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F-1
Piloto afirma que seguiu ordens da Ferrari nas últimas corridas pois é compreensível que Schumacher seja prioridade
Rubens Barrichello desabafa e diz que não é "cachorrinho"
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ZELTWEG
Na véspera de iniciar a segunda
metade de sua temporada de estréia pela Ferrari, Rubens Barrichello, ontem, decidiu desabafar.
Em Zeltweg, circuito que recebe
hoje o primeiro treino livre para o
GP da Áustria, o brasileiro declarou que nunca se sentiu injustiçado pela escuderia italiana.
Barrichello voltou a afirmar que
obedeceu ordens dos boxes de
sua equipe nas duas últimas provas, mas emendou: "Não sou um
cachorrinho, que anda com uma
coleira e que é obrigado a fazer isso ou aquilo".
"Nesse momento, o jogo da escuderia é para o Michael Schumacher, o que é bastante compreensível", declarou Barrichello.
A postura do ferrarista se deve
basicamente a dois motivos.
O primeiro foi seu período de
descanso no Brasil, na semana
passada, quando leu e ouviu algumas ressalvas ao seu desempenho
nas últimas corridas.
O segundo, as críticas que a Ferrari vem recebendo de parte da
imprensa italiana depois do abandono de Schumacher no GP da
França, há duas semanas.
Some-se a isso a experiência de
Barrichello após meia temporada
na equipe e o resultado é um desabafo, discurso que destoa radicalmente com o apresentado pelo
brasileiro nos últimos meses.
À época em que foi contratado
pela equipe, em setembro do ano
passado, chegou a declarar que
correr pela Ferrari era ""a grande
chance" de sua vida.
""Se guiando uma Ferrari, não
ganhar uma corrida, não vou ganhar mais nada", disse na ocasião.
Na sua apresentação oficial, em
dezembro, declarou que seria o
piloto "1-B" do time.
E, às vésperas do GP Brasil, em
março, afirmou que seu principal
objetivo era disputar o título da
temporada.
Hoje, após nove das 17 etapas
do calendário, a situação é bem
diferente para o brasileiro.
Barrichello é o único piloto das
equipes de ponta que ainda não
venceu e ocupa o quarto lugar na
classificação, 24 pontos atrás do
alemão Schumacher, líder.
Apesar disso, o piloto brasileiro
nega estar enfrentando dificuldades na Ferrari.
Talvez fruto de outra de suas experiências na primeira metade do
campeonato: a bronca que levou
de Luca di Montezemolo, presidente ferrarista, após as críticas
que fez ao time em Nurburgring,
na Alemanha.
"Existem momentos muito duros na F-1, mas o momento que
vivo agora não é difícil. Na França, por exemplo, a equipe não
mandou eu ir para trás. Só me pediu para manter uma distância
para o Schumacher", disse.
"É um jogo de equipe, normal a
essa altura do campeonato", completou Barrichello.
Em Magny-Cours, ele manteve
o segundo lugar no início da corrida. Em nenhum momento, porém, ameaçou o companheiro de
equipe, na ponta.
"Não me senti injustiçado, como foi colocado (no Brasil). Nunca me senti injustiçado", declarou
Barrichello, ontem.
"É essa minha paciência, é essa
minha vontade que vai me trazer
um dia uma vitória."
Em nove corridas pela Ferrari, o
brasileiro conseguiu subir ao pódio cinco vezes -quatro delas
nos últimos cinco GPs.
Em três oportunidades, ficou
em segundo lugar: na Austrália,
em Mônaco e no Canadá.
Já Schumacher foi seis vezes ao
pódio na temporada. Foi o vencedor da corrida em cinco delas.
Apesar da boa fase do alemão,
os italianos estão preocupados
com a baixa resistência do F1-2000, o carro da equipe italiana.
Tanto Barrichello como Schumacher já abandonaram duas
provas na temporada cada um
devido a quebras mecânicas.
Para tentar solucionar o problema, a Ferrari fez testes específicos
com o motor nos treinos da semana passada, em Mugello.
Schumacher e o piloto de testes,
o italiano Luca Badoer, não tiveram nenhum problema grave, o
que dá certo alívio para a equipe.
"Estou otimista para esta prova.
O (Eddie) Irvine (piloto ferrarista
em 1999) venceu aqui no ano passado e isso traz um clima bom para a equipe. Ajuda um pouco. Não
estamos em baixa, como muita
gente acha", disse Barrichello.
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