São Paulo, sábado, 14 de julho de 2007

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Cama quebra na Vila e faz atletas dormirem no chão

"O estrado é muito vagabundo", diz o peso-pesado do judô João Gabriel Schlitter, que tem 108 kg e quebrou três deles

A ponteira Regiane, recém-convocada para a seleção de vôlei e que tem 74 kg, vivenciou o problema na sua primeira noite no alojamento


LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Em tese, a Vila Pan-Americana é um local para os atletas descansarem com conforto. Mas a premissa cai, no momento em que os estrados de algumas camas da vila não suportam o peso dos competidores e quebram, obrigando-os a dormir sobre colchões no chão. Se estraçalhar estrados fosse uma prova dos Jogos, provavelmente, João Gabriel Schlitter seria um medalhista de ouro. O peso-pesado do time nacional de judô já quebrou três camas. "Eu toco nas camas, e elas quebram", brinca o atleta de 22 anos, 108 kg e 1,98 m.
A primeira ele quebrou antes de completar meia hora no alojamento. "Estava no quarto fazia uns 20 minutos, fui me virar na cama, e o estrado quebrou." Ele está sozinho em um quarto com dois leitos. Havia outro vazio. "Fui sentar na cama e quebrei a segunda", diz Schlitter. O mais curioso é que o judoca não tem o perfil obeso da maioria dos atletas da modalidade que competem na classe sem limite de peso. A rigor, ele é um dos mais leves da sua categoria, que costuma ter competidores com mais de 130 kg.
Depois da segunda cama quebrada, Schlitter recorreu à cama de reserva, que fica no cômodo que será o quarto de empregada dos apartamentos. "A terceira quebrou ontem [anteontem]. Daí eu desisti." O carioca, que mora a 20 minutos de carro da vila, conta que já sente alguma saudade de sua cama e que a experiência de destruir estrados é nova. "Não sou de quebrar cama de hotéis, em alojamentos. O estrado é muito vagabundo mesmo."
Não é um caso único no judô. Luciano Corrêa, 24, do meio-pesado (até 100 kg), no mesmo apartamento, pôs o colchão no chão pela mesma causa. Luís Maurício Santos, 26, do pólo aquático, diz que já houve incidentes similares na sua equipe. "A cama é boa, mas o estrado é fraco. Se mexer muito, quebra mesmo", fala o goleiro (1,90 m e 92 kg). Ele ouviu que o pessoal de apoio prometeu reforçar alguns estrados.
A situação não é privilégio de homens. A ponteira Regiane, substituta de Jaqueline no vôlei, passou pelo problema. Sentou na cama, que rachou. Além do desconforto de dormir no chão, a jogadora de 1,90 m e 74 kg teve que suportar a gozação das colegas. Mas não perdeu o bom humor. "Minha noite não poderia ser melhor. Cheguei quebrando tudo."
Luis Iglesia, da seleção panamenha de beisebol é outro que dorme com colchão no chão. Ele diz que um de seus companheiros quase machucou o ombro quando o estrado quebrou. As queixas vão na contramão do que Carlos Arthur Nuzman, presidente do comitê organizador falou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ontem foi à vila. Após Lula elogiar a instalação, Nuzman respondeu a ele: "A opinião geral dos participantes e que já conheceram outras vilas olímpicas é que a do Rio 2007 se destaca por seu padrão de qualidade".


Com MARIANA LAJOLO, enviada especial ao Rio, e France Presse


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