São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

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FUTEBOL

Sem falar em revanche, Brasil pega algoz mudado

Time bate China, crava melhor campanha e encara agora Camarões

Brasileiros evitam palavra vingança contra africanos, que trocaram ataque por defesa após vencerem a seleção em Sydney-2000


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A QINHUANGDAO

A seleção brasileira terá no sábado a chance de vingar uma das mais doloridas derrotas do país no futebol.
Com a vitória sobre a China ontem, por 3 a 0, em Qinhuangdao, o time do técnico Dunga avançou como primeiro colocado de sua chave às quartas-de-final da Olimpíada, onde terá os Camarões pela frente. Chega à fase seguinte com 100% de aproveitamento, nenhum gol sofrido e o melhor ataque do torneio.
Enquanto isso, o time africano de hoje tem características bem diferentes daquele que eliminou o Brasil nos Jogos de Sydney, em 2000, na prorrogação e com dois jogadores a menos, por 2 a 1.
Na ocasião, a derrota, somada a escândalos extracampo, resultou na queda do treinador Vanderlei Luxemburgo.
Há oito anos, a equipe dos Camarões tinha como craque um atacante -Samuel Eto'o, do Barcelona. Hoje, o destaque é um zagueiro que vem jogando como volante: Song.
Reflexo disso são as campanhas do país nas duas Olimpíadas. Na Austrália, a equipe africana tinha um bom ataque, média de 1,83 gol por confronto. Em compensação, sua defesa se mostrava um tanto quanto vulnerável: sofreu 1,33 tento por partida.
Em Pequim, o time camaronês é fraco no ataque (só 0,67 gol por partida), mas forte na defesa (0,33). Nenhum dos 16 times nos Jogos fez duelos com tão poucos gols -três em três jogos. "Isso de que as seleções africanas jogam no ataque é pura balela", provoca o volante Anderson. "Camarões evoluiu muito taticamente", afirma outro volante, Lucas.
Os africanos tinham como uma das estrelas na Austrália o atacante Mboma, autor de um dos gols contra o Brasil. Ele tinha na época 29 anos. O time atual tem só um jogador acima de 23 anos. E ainda é um coadjuvante da equipe -o atacante Bebbe, 25.
Apesar do histórico de derrota para os africanos, a comissão técnica e os jogadores evitaram classificar a partida de sábado como uma revanche. "Cada competição é uma história. Não tem nada de revanche. É só uma segunda chance", diz o meia-atacante Ronaldinho, o único que também estava no Brasil batido pelos Camarões em 2000.
"Eu lembro também que ganhamos deles na Copa de 1994", diz Dunga, em referência aos 3 a 0 na campanha do tetracampenato, nos EUA. A seleção camaronesa venceu o Brasil (1 a 0) na Copa das Confederações de 2003.
Ontem, Brasil e China estavam cheios de desfalques -o Brasil o fez por opção, para poupar pendurados por cartões, e a China, por obrigação, pois tinha quatro suspensos.
Os anfitriões até pressionaram no início da partida, mas logo perderam a força e foram para o vestiário perdendo por 1 a 0, gol de Diego.
No intervalo, Dunga sacou Alexandre Pato, que perdera duas chances claras na primeira etapa. Ele preferiu ficar no vestiário sozinho a permanecer com os companheiros no banco na segunda etapa.
E, sem o atacante do Milan, mais uma vez o ataque brasileiro foi melhor, graças principalmente a Thiago Neves, do Fluminense, que marcou duas vezes -uma em cobrança de falta e outra chutando da entrada da área. Com isso, a seleção chegou a nove gols na competição olímpica, média de três por partida.

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faltas sofreu a seleção brasileira nos três jogos que fez até agora na Olimpíada. Nenhum dos 16 participantes do torneio apanhou tanto até agora. Dois atletas brasileiros dividem o primeiro lugar dos que mais sofreram infrações -o volante Hernanes e o meia Diego, cada um com sete


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