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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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Em queda, Argentina culpa crise

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o Brasil colhe medalhas de forma inédita, a Argentina, que no Pan de 99 só perdeu o quarto lugar no desempate, tem o pior desempenho em uma década.
Após 13 dos 17 dias da 14ª edição dos Jogos, os argentinos estão em sexto lugar no geral. Só quatro vezes, a última em 91, ficaram atrás de cinco nações em medalhas. Situação impensável para quem ganhou 25 ouros em Winnipeg.
A explicação dos dirigentes passa pela crise econômica que fez o PIB cair cerca de 11% no ano passado. Há quatro anos, vigorava a lei que determinava a paridade dólar-peso. Hoje, a moeda americana vale três pesos. A crise prejudicou o Orçamento do governo e afugentou os investidores privados. Sem dinheiro, os treinos e as viagens foram prejudicados.
Neste ano, o Orçamento do governo para a área foi de cerca de 24 milhões de pesos (R$ 25 milhões). Desse valor, 1,3 milhão de pesos (R$ 1,35 milhão) foi para a preparação final para o Pan.
O Orçamento do Ministério do Esporte no governo Lula para 2003 é 70% maior, de R$ 43,1 milhões. Fora o valor recebido pelo esporte de alto rendimento oriundo da Lei Piva: R$ 15,2 milhões só nos sete primeiros meses.
Antes da viagem da delegação argentina para Santo Domingo, o vice-presidente do país, Daniel Scioli, discursou para os atletas e afirmou que o objetivo era "marcar a decolagem definitiva do esporte nacional". Disse ainda que os resultados serviriam de "impulso a todos aqueles que estão iniciando nos clubes de bairro".
Sintomático, disse que esse propósito estava acima até das medalhas que fossem conquistadas.
Os dirigentes esperavam pior rendimento, mas estimavam chegar a 20 ouros e manter a quinta colocação. Com dez triunfos até ontem, o país deve chegar só a 15, em um cenário otimista.
Em Santo Domingo, os atletas não escondem a decepção. Na ginástica artística, por exemplo, o país ganhou um ouro, duas pratas e um bronze em Winnipeg, com quatro ginastas distintos. Neste Pan, oito países ganharam medalhas, e a Argentina não estava entre eles. O melhor posto individual foi um sétimo lugar.
Mesmo modalidades que eram tradicionalmente redutos argentinos não renderam conquistas. Em 99, o remo foi a modalidade que mais ouros garantiu ao país, sete. Agora, houve um único. No cômputo geral, os argentinos somaram só quatro medalhas, atrás até dos brasileiros, com seis -ante uma prata no Canadá.
Após tantos maus resultados, outras explicações são aventadas. O clima foi eleito o vilão pelos atletas, que não estariam acostumados ao calor e à umidade, que favoreceria países como o Brasil.

Igual no geral
Apesar da queda em Santo Domingo, a Argentina irá manter a quarta colocação no quadro histórico de medalhas, um posto à frente do Brasil. Estados Unidos, Cuba e Canadá ocupam as três primeiras posições.
Os argentinos iniciaram o Pan de Santo Domingo com 73 ouros (o primeiro critério de desempate) a mais que os rivais. No geral, eram 151 medalhas adicionais.
A vantagem foi construída graças, principalmente, ao desempenho nas duas edições em que foi sede, em Buenos Aires-51 e Mar del Plata-95. (PC E MSK)

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