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Lula vai ao Pan... Pan vaia Lula
Na cerimônia de abertura, no Maracanã, por seis vezes público apupa o presidente da República, que não faz a declaração inaugural dos jogos
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Vaiado seis vezes na cerimônia de abertura do Pan-Americano do Rio, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não
fez a declaração habitual de
abertura, como exigia o protocolo esportivo, tendo sido substituído no último momento pelo presidente do comitê organizador, Carlos Arthur Nuzman.
Segundo a Presidência da República e o comitê organizador
dos Jogos cariocas, "houve um
desentendimento" entre suas
equipes responsáveis pelo cerimonial da abertura do Pan.
O governo federal bancou R$
1,8 billhão dos R$ 3,7 bilhões
gastos na preparação dos Jogos, sendo que R$ 49,8 milhões
foram direcionados para festas
relativas ao evento esportivo.
A primeira vaia a Lula, vinda
de um público que pagou entre
R$ 20 e R$ 250 por cada ingresso, surgiu quando a imagem do
presidente apareceu nos dois
telões do estádio. Sua figura foi
rapidamente tirada, e então o
público aplaudiu. A organização ainda tentou novamente,
com uma imagem um pouco
mais distante, e veio a segunda
vaia. A terceira e quarta vaias
aconteceram durante anúncio
de sua presença no Maracanã
pelo sistema de som e em nova
imagem nos telões.
Outras duas vaias ocorreram
durante a menção ao nome de
Lula nos discursos de abertura
dos Jogos, feitos por Nuzman e
pelo presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), Mario Vásquez
Raña. Quando Nuzman mencionou o governador do Rio,
Sergio Cabral, houve aplausos
parciais. Quando citou o posto
do prefeito do Rio, Cesar Maia,
houve aplausos efusivos.
Segundo o relato de integrantes da comitiva presidencial, Lula havia desistido de fazer a declaração de abertura
dos jogos pouco antes do momento para o qual estava prevista. Nuzman, que é também
presidente do Comitê Olímpico
Brasileiro, então assumiu para
si o papel antes destinado ao
presidente da República e desceu da tribuna de honra do Maracanã para o gramado.
Cabral ainda insistiu para
que Lula fizesse a declaração de
abertura, e o presidente cedeu,
recuando de sua desistência.
Um microfone foi novamente colocado à sua disposição na
tribuna, e as câmeras do sistema oficial de televisão filmaram, esperando por sua fala, ao
lado de Cabral e de Maia.
Mas a informação de que o
presidente decidira falar aparentemente não chegou a Nuzman. "Em nome de todos, declaro abertos os Jogos Pan-Americanos Rio-2007. Boa sorte, Brasil!", declarou ele.
Na saída do Maracanã, Lula
não quis falar com repórteres.
Entrou rápido no carro. Sua
mulher, Marisa, acenou, mas
fez que não ouviu as perguntas.
O presidente estava acompanhado de seu vice, José Alencar, e de vários ministros, como
Dilma Rousseff (Casa Civil).
Também estavam presentes,
além de Cabral (PMDB) e de
Maia (DEM), o governador de
São Paulo, José Serra (PSDB), e
o prefeito da capital paulista,
Gilberto Kassab (DEM).
Apesar da segurança reforçada em toda a cidade, onde milhares de policiais patrulham as
ruas ostensivamente com fuzis,
Lula se deslocou só de helicóptero. Foi do aeroporto à Vila do
Pan (zona oeste), depois ao hotel (zona sul), ao Maracanã (zona norte) e voltou ao aeroporto.
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