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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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Banquete indigesto marca festa

DA REPORTAGEM LOCAL E

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A delicada situação que o Grêmio vive no Campeonato Brasileiro afeta as comemorações do centenário. O presidente Flávio Obino, entretanto, se esforça para não deixar transparecer o abatimento.
Ao falar sobre a crise do futebol, atropela as próprias palavras. "O Grêmio se une nas dificuldades, teremos um grande banquete do centenário [amanhã]", diz.
Como se um encontro de comensais fosse resolver os problemas do clube, atolado em dívidas desde a falência da ISL. A malograda proposta de co-gestão da multinacional, revertida em 2001, deixou um rombo declarado de R$ 100 milhões nos cofres.
Enquanto isso, ex-ídolos do Grêmio mostram tanta preocupação com o atual momento do clube que vários deles simplesmente se recusaram a participar dos festejos pelos 100 anos.
"Fiquei com medo de acharem que eu estou me aproveitando da situação para aparecer", afirmou Renato Gaúcho, revelado no time e que, com gols decisivos, foi fundamental na conquista do Mundial e também da Libertadores.
Cuca, que marcou gols em todas as finais que disputou pelo clube, teve o mesmo temor de Renato e declinou o convite. Hugo de León, capitão em 1983, também não poderá comparecer.
Todos, sem exceção, temem pelo futuro do Grêmio. Seja do Uruguai, onde até bem pouco tempo De León trabalhava como técnico do Nacional, ou de Portugal -base de Luiz Felipe Scolari, treinador mais vitorioso da história.
"É uma situação estranha. O Grêmio não pode ficar na última colocação de um campeonato", afirma Scolari, que se declara torcedor da equipe "desde criança".
Fiel a seu estilo, o técnico pentacampeão do mundo faz um apelo à motivação para que a tragédia anunciada seja revertida a tempo.
"Os jogadores precisarão ter, nesses últimos jogos, a motivação que nunca tiveram antes."
De León acompanha angustiado às partidas. "Nem sei o que dizer, é preocupante", afirma.
Outro que não esconde seu sofrimento é o zagueiro Roger, 28, há uma década como titular.
"Quando jogamos e estou fora do time, não ouço e não vejo nada. Espero para saber o resultado depois, porque sofro muito. Dependendo dos foguetes que ouço em casa, sei se ganhamos". O que os foguetes dirão a Roger no final da temporada? (AD e LG)


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