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Governo argentino desiste de estatizar o futebol na TV
Presidente Cristina Kirchner afirma que trabalhará para garantir transmissões do campeonato local em sinal aberto
Pressionado, Executivo aceita ser o mediador de acordo que garanta volta do torneio nacional, suspenso por dívidas dos clubes
Gustavo Castaing/‘Olé’
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Pichação, em Buenos Aires, favorável à compra dos direitos dos jogos de futebol pelo governo
ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
A iminente compra, pelo governo da Argentina, dos direitos de transmissão do futebol
pela TV provocou reação de lideranças de oposição à presidente Cristina Kirchner, questionando a conveniência de o
Estado assumir o compromisso
vultoso e não previsto.
A pressão deu resultado:
Cristina se reuniu ontem com o
principal dirigente da AFA (Associação do Futebol Argentino), Julio Grondona, e deixou
claro que não pretende estatizar as emissões televisivas.
Segundo Aníbal Fernández,
chefe de gabinete da Presidência, o Estado não gastará "um
único centavo" com a medida
-depreende-se daí que o governo federal pretende apenas
ser um mediador de um novo
contrato que leve o campeonato nacional à TV aberta.
A AFA avalia que o acordo
não pode ser inferior a 500 milhões de pesos (R$ 240 milhões) anuais, embora creia que
possa chegar a 600 milhões.
"O Estado não tem condições
de garantir a verba que promete", disse o senador oposicionista Juan Carlos Marino. Na
Câmara, o deputado Fernando
Iglesias ingressou com um pedido de informações para que o
Poder Executivo justificasse o
investimento bilionário.
Líder da Coalizão Cívica, Elisa Carrió considerou a intervenção um "escândalo moral".
Na terça, a AFA rompeu o
contrato que perdurava havia
18 anos com a TSC, sociedade
entre a empresa de marketing
esportivo Torneos y Competencias e o Grupo Clarín. No
período, as transmissões ficaram confinadas à TV paga.
É exatamente o mote do "futebol de graça, e para todos"
que fez o governo argentino
abraçar a causa dos clubes do
país, que há anos tentavam arrancar mais dinheiro da TV.
A dívida total dos clubes chega a 700 milhões de pesos (R$
335 milhões) -quase a metade
se refere a débitos com o fisco,
que poderiam ser anistiados.
Acredita-se que, no ato de assinatura do acordo, o governo
despenderá quase R$ 50 milhões, num socorro emergencial para que os clubes quitem
dívidas com atletas e o campeonato nacional possa começar.
Nesta temporada, a TSC (cujo contrato expirava em 2014 e
previa o pagamento de R$ 110
milhões anuais) ofereceu um
reajuste de 16%, considerado
insuficiente por Grondona.
Com a renegociação contratual, a AFA obteria incremento
de 120% em relação ao que recebia pelo acordo anterior.
No Brasil, um mercado consumidor bem maior que o argentino, os times de futebol da
Série A recebem, pelos direitos
de transmissão em TV aberta e
fechada, cerca de R$ 340 milhões anuais -considerado só o
valor da TV aberta, caso da Argentina, são R$ 200 milhões.
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