|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em queda, Argentina culpa crise
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Brasil colhe medalhas de
forma inédita, a Argentina, que
no Pan de 99 só perdeu o quarto
lugar no desempate, tem o pior
desempenho em uma década.
Após 13 dos 17 dias da 14ª edição
dos Jogos, os argentinos estão em
sexto lugar no geral. Só quatro vezes, a última em 91, ficaram atrás
de cinco nações em medalhas. Situação impensável para quem ganhou 25 ouros em Winnipeg.
A explicação dos dirigentes passa pela crise econômica que fez o
PIB cair cerca de 11% no ano passado. Há quatro anos, vigorava a
lei que determinava a paridade
dólar-peso. Hoje, a moeda americana vale três pesos. A crise prejudicou o Orçamento do governo e
afugentou os investidores privados. Sem dinheiro, os treinos e as
viagens foram prejudicados.
Neste ano, o Orçamento do governo para a área foi de cerca de
24 milhões de pesos (R$ 25 milhões). Desse valor, 1,3 milhão de
pesos (R$ 1,35 milhão) foi para a
preparação final para o Pan.
O Orçamento do Ministério do
Esporte no governo Lula para
2003 é 70% maior, de R$ 43,1 milhões. Fora o valor recebido pelo
esporte de alto rendimento oriundo da Lei Piva: R$ 15,2 milhões só
nos sete primeiros meses.
Antes da viagem da delegação
argentina para Santo Domingo, o
vice-presidente do país, Daniel
Scioli, discursou para os atletas e
afirmou que o objetivo era "marcar a decolagem definitiva do esporte nacional". Disse ainda que
os resultados serviriam de "impulso a todos aqueles que estão
iniciando nos clubes de bairro".
Sintomático, disse que esse propósito estava acima até das medalhas que fossem conquistadas.
Os dirigentes esperavam pior
rendimento, mas estimavam chegar a 20 ouros e manter a quinta
colocação. Com dez triunfos até
ontem, o país deve chegar só a 15,
em um cenário otimista.
Em Santo Domingo, os atletas
não escondem a decepção. Na ginástica artística, por exemplo, o
país ganhou um ouro, duas pratas
e um bronze em Winnipeg, com
quatro ginastas distintos. Neste
Pan, oito países ganharam medalhas, e a Argentina não estava entre eles. O melhor posto individual foi um sétimo lugar.
Mesmo modalidades que eram
tradicionalmente redutos argentinos não renderam conquistas.
Em 99, o remo foi a modalidade
que mais ouros garantiu ao país,
sete. Agora, houve um único. No
cômputo geral, os argentinos somaram só quatro medalhas, atrás
até dos brasileiros, com seis -ante uma prata no Canadá.
Após tantos maus resultados,
outras explicações são aventadas.
O clima foi eleito o vilão pelos
atletas, que não estariam acostumados ao calor e à umidade, que
favoreceria países como o Brasil.
Igual no geral
Apesar da queda em Santo Domingo, a Argentina irá manter a
quarta colocação no quadro histórico de medalhas, um posto à
frente do Brasil. Estados Unidos,
Cuba e Canadá ocupam as três
primeiras posições.
Os argentinos iniciaram o Pan
de Santo Domingo com 73 ouros
(o primeiro critério de desempate) a mais que os rivais. No geral,
eram 151 medalhas adicionais.
A vantagem foi construída graças, principalmente, ao desempenho nas duas edições em que foi
sede, em Buenos Aires-51 e Mar
del Plata-95.
(PC E MSK)
Texto Anterior: Brasil caminha mais rápido que os rivais Próximo Texto: Memória: Vizinho constrói vantagem em Pans em casa Índice
|