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FUTEBOL
Nadson, ex-Vitória, rende US$ 15 mil ao time que
o revelou cada vez que balança as redes na Coréia do Sul
Clube baiano fatura
com gol de atacante
que exportou à Ásia
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à crise financeira dos
clubes nacionais, o Vitória achou
uma forma inovadora de lucrar.
Vendeu o atacante Nadson e seus
gols, literalmente, aos coreanos.
O contrato de transferência do
jogador, que foi destaque no futebol brasileiro em 2003, determina
que cada gol feito pelo atacante
renda US$ 15 mil ao time baiano.
A quantia pode até não parecer
muita coisa, mas os resultados
mostram que foi um bom negócio. No dia 13 de junho, Nadson
marcou três gols contra o Gwangju Sangmu. Em uma só partida da
K-League, a liga profissional sul-coreana, o Vitória faturou cerca
de R$ 135 mil -a média de arrecadação do clube com os jogos do
Brasileiro é de só R$ 88.047,86.
Apenas nos seis primeiros meses de Nadson no Samsung Blue
Wings na Coréia do Sul, o Vitória
abocanhou mais de US$ 200 mil
-o clube já havia ganho US$ 3
milhões na transação do jogador.
Nadson, que fez 14 gols em 15
jogos em 2003 na K-League, tem
direito a 10% do valor de seus
"gols vendidos". O negócio estimulou o atleta, que, além de ganhar por sua produtividade, contribui para o clube que o projetou.
"Não penso nisso [ele e o Vitória ganharem dinheiro com os
gols] antes ou durante os jogos
porque tenho que jogar com tranqüilidade. Mas, depois que os gols
acontecem, fico feliz por saber
que o clube que me revelou também foi beneficiado", afirmou
Nadson à Folha, por e-mail.
Neste ano, o atacante já marcou
sete gols -seis pela K-League e
um no "jogo das estrelas" da Coréia do Sul. Ele tem sido um dos
principais nomes do futebol sul-coreano e aproveita outros estímulos financeiros oferecidos pelos anfitriões da Copa passada.
Por ter sido eleito o melhor jogador da 11ª rodada da K-League,
por exemplo, ele recebeu uma
placa, dois pratos de prata ofertados pela diretoria da Samsung e
um prêmio de US$ 1.000 em dinheiro e material esportivo.
"Os diretores da Samsung ficam
muito felizes quando marco dois
ou três gols em um jogo, até porque isso é bom para o time. Por ter
feito três gols no Gwangju, recebi
várias homenagens do clube. O
pessoal na Coréia do Sul procura
valorizar muito o jogador, e essas
premiações são uma motivação
especial", afirmou Nadson.
O Samsung Blue Wings estabeleceu regra e limite para pagar ao
Vitória pelos gols de Nadson. Os
tentos devem acontecer em jogos
oficiais (amistosos e partidas de
exibição não contam) e, a princípio, o clube coreano pagará no
máximo US$ 500 mil pelos gols
-o Vitória já contabiliza US$ 300
mil com os gols desde a chegada
do atacante na Ásia, em 2003.
"Nunca ouvir falar de algo [contrato] parecido", disse Nadson.
De fato, o negócio feito entre o
Vitória e o time coreano é inusitado. Outras ações semelhantes já
aconteceram, mas com caráter
mais filantrópico que comercial.
O atacante alemão Oliver Bierhoff fez em 1998 uma doação de
US$ 23,4 mil a uma ONG baiana
que trabalha com crianças de rua
pelos três gols que fez no Mundial
daquele ano. Ele havia prometido
antes do torneio na França repassar US$ 7.800 à entidade a cada
gol que marcasse na disputa.
Curiosamente, o gol mais belo
de Nadson na Coréia saiu no "jogo das estrelas". Não teve preço.
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