irregularidade do tipo que se insinua. A
Figer e seus representantes estão
acionando todos os meios para a
efetivação da transferência, que
não foi colocada em dúvida nem
pelo Corinthians nem pelo Arsenal", afirma a nota.
O lateral-esquerdo Silvinho,
que viajou com Edu para a Inglaterra, conseguiu jogar no Arsenal
porque obteve cidadania portuguesa depois de seu pai, segundo
informou sua mãe, Vilma.
""O avô do Silvinho é português,
mas o pai dele teve que tirar a cidadania portuguesa também para
ele jogar lá", disse a mãe dele.
Segundo a Embaixada de Portugal, é muito difícil acelerar o processo de obtenção de cidadania.
O governo brasileiro está acompanhando o assunto apenas pelos
jornais, segundo a assessoria de
imprensa do Itamaraty, uma vez
que Edu não procurou o consulado nem a embaixada brasileira
em Londres quando teve problema no aeroporto de Heathrow.
Como a questão envolve passaporte português, o Itamaraty acha
que o problema é exclusivamente
do Reino Unido com Portugal.
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