São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011

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Desnível

Mais organizado e rico, futebol brasileiro tenta ser superior à Argentina em campo também

MARTÍN FERNANDEZ
ENVIADO ESPECIAL A CÓRDOBA

As seleções locais de Brasil e Argentina fazem dois confrontos neste mês, o primeiro hoje, às 21h50, em Córdoba, e o segundo daqui a duas semanas, em Belém.
Para o futebol brasileiro, trata-se da oportunidade de provar que é tão superior ao país vizinho dentro do campo quanto já o é fora dele.
O Brasileiro é mais rico, mais organizado e mais visto que o Argentino. Assim, consegue reter seus talentos por mais tempo e repatriar astros quando ainda têm "vida útil".
Tanto que a seleção de Mano tem nomes badalados, como Ronaldinho e Neymar, titulares mesmo quando os "europeus" estão junto.
"Talvez alguns anos atrás a situação fosse diferente. Hoje, o nosso ataque inteiro joga no Brasil", disse o técnico. "Nossa economia mais forte faz com que os clubes cada vez melhorem mais." Dos últimos 20 finalistas da Libertadores, 11 eram times brasileiros e apenas quatro vinham da Argentina. A diferença técnica se dá como consequência da quantidade de dinheiro que o futebol brasileiro movimenta. No Brasil, os clubes não quiseram brigar com a CBF e a Globo e aboliram a negociação coletiva. Os principais times fecharam acordos individuais com a emissora. Movidos por suas torcidas, Flamengo e Corinthians levarão cerca de R$ 100 milhões por ano. Os valores caem para os outros clubes, mas nenhum grande receberá menos de R$ 40 milhões. Na Argentina, futebol na TV virou assunto do governo. Até 2009, o Grupo Clarín pagava R$ 100 milhões para exibir o Argentino. Há dois anos, a Casa Rosada gasta R$ 240 milhões por ano para transmitir o torneio na TV pública. Boca Juniors e River Plate ficam com a maior fatia -R$ 12 milhões cada um, menos do que alguns times da segunda divisão do Brasileiro.
Os outros grandes do país (Independiente, Racing, San Lorenzo e Vélez) embolsam pouco mais de R$ 9 milhões.
Os contratos de patrocínio também são muito mais vantajosos para os clubes brasileiros. O Corinthians fechará 2011 com cerca de R$ 45 milhões de arrecadação com publicidade em seu uniforme.
O valor é quase dez vezes mais do que Boca e River conseguem -cerca de R$ 5 milhões cada um. Somados, os dois gigantes argentinos têm a arrecadação de um clube médio do futebol brasileiro.
Ao mesmo tempo em que faturam, as equipes brasileiras também gastam mais.
Estima-se que a dívida dos times da primeira divisão argentina some R$ 450 milhões. Um estudo da consultoria BDO RCS mostra que os 20 principais clubes do Brasil devem R$ 3,59 bilhões.

Colaborou LUCAS FERRAZ, de Buenos Aires



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