São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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PAULO VINICIUS COELHO

O campeão vende menos


O Clube dos 13 discute a inversão do calendário do futebol. O melhor argumento é o que defende o equilíbrio

HERNANES volta ao São Paulo hoje, contra o Flamengo. Apesar das inúmeras especulações, ele não entrou na lista dos 58 jogadores que começaram o Brasileirão e, negociados, não vão terminá-lo. O incrível número de transferências contrasta com exemplos como o da permanência de Hernanes, nas discussões no Clube dos 13 sobre a inversão do calendário do futebol brasileiro -o campeonato começaria em setembro e terminaria em maio.
"São discussões informais", conta o vice-presidente do Clube dos 13, Fernando Carvalho. "Eu já fui contra a mudança. Hoje, estou revisando minha posição", diz o dirigente.
Há gente como o diretor de futebol do Cruzeiro, Eduardo Maluf, que se inflama mais quando defende a inversão. Adaptar o calendário ao futebol europeu não acabaria com o êxodo, mas diminuiria sensivelmente o impacto das transferências no campeonato. Acabaria com os times duas caras, aqueles fracos no turno e fortes no returno, ou vice-versa. Neste ano, 58 atletas saíram durante o Brasileirão. No ano passado, foram 65, e a média, desde o início dos torneios de turno e returno, em 2003, nunca ficou abaixo de 60 transferências.
Os números mudam pouco e derrubam os argumentos dos que dizem que há mais clubes conseguindo segurar seus jogadores, do que havia no passado. Que o êxodo preocupará menos nos próximos anos.
Para quem concorda com essa idéia, apesar de ela ainda não se confirmar, outros argumentos entram em campo, para dizer que está bom como está. Um deles é que os jogos no verão, com temperaturas elevadas especialmente no Norte-Nordeste, não fariam bem ao campeonato. Vale sempre lembrar que os jogos já acontecem nessas condições durante os Estaduais e que há sempre a possibilidade de mudar os horários das partidas. Jogos domingo à noite não são inéditos na história do campeonato.
Há boas histórias entre os jogadores que resistiram ao êxodo e confirmaram a permanência até dezembro. Além de Hernanes, Thiago Silva ficou no Fluminense, porque recebe R$ 300 mil, um dos salários mais altos do país. O volante Cristian, do Flamengo, recusou o dobro de seu salário atual para atuar no Dínamo de Moscou, e Marquinhos Paraná, do Cruzeiro, disse não ao Shakhtar, da Ucrânia. Esses recusaram propostas que seus clubes já haviam aceitado. Disseram NÃO, quando seus dirigentes já haviam dito SIM.
Diferente é o caso de Nilmar, que se irritou por não ter sido vendido ao Palermo, da Itália, porque o contrato dava direito ao Inter de pagar 20% do valor do negócio e segurá-lo no Beira-Rio.
Caso raro. Nilmar e Hernanes ficaram, também, porque o mercado europeu não se aqueceu em 2008, como em outras temporadas recentes -e mesmo assim já saíram 58! De todos, o melhor argumento é pela mudança. Fala em acabar com o campeonato em que é campeão quem vende menos. Entre os candidatos ao título, o Cruzeiro vendeu seis jogadores, o São Paulo, cinco, o Flamengo perdeu oito, e o Palmeiras, três. O Botafogo cresceu no returno e só perdeu um jogador. O Grêmio, do técnico Celso Roth, perdeu três jogadores.

paulovinicius.coelho@uol.com.br


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