São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2000


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F-1
Piloto afirma que seguiu ordens da Ferrari nas últimas corridas pois é compreensível que Schumacher seja prioridade
Rubens Barrichello desabafa e diz que não é "cachorrinho"

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ZELTWEG

Na véspera de iniciar a segunda metade de sua temporada de estréia pela Ferrari, Rubens Barrichello, ontem, decidiu desabafar.
Em Zeltweg, circuito que recebe hoje o primeiro treino livre para o GP da Áustria, o brasileiro declarou que nunca se sentiu injustiçado pela escuderia italiana.
Barrichello voltou a afirmar que obedeceu ordens dos boxes de sua equipe nas duas últimas provas, mas emendou: "Não sou um cachorrinho, que anda com uma coleira e que é obrigado a fazer isso ou aquilo".
"Nesse momento, o jogo da escuderia é para o Michael Schumacher, o que é bastante compreensível", declarou Barrichello.
A postura do ferrarista se deve basicamente a dois motivos.
O primeiro foi seu período de descanso no Brasil, na semana passada, quando leu e ouviu algumas ressalvas ao seu desempenho nas últimas corridas.
O segundo, as críticas que a Ferrari vem recebendo de parte da imprensa italiana depois do abandono de Schumacher no GP da França, há duas semanas.
Some-se a isso a experiência de Barrichello após meia temporada na equipe e o resultado é um desabafo, discurso que destoa radicalmente com o apresentado pelo brasileiro nos últimos meses.
À época em que foi contratado pela equipe, em setembro do ano passado, chegou a declarar que correr pela Ferrari era ""a grande chance" de sua vida.
""Se guiando uma Ferrari, não ganhar uma corrida, não vou ganhar mais nada", disse na ocasião.
Na sua apresentação oficial, em dezembro, declarou que seria o piloto "1-B" do time.
E, às vésperas do GP Brasil, em março, afirmou que seu principal objetivo era disputar o título da temporada.
Hoje, após nove das 17 etapas do calendário, a situação é bem diferente para o brasileiro.
Barrichello é o único piloto das equipes de ponta que ainda não venceu e ocupa o quarto lugar na classificação, 24 pontos atrás do alemão Schumacher, líder.
Apesar disso, o piloto brasileiro nega estar enfrentando dificuldades na Ferrari.
Talvez fruto de outra de suas experiências na primeira metade do campeonato: a bronca que levou de Luca di Montezemolo, presidente ferrarista, após as críticas que fez ao time em Nurburgring, na Alemanha.
"Existem momentos muito duros na F-1, mas o momento que vivo agora não é difícil. Na França, por exemplo, a equipe não mandou eu ir para trás. Só me pediu para manter uma distância para o Schumacher", disse.
"É um jogo de equipe, normal a essa altura do campeonato", completou Barrichello.
Em Magny-Cours, ele manteve o segundo lugar no início da corrida. Em nenhum momento, porém, ameaçou o companheiro de equipe, na ponta.
"Não me senti injustiçado, como foi colocado (no Brasil). Nunca me senti injustiçado", declarou Barrichello, ontem.
"É essa minha paciência, é essa minha vontade que vai me trazer um dia uma vitória."
Em nove corridas pela Ferrari, o brasileiro conseguiu subir ao pódio cinco vezes -quatro delas nos últimos cinco GPs.
Em três oportunidades, ficou em segundo lugar: na Austrália, em Mônaco e no Canadá.
Já Schumacher foi seis vezes ao pódio na temporada. Foi o vencedor da corrida em cinco delas.
Apesar da boa fase do alemão, os italianos estão preocupados com a baixa resistência do F1-2000, o carro da equipe italiana.
Tanto Barrichello como Schumacher já abandonaram duas provas na temporada cada um devido a quebras mecânicas.
Para tentar solucionar o problema, a Ferrari fez testes específicos com o motor nos treinos da semana passada, em Mugello.
Schumacher e o piloto de testes, o italiano Luca Badoer, não tiveram nenhum problema grave, o que dá certo alívio para a equipe.
"Estou otimista para esta prova. O (Eddie) Irvine (piloto ferrarista em 1999) venceu aqui no ano passado e isso traz um clima bom para a equipe. Ajuda um pouco. Não estamos em baixa, como muita gente acha", disse Barrichello.


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