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Luxemburgo tem contas bloqueadas
Treinador está há um ano e cinco meses sem movimentar dinheiro em banco para evitar penhora por decisão judicial
Apesar dos altos salários nos últimos anos, técnico ainda tem oito imóveis em São Paulo arrolados pela Justiça por causa de ações fiscais
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Técnico badalado, recordista
de títulos nacionais, ex-treinador da seleção brasileira e dos
galácticos do Real Madrid, Vanderlei Luxemburgo, 57, tem todas as contas bancárias no Brasil em seu nome bloqueadas.
Ainda sofre o arrolamento de
oito imóveis pela Justiça.
Tudo isso, efeito colateral de
seu trabalho no futebol: são decisões judiciais por dívidas acumuladas durante a carreira.
Demitido há 18 dias do Palmeiras, o técnico começou a dirigir grandes clubes brasileiros
em 1991, quando chegou ao Flamengo. Desde então, sempre
recebeu altos salários -nos últimos quatro anos e meio, pelo
menos R$ 500 mil por mês.
Mas Luxemburgo também
tem um histórico de débitos.
Já foi processado cinco vezes
pela Receita Federal e sofreu
ações de particulares cobrando
indenizações e supostos empréstimos não pagos.
Hoje, o caso que mais o complica é movido pelo ex-jogador
Edmundo. Em 1999, Luxemburgo deu dois cheques sem
fundo para o ex-atleta, no valor
total de R$ 400 mil. Naquela
época, o treinador dirigia a seleção, e o então atacante era
candidato a convocações.
Em 2006, o ex-palmeirense
entrou com processo para receber pelos cheques. Ganhou,
mas o treinador não pagou. Edmundo obteve, então, uma execução judicial contra ele.
A Folha obteve documentos
da ação que mostram que, em
fevereiro de 2008, a Justiça do
Rio de Janeiro decretou o bloqueio de todas as contas bancárias de Luxemburgo no Brasil.
Foram bloqueadas quatro
contas. Três deles estavam zeradas. Uma tinha cerca de R$
18 mil. O problema é que a dívida do treinador com o ex-jogador já chega a R$ 1,3 milhão por
conta dos juros e da correção
monetária sobre o valor.
Desde então, Luxemburgo
não movimenta contas pessoais. A pedido do treinador, o
Palmeiras pagava em cheques.
Ou seja, recebia mais de R$ 500
mil divididos em dois cheques.
"Entrei em fevereiro ou março e já funcionava assim. Era
um sistema que vinha sendo
feito. Ele pedia sempre em cheque", contou o diretor financeiro do Palmeiras, Fábio Raiola.
Diante do novo obstáculo, os
advogados de Edmundo tentaram obter penhora de bens.
Mas todos os imóveis do treinador procurados já estavam
arrolados por ações fiscais.
Levantamento da Folha em
São Paulo mostra que, desde
2002, seus oito imóveis no Estado só podem ser negociados
com comunicação ao fisco. Os
imóveis cariocas estão na mesma situação, segundo o processo movido por Edmundo.
O arrolamento dos imóveis é
fruto de ações e execuções fiscais da Receita em 1997, 2000 e
2001. Nesses dois últimos anos,
o treinador foi investigado pela
CPI do Futebol, no Senado.
O relatório final da comissão
concluiu que Luxemburgo tinha recebido R$ 18,8 milhões
de 1995 até 1999, mas só declarara R$ 8,5 milhões ao fisco. Na
época, passou por Corinthians,
Flamengo e seleção.
A CPI do Futebol recomendou ação da Receita sobre o
treinador. O fisco apurou que
ele devia entre R$ 5 milhões e
R$ 6 milhões, segundo advogados de Luxemburgo. Representantes do técnico dizem que
houve redução deste valor para
R$ 1 milhão após discussões
com a Receita -e há processos
administrativos em curso para
determinar o valor exato.
Há outra parte que foi renegociada com o fisco, que está
sendo paga de forma parcelada
pelo treinador, segundo informações constantes nas ações.
Devedor nesses processos,
Luxemburgo é credor de ao
menos R$ 1 milhão do Palmeiras, por obrigações contratuais
de sua última equipe.
Daria para quitar boa parte
de suas dívidas judiciais. Se ele
não decidir receber em cheque.
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