São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006 |
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JOSÉ ROBERTO TORERO A vitória dos chatos
CACETE leitor, caceteada leitora, o futebol ficou chato. Chato, maçante e enfadonho. É
raro que se veja uma partida do Brasileiro com gosto. Às vezes há jogos
com muita luta, como o último São
Paulo x Corinthians, mas raras vezes você vê dois times jogando bem,
raras vezes você sente aquele prazer
estético de ver um jogo bem jogado.
É claro que um bom time tem que ser chato. Um time que não seja chato na marcação vai tomar gols e perder jogos. E o ataque só começa quando se recupera a bola. Mas pode-se ser chato com criatividade, pode-se ser chato, marcador, pegador e, ao mesmo tempo, mostrar inventividade, fome de gols e vontade de dar espetáculo. Porém não é isso que se vê. Nos últimos meses, só São Paulo e Internacional conseguiram ser chatos e criativos ao mesmo tempo. Os outros times, só muito de vez em quando, só num ou noutro momento de uma ou outra partida. Isso me dá a impressão de que chegamos ao fim da história do futebol, a um beco sem saída. Mas é claro que não se pode acreditar nisso, como também não se pode acreditar que chegamos ao fim da história econômica com o neoliberalismo. São apenas dois maus momentos. As pessoas devem ter sentido a mesma coisa na Idade Média e no começo dos anos 90. Que venha o Renascimento! Alívio Nelson Rodrigues confessou que, quando ele soube da morte de Guimarães Rosa, foi até a janela e respirou aliviado, pois agora já não havia mais no mundo aquele escritor tão gigantesco, tão insuperável. Deve ter acontecido a mesma coisa com os pilotos de F-1 quando ouviram Schumacher dizer que se aposentaria. Eles devem ter suspirado ao saber que o maior de todos está parando, ao saber que o sujeito que quebrou todos os recordes finalmente vai se aposentar. Eu, confesso, respirei aliviado. torero@uol.com.br Texto Anterior: Argentina: Riquelme resolve não jogar mais pela seleção Próximo Texto: Reforços brilham, e Corinthians bate o Vasco e avança Índice |
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