São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2004

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FUTEBOL

Nadson, ex-Vitória, rende US$ 15 mil ao time que o revelou cada vez que balança as redes na Coréia do Sul

Clube baiano fatura com gol de atacante que exportou à Ásia

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à crise financeira dos clubes nacionais, o Vitória achou uma forma inovadora de lucrar. Vendeu o atacante Nadson e seus gols, literalmente, aos coreanos.
O contrato de transferência do jogador, que foi destaque no futebol brasileiro em 2003, determina que cada gol feito pelo atacante renda US$ 15 mil ao time baiano.
A quantia pode até não parecer muita coisa, mas os resultados mostram que foi um bom negócio. No dia 13 de junho, Nadson marcou três gols contra o Gwangju Sangmu. Em uma só partida da K-League, a liga profissional sul-coreana, o Vitória faturou cerca de R$ 135 mil -a média de arrecadação do clube com os jogos do Brasileiro é de só R$ 88.047,86.
Apenas nos seis primeiros meses de Nadson no Samsung Blue Wings na Coréia do Sul, o Vitória abocanhou mais de US$ 200 mil -o clube já havia ganho US$ 3 milhões na transação do jogador.
Nadson, que fez 14 gols em 15 jogos em 2003 na K-League, tem direito a 10% do valor de seus "gols vendidos". O negócio estimulou o atleta, que, além de ganhar por sua produtividade, contribui para o clube que o projetou.
"Não penso nisso [ele e o Vitória ganharem dinheiro com os gols] antes ou durante os jogos porque tenho que jogar com tranqüilidade. Mas, depois que os gols acontecem, fico feliz por saber que o clube que me revelou também foi beneficiado", afirmou Nadson à Folha, por e-mail.
Neste ano, o atacante já marcou sete gols -seis pela K-League e um no "jogo das estrelas" da Coréia do Sul. Ele tem sido um dos principais nomes do futebol sul-coreano e aproveita outros estímulos financeiros oferecidos pelos anfitriões da Copa passada.
Por ter sido eleito o melhor jogador da 11ª rodada da K-League, por exemplo, ele recebeu uma placa, dois pratos de prata ofertados pela diretoria da Samsung e um prêmio de US$ 1.000 em dinheiro e material esportivo.
"Os diretores da Samsung ficam muito felizes quando marco dois ou três gols em um jogo, até porque isso é bom para o time. Por ter feito três gols no Gwangju, recebi várias homenagens do clube. O pessoal na Coréia do Sul procura valorizar muito o jogador, e essas premiações são uma motivação especial", afirmou Nadson.
O Samsung Blue Wings estabeleceu regra e limite para pagar ao Vitória pelos gols de Nadson. Os tentos devem acontecer em jogos oficiais (amistosos e partidas de exibição não contam) e, a princípio, o clube coreano pagará no máximo US$ 500 mil pelos gols -o Vitória já contabiliza US$ 300 mil com os gols desde a chegada do atacante na Ásia, em 2003.
"Nunca ouvir falar de algo [contrato] parecido", disse Nadson.
De fato, o negócio feito entre o Vitória e o time coreano é inusitado. Outras ações semelhantes já aconteceram, mas com caráter mais filantrópico que comercial.
O atacante alemão Oliver Bierhoff fez em 1998 uma doação de US$ 23,4 mil a uma ONG baiana que trabalha com crianças de rua pelos três gols que fez no Mundial daquele ano. Ele havia prometido antes do torneio na França repassar US$ 7.800 à entidade a cada gol que marcasse na disputa.
Curiosamente, o gol mais belo de Nadson na Coréia saiu no "jogo das estrelas". Não teve preço.


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